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    Cassação

    Em greve de fome, Glauber Braga acampa na Câmara dos Deputados

    Acusado de agressão, parlamentar diz sofrer perseguição política

    Publicado 10/04/2025 às 17:15 | Autor: Agência Brasil
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    Segundo a assessoria, o objetivo da greve é denunciar a perseguição política contra o deputado
    Segundo a assessoria, o objetivo da greve é denunciar a perseguição política contra o deputado |  Foto: Divulgação / Agência Brasil / Lula Marques

    Em greve de fome, o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) acampou, na madrugada desta quinta-feira (10), no plenário 5 do Anexo 2 da Câmara dos Deputados, após o Conselho de Ética aprovar o parecer que pede a cassação do seu mandato por quebra de decoro parlamentar, com 13 votos contra 5.

    Acusado de agredir um militante de extrema-direita, Braga se diz vítima de perseguição política por denunciar o Orçamento secreto.

    Sem falar com a imprensa para poupar energia, o parlamentar segue no chão do plenário, acompanhado por assessores. Ele apenas acenou para reportagem da Agência Brasil e disse que “está tudo bem”.

    Ele está sem comer desde a noite da terça-feira (8) por não ter conseguido tomar café da manhã antes da sessão do Conselho de Ética em razão da ansiedade causada pela votação.

    Aspas da citação
    Estou há 30 horas e 30 minutos fazendo somente a ingestão de líquidos. Estou no mesmo plenário que votou a minha cassação no dia de ontem. Essa tática radical é fruto de uma decisão política: não serei derrotado por Arthur Lira e pelo Orçamento secreto. Vou às últimas consequências
    Glauber Braga Deputado federal
    Aspas da citação

    Em nota, a assessoria de imprensa do parlamentar disse que ele está recebendo acompanhamento médico, está com a pressão arterial normal e mantém 91,7 quilos. “Na manhã desta quinta-feira, o parlamentar ingeriu dois copos de isotônico, além de água”, informou a assessoria.

    Inicialmente, a deputada federal Luiza Erundina (PSOL-SP), de 90 anos, afirmou que se juntaria ao parlamentar na greve de fome, mas acabou convencida por colegas a desistir da greve e fazer a luta por outros meios.

    Perseguição política

    A assessoria de Glauber Braga explicou que o objetivo da greve de fome é denunciar a perseguição política contra o deputado, além de pressionar por um desfecho do caso. O deputado teme que a Câmara adie definitivamente o processo, que tem mais de um ano.

    Braga responde a uma representação apresentada pelo partido Novo, por ter agredido e expulsado da Câmara um militante do Movimento Brasil Livre (MBL), que insultou a mãe do parlamentar.

    Ele argumenta que a punição é desproporcional, se forem considerados outros casos de quebra de decoro na Câmara. O parlamentar alega que, na verdade, é vítima de perseguição política movida pelo ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) em parceria com o relator do processo, deputado Paulo Magalhães (PSD-BA).

    Segundo Braga, Lira teria “comprado” o parecer contra ele em troca de recursos do Orçamento secreto para o relator.

    O deputado do PSOL promete recorrer à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). Se a CCJ confirmar a votação do Conselho de Ética, o plenário da Casa ainda precisa se manifestar sobre o tema. Os partidos PT e PSOL anunciaram, nessa quarta-feira (9), obstrução dos trabalhos da Casa contra decisão do Conselho de Ética.

    O líder do PT na Câmara, deputado Lindbergh Farias (PT-RJ), defendeu que o colégio de líderes partidários discuta o tema e sustentou que a votação do Conselho foi um equívoco.

    Deputado Glauber Braga ajeita colchão onde dorme na Câmara
    Deputado Glauber Braga ajeita colchão onde dorme na Câmara |  Foto: Divulgação / Agência Brasil / Lula Marques

    “Nós estamos trazendo para o colo desta Casa uma crise de enormes proporções. Temos um deputado numa sala de comissão em greve de fome. Temos que falar com o presidente [da Câmara] Hugo Motta”, argumentou.

    Orçamento secreto

    Como deputado, Glauber Braga é um dos principais críticos do Orçamento secreto, nome dado à execução de recursos públicos por meio de emendas parlamentares sem identificação do autor da emenda e do destino do dinheiro.

    Esse mecanismo de gasto do dinheiro público foi questionado pelo PSOL no Supremo Tribunal Federal (STF), que exigiu mais transparência no gasto público, forçando o Congresso a alterar as regras para pagamento de emendas.

    Por meio de nota, o deputado Arthur Lira negou as acusações e lembrou que a acusação contra Glauber foi realizada pelo partido Novo, e não por ele ou pela sua legenda.

    Aspas da citação
    De minha parte, refuto veementemente mais essa acusação ilegítima por parte do deputado Glauber Braga e ressalto que qualquer insinuação da prática de irregularidades, descasada de elemento concreto de prova que a sustente, dará ensejo à adoção das medidas judiciais cabíveis
    Arthur Lira Deputado federal
    Aspas da citação

    A Agência Brasil procurou a assessoria do deputado Paulo Magalhães para comentar as acusações, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. O espaço segue aberto.

    Durante as sessões do Conselho de Ética, o deputado Magalhães não respondeu às acusações de Glauber. Segundo a assessoria de Magalhães, o relator se recusou a discutir com o acusado “porque essa foi a estratégia de defesa dele”.

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