Resort de Maricá começará a ser construído este ano

O Resort Maraey previsto para ser construído na Área de Preservação Ambiental (APA) da Lagoa do Zacarias, na Restinga de Maricá, anunciou que as intervenções devem começar até dezembro deste ano. A decisão ocorre após o Conselho Diretor (Condir) do Instituto Estadual do Ambiente (Inea) autorizar o início das obras. O projeto prevê a criação de 36 mil empregos na cidade e quatro hotéis cinco estrelas, além da regularização fundiária de Zacarias.

A primeira fase das obras tem como objetivo a urbanizar e pavimentar mais de 20km de estradas. O empreendimento vai sediar, também, uma universidade de hotelaria e alta gastronomia, de padrão internacional, para posicionar Maricá como polo de formação especializada na América Latina. Com capacidade para preparar 700 alunos, a Universidade de Hotel Management & Haute Cuisine terá 32 salas de aula, uma biblioteca com 750 metros quadrados, um auditório para 350 pessoas, três refeitórios, ginásio, além de 152 dormitórios para os estudantes.

Desenvolvimento

Para o município o empreendimento resultará na arrecadação em mais de R$7 bilhões em impostos durante a construção e consolidação de vendas, o que irá ocorrer em aproximadamente 14 anos. Além disto, ainda há a arrecadação anual de R$ 1 Bilhão na operação.

Apesar das vantagens, o empreendimento foi suspenso duas vezes por decisão do Supremo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, a primeira em 2019 e a segunda em abril de 2021, a ação ocorreu para manter a preservação no entorno da Área de Preservação Ambiental (APA) da Restinga de Maricá.

Presidente da Câmara Municipal de Maricá, Aldair de Linda (PT) comemorou a liberação do Inea e informou que o projeto significa desenvolvimeno, sustentabilidade, mercado de trabalho e profissionalização.

"Teremos um dos maiores complexos hoteleiros da América Latina. Além dos hotéis com mais de dois mil quartos, teremos um centro de pesquisa e uma universidade especializada em turismo"

Aldair de Linda, presidente da Câmar

Turismo

Em seu braço turístico, o empreendimento contará com quatro hotéis cinco estrelas, que receberão uma média de 300 mil turistas por ano: um eco-boutique resort, um resort temático de luxo (da marca Rock in Rio), um hotel desenhado para convenções à beira-mar, ao redor de um campo de golfe sustentável. 

O golfe não será o único esporte. O complexo contará, também, com uma hípica dentro dos padrões da Federação Equestre Internacional (FEI) e da Confederação Brasileira de Hipismo (CBH). Entre outras instalações, o centro terá pista coberta, pistas gramadas, trilhas de areia, clínica veterinária e escola equestre.

O projeto prevê ainda a criação de um centro esportivo. Serão oito quadras de tênis em saibro, grama e piso duro - o que o tornará o único no país a oferecer as três tipologias presentes nos grandes torneios internacionais. Parte da receita do centro esportivo será destinada a projetos sociais para impulsionar, através do esporte e da educação, ações sociais em municípios do entorno de Maricá.

O Maria Esther Bueno Tennis & Sports Club contará, também, com academia de ginástica, centro de fisioterapia, duas piscinas (uma delas semi-olímpica e coberta), campo de futebol, quadras de paddle e quadra poliesportiva.

Sustentabilidade

Além disso, o resort vai adotar diversas estratégias sustentáveis relacionadas ao reaproveitamento das águas, tratamento de esgoto e uso de fontes de energia renováveis, além de criar a segunda maior Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) de Restinga do Estado do Rio e a quinta maior do Brasil.

“A licença é uma etapa fundamental para o empreendimento. Já na primeira fase estamos contemplando, além da criação da RPPN, um centro de pesquisas ambientais.O Centro de Referência Ambiental (CRA) contará com apoio de instituições acadêmicas como UFRJ, UFF, UFRRJ, UFES e FURG. É importante destacar que Maricá tem um patrimônio ambiental belíssimo, com uma rara combinação de Mata Atlântica, lagoas e praias e um enorme potencial de desenvolvimento turístico ainda não explorado”

David Galipienzo, diretor-executivo de Maraey

Comunidade Zacarias

O grupo Maraey esclarece que as cerca de 200 famílias que vivem na comunidade de Zacarias serão beneficiadas pela regularização fundiária, com cessão de título de propriedade e entrega de escritura definitiva. A empresa incentivará a cultura e a pesca locaL com programas de recuperação da Lagoa de Maricá. Além de repovoamento de espécies nativas e resgate da memória familiar de Zacarias, com a criação da Casa do Pescador Artesanal.

O empreendimento também prevê a construção de novas moradias.

Para o presidente da Associação de Zacarias, Wasgton Candido, de 42 anos, o empreendimento é uma boa ação principalmente pela geração de empregos.

"Minha família tem 250 anos aqui, eu sou nascido e criado em Maricá, sou da época que nem tinha ponte, acho que esse empreendimento vai ser uma grande oportunidade, Maricá precisa crescer, e essa opinião não é só minha, é da maioria dos moradores aqui, a gente quer ver a cidade evoluir"

Criada em 1984, a Área de Preservação Ambiental (APA) de Maricá abrange parte da Restinga, Ponta do Fundão e toda a Ilha Cardosa.  A Restinga de Maricá é caracterizada por imensas dunas de areia e vegetação típica. À beira do oceano, entre Itaipuaçu e a Barra de Maricá, a restinga faz limite com São José do Imbassaí.  Por abrigar espécies únicas em sua fauna e flora, o local serve como objeto de estudo de biólogos, geógrafos, oceanógrafos e outros pesquisadores de importantes universidades, como UFRJ, UFF e UERJ.