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    Intolerância

    Viúva de homem confundido com criminoso em SG denuncia novo crime

    Segundo Luziane, vizinhos a discriminam pela sua religião

    Publicado 18/09/2024 às 18:10 | Atualizado em 20/09/2024 às 18:33 | Autor: Lucas Luciano
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    De acordo com Luziane, ela também teria sofrido uma tentativa de atroplemaneto
    De acordo com Luziane, ela também teria sofrido uma tentativa de atroplemaneto |  Foto: Arquivo Pessoal

    Luziane Teófilo, de 37 anos, moradora do condomínio Recanto dos Ipês, no Colubandê, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, denuncia estar sofrendo intolerância religiosa após enfrentar uma série de abusos por parte de vizinhos. Ela é viúva de Durval Teófilo, assassinado a tiros por um morador do mesmo condomínio em 2022, após ser confundido com um bandido.

    Meses depois do crime, Luziane, que é umbandista, havia deixado o local onde morava com a família desde 2012. No entanto, no ano passado, decidiu retornar ao condomínio com sua filha de 9 anos e sua mãe de 56, na tentativa de reconstruir sua vida — um esforço que, segundo ela, não foi bem-sucedido.

    “Quando voltei, decidi realizar uma limpeza espiritual com um pai de santo na minha casa porque queria proteger minha família e criar um ambiente seguro para nós. No entanto, essa prática não foi bem recebida por algumas vizinhas, que reagiram com hostilidade. Logo começaram os insultos”, contou ela ao ENFOCO.

    Luziane relata que as vizinhas começaram a debochar de sua religião e das práticas que adotava, incluindo objetos e até as roupas do pai de santo. Elas chegaram ao ponto de denunciá-la à síndica do condomínio, alegando que Luziane estava fazendo despacho na porta de casa. 

    "Sinto-me completamente sozinha no condomínio, sem apoio de ninguém"

    Após os insultos e agressões verbais, Luziane registrou um boletim de ocorrência na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) em 13 de junho deste ano, acusando as três vizinhas de racismo religioso.

    E, três dias depois, formalizou outra queixa na 74ª DP (Alcântara), desta vez contra a síndica do condomínio por ameaça e uma vizinha por perturbação da tranquilidade, uma vez que elas costumavam se aglomerar em frente à sua casa, causando tumulto.

    “Minhas vizinhas começaram a bater no muro e não me deixavam dormir. Tive que mudar minha filha de quarto para tentar ter um pouco de paz. A síndica também passou a debochar de mim e a fazer insultos. Por isso, fiz outra denúncia. Sinto-me completamente sozinha no condomínio, sem apoio de ninguém", desabafou.

    A situação se agravou no dia 12 de agosto, quando Luziane e sua filha quase foram atropeladas por uma vizinha enquanto aguardavam na frente do condomínio — a mesma que havia feito os insultos. Com o receio de que as agressões se intensificassem, ela registrou o quarto boletim de ocorrência, agora por tentativa de lesão corporal.

    Luziane tem buscado respostas das autoridades sobre as investigações em andamento e se sente desamparada, temendo pela segurança dela e de sua família. Ela destaca que as agressões têm se intensificado e deseja que medidas sejam tomadas para evitar que algo pior aconteça.

    Aspas da citação
    Eu só quero paz. O que mais desejo é que essas agressões parem, pois só quero descansar na minha própria casa. Estou com muito medo de que algo pior aconteça, e isso não é justo. Minha família e eu merecemos viver em segurança.
    Luziane Teófilo viúva de Durval
    Aspas da citação

    O que diz a Polícia

    Procurada, a Polícia Civil informou que "as investigações estão em andamento na Delegacia de Combate aos Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), onde "agentes realizam diligências para ouvir todos os envolvidos, a fim de apurar os fatos".

    Em relação aos registros feitos na 74ª DP (Alcântara), "um deles trata-se de ameaça e perturbação da tranquilidade e foi encaminhado ao Juizado Especial Criminal (Jecrim)", completou a Polícia em nota. 

    Sobre a tentativa de atropelamento, a Polícia Civil disse apenas que "o caso está em andamento".

    Marido confundido com bandido

    Durval morreu ao ser baleado por um morador do mesmo condomínio, um militar da Marinha
    Durval morreu ao ser baleado por um morador do mesmo condomínio, um militar da Marinha |  Foto: Reprodução

    Durval Teófilo Filho, de 38 anos, foi baleado por Aurélio Alves Bezerra quando chegava em casa, no dia 2 de fevereiro de 2022. O sargento chegou a socorrer Durval, e foi preso em flagrante. O crime foi na Rua Capitão Juvenal Figueiredo, no Colubandê, São Gonçalo, por volta das 23h.

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