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    Política

    Serafini e Juliana Benício batem boca sobre falta de oxigênio em Manaus

    Publicado 15/01/2021 às 17:35 | Autor: Ezequiel Manhães
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    |  Foto: ‘Bate-boca’ foi protagonizado por Flavio Serafini e Juliana Benicio nas redes sociais. Fotos: Pedro Conforte
    'Bate-boca' foi protagonizado por Flavio Serafini e Juliana Benicio nas redes sociais. Fotos: Pedro Conforte

    O deputado estadual Flavio Serafini (Psol) e a gestora educacional Juliana Benicio (NOVO), que disputaram à Prefeitura de Niterói pelas últimas eleições municipais, chamaram atenção pelo 'bate-boca' nas redes sociais, na manhã desta sexta-feira (15), com a repercussão sobre a apreensão de 33 cilindros de oxigênio no Amazonas — que estavam sendo escondidos por funcionários de uma empresa privada.

    Uma denúncia anônima levou à Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM) a apreender um caminhão com cilindros de oxigênio nesta quinta-feira (14), no bairro Alvorada, Zona Centro-Oeste de Manaus. Um homem de 38 anos foi detido e vai responder por reter produtos para o fim de especulação e ficará à disposição da Justiça.

    Serafini criticou o fato de que os produtos acabariam sendo vendidos mais caros diante à urgência que a região está vivendo.

    "Isso se chama capitalismo. E ele é responsável por desumanizar as pessoas"

    Mas Juliana saiu em defesa da empresa privada e responsabilizou o Estado do Amazonas. A gestora educacional, que é mestre em Economia e alinhada às ideias do liberalismo econômico, destacou que a situação vivida em Manaus é 'chacina do Estado'.

    "Agora a culpada é a empresa privada? Não é o poder público desorganizado e incompetente? Você acha que soluciona algo assim? Mantendo o discurso anticapitalista até quando indivíduos são negligenciados pelo poder público. Chacina do Estado, é isso que estamos vendo"

    O sociólogo respondeu: "Sim Juliana, a empresa literalmente escondeu oxigênio enquanto tem gente morrendo asfixiada! Pra vender mais caro e lucrar mais! Isso não te parece grave e desumano? E a culpa é minha (ou de qualquer outra pessoa)?".

    Ao final, Juliana defendeu que a empresa deve ser punida, mas que 'cansa' o 'discurso anticapitalista compulsivo'.

    "Arrumar qualquer outro culpado pelo massacre em Manaus, que não seja o governo é politicagem barata. O leito público não era assistido com O2, essa é a origem do problema", finalizou Juliana.

    Cilindros escondidos

    O secretário de Segurança, coronel Louismar Bonates, esteve no local da denúncia e encontrou o caminhão, distante da empresa, com os cilindros que estavam sendo distribuídos aos poucos pela empresa. O fato ocorreu nas proximidades do Sesc Amazonas. Foram encontrados no caminhão 33 cilindros, dos quais 26 possuíam oxigênio. As informações foram confirmadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-AM).

    Segundo a pasta, a ação policial envolveu a Polícia Militar e a Polícia Civil do Amazonas. Conforme o delegado Bruno Fraga, diretor do Departamento de Polícia do Interior (DPI), durante o interrogatório o homem informou que possui uma empresa de comercialização de cilindros de oxigênio, porém ficou com medo de que a população invadisse o estabelecimento em busca do material, e decidiu tirá-lo do local.

    “Ele informou também que os cilindros haviam sido envasados na quarta-feira (13). Os materiais apreendidos foram encaminhados para unidades hospitalares de Manaus”, informou o secretário.

    Policiais civis fizeram a escolta do material para abastecimento em quatro unidades de saúde da rede estadual, na noite de hoje. Para o Hospital Beneficente Português, foram destinados 11 cilindros. Seis foram para a Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), seis para o SPA do São Raimundo e três para o SPA do Coroado.

    Plano para oxigênio

    A Justiça Federal do Amazonas deu prazo de 24 horas para que a União e o estado do Amazonas apresentem um plano urgente para resolver o desabastecimento de oxigênio na rede de saúde, de modo a “garantir o direito fundamental  à vida durante a pandemia.”

    Enquanto isso, a juíza Jaiza Maria Pinto Fraxe, da 1ª Vara Federal Cível do Amazonas, determinou que o governo federal é responsável pela transferência imediata para outras unidades da federação de pacientes da rede pública “que por ventura estejam na iminência de perder a vida em razão do desabastecimento do insumo oxigênio.”

    A juíza ordenou que fique no estado apenas o número de pacientes que possam ainda ser atendidos com as reservas ainda existentes.

    “Fica expressamente esclarecido que qualquer ação ou omissão criminosa de servidores públicos ou agentes políticos, proprietários ou acionistas de empresas fornecedoras de insumos (oxigênio) e que resulte em óbito levará à imediata apuração e responsabilização dos culpados, sujeitos ativos de ilícitos, sem prejuízo das ações de improbidade”, afirmou a magistrada.

    Além do planejamento, a juíza determinou que a União e o governo estadual informem se localizaram cilindros de oxigênio em outros estados e que requisitem, transportem e instalem de imediato o material.

    O despacho da magistrada, assinado na noite de quinta-feira (15), foi proferido em uma ação aberta pelo Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Estado do Amazonas (MP-AM) e Defensoria Pública da União (DPU), Defensoria Pública do Estado do Amazonas e Tribunal de Contas do Estado do Amazonas.

    Os órgãos pedem uma liminar urgente para obrigar os governos federal e estadual a agirem para resolver a situação de desabastecimento de oxigênio. Entre as medidas, além da requisição de oxigênio na indústria e em unidades de saúde de outros estados, a peça inicial pede também que a Força Nacional seja mobilizada.

    Nesta sexta-feira (15), a Força Aérea Brasileira começou a transferir 235 pacientes de Manaus para hospitais de outras 8 unidades da federação: Ceará, Distrito Federal, Goiás, Maranhão, Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco. Segundo o Ministério da Defesa, desde o início da semana a FAB tem levado cilindros e tanques de oxigênio para o Amazonas. 

    As transferências de pacientes estão sendo realizadas em meio à sobrecarga do sistema de saúde no Amazonas, em decorrência do avanço dos números da pandemia de covid-19 no estado.

    Segundo boletim divulgado na noite de quinta (14) pela Fundação de Vigilância Sanitária do Amazonas (FVS-AM), foram registrados 3.816 novos casos de contágio e 51 mortes nas últimas 24h no Amazonas. Desde o início da pandemia, são 223.360 casos e 5.930 mortes.

    Com Agência Brasil

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