Esportes
Entrevista exclusiva: Gérson relembra carreira e fala sobre projeto em Niterói
Campeão por onde passou, Gérson de Oliveira Nunes, mais conhecido como Gérson ''Canhotinha de Ouro'', recordou alguns momentos de sua carreira e falou sobre o carinho que tem por Niterói — cidade onde viveu por quase toda a vida e que tem 10 núcleos de seu projeto social.
O ex-atleta conta que cresceu em Icaraí, na Rua Mem de Sá. Ele brinca e diz que o Campo de São Bento e o Caio Martins eram o seu "fundo de quintal". Ainda menino, aos 16 anos, em 1957, Gérson começou jogando nas divisões de base do Canto do Rio, tradicional clube niteroiense.
Na época, era comum os times de juniores (atualmente chamados de Sub-20) abrirem as partidas para o confronto principal entre quaisquer duas equipes. Para abrir uma partida entre Canto do Rio e Flamengo pelo Campeonato Carioca de 1958, o ex-jogador estava defendendo as divisões de bases do time de Niterói contra o Rubro-Negro.
Ele explica que, ao fim da exibição, foi chamado por Modesto Bría, então treinador do time da Gávea. O técnico pediu para que ele aparecesse na sede do clube "na próxima terça-feira". Gérson foi ao compromisso e iniciou sua trajetória no futebol carioca ainda na base. No ano seguinte, em 1959, passou a integrar o elenco principal do Flamengo.
"Niterói para mim representa tudo. Tenho carinho e gratidão por essa cidade. Fiquei apenas dois anos afastado e já queria muito voltar".
Gérson 'Canhotinha de Ouro'
O ídolo do futebol nacional contou ao Enfoco que, devido ao 'apego' que tem pelo município, o escolheu para ter 10 núcleos de seu projeto social, que prioriza a educação e o incentivo ao esporte.
"Este é um projeto que coloca meninos e meninas de até 14 anos para jogar futebol. Nós damos espaço para jogar bola, boa alimentação e só exigimos uma coisa: que a criança estude. Só não pode deixar de estudar. Este é um projeto social antes de esportivo".
Gérson de Oliveira Nunes
Recentemente, o Projeto Gérson foi representado na final do Campeonato Brasileiro feminino, entre Corinthians e Palmeiras. Isto porque a goleira palmeirense, Jully, começou a treinar nas escolinhas do projeto.
Herói de três camisas no Rio
Pelo Rubro-Negro, Gérson conquistou o torneio Rio-São Paulo de 1961 e o Campeonato Carioca de 1963, ano em que deixou o clube para defender as cores do Botafogo, time pelo qual foi mais vitorioso. No Alvinegro, foi campeão da Taça Guanabara em 1967 e 1968 e campeão do Carioca dos mesmos anos. Além disso, saiu vencedor do torneio Rio-São Paulo em 1964 e 1966. Por fim, levou o título da Taça Brasil de 1968, que anos mais tarde foi homologada e considerada o primeiro título brasileiro do clube.
Em 1972 foi para o Fluminense, realizando o sonho de defender seu clube do coração. Em 1973, foi campeão carioca pelo terceiro time diferente e se aposentou no ano seguinte. Sobre suas passagens por clubes do Rio, ele explica que tem carinho igual por todos:
"Apesar de ser Tricolor de coração, os três times são importantes para mim e fazem parte da minha vida. Até o Canto do Rio eu boto na mesma posição que esses. Não consigo escolher".
Gérson de Oliveira Nunes
Entre sua saída do Botafogo e sua chegada no time das Laranjeiras, Gérson defendeu outro tricolor - o São Paulo Futebol Clube. Pela equipe paulista, foram apenas dois anos de contrato. Mas o ex-jogador soube aproveitar seu pouco tempo no Morumbi e se sagrou bicampeão paulista em 1970 e 1971.
Para a surpresa de muitos, Gérson conta também que viveu em Niterói mesmo quando atuava nos grandes clubes do Rio. Ele diz que o único momento de sua vida em que viveu longe de sua cidade natal foi quando jogou em São Paulo, mas que estava "doido para voltar para casa" e não tinha se adaptado ao clima da capital paulista.
Seleção Brasileira
Em 1961, no seu terceiro ano como profissional, Gérson foi convocado para a Seleção pela primeira vez. O 'Canhotinha', no entanto, não foi convocado para a Copa de 1962, vencida pelo Brasil. Nove anos depois de sua primeira convocação, o ex-jogador venceu a Copa do Mundo de 1970. O niteroiense afirma, categoricamente, que este é o "maior título" de sua carreira.
Depois de sua aposentadoria, Gérson se tornou comentarista esportivo da Rádio Globo nos anos 90. Na rádio, o ex-jogador fez uma dupla histórica com o narrador José Carlos Araújo, o "Garotinho".
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