Investigação
Saída de evento no Rio vira caso de polícia; 'racismo', aponta jovem
Amigos dizem que foram obrigados a desbloquear celulares
Rio de Janeiro - Três jovens acusam os seguranças de um espaço cultural no Rio de impedir a saída deles de uma festa. Situação teria ocorrido no último dia 23, no NAU Cidades, no Santo Cristo. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) instaurou inquérito para apurar o caso.
A denúncia aponta que os seguranças do espaço queriam obrigar que eles desbloqueassem seus celulares para provar que não eram roubados.
Foi no 'Baile Urucum', por volta das 23h30, assim que o grupo decidiu sair da festa por conta do alto preço das bebidas no evento, conforme relataram na delegacia.
O gerente de projetos internacionais, Alayê Imirá de Brito, 29, estava na companhia de duas amigas. Ele trata a situação como racismo.
O Núcleo de Ativação Urbana (NAU), responsável pelo local onde aconteceu o baile, confirmou a prática de pedir que clientes desbloqueiem celulares para que possam deixar os locais de evento. A estratégia, segundo o espaço, tem como objetivo inibir crimes dentro dos espaços culturais.
O NAU confirmou ter conhecimento da denúncia do último dia 23, por meio de comunicado.
"Descontente com o processo, equivocadamente interpretado como discriminatório, um grupo de amigos decidiu sair do evento com a Polícia Militar e ir até a delegacia mais próxima para averiguação dos fatos, acompanhados também da coordenadora de segurança do NAU Cidades e de um produtor do evento", esclarece.
O espaço disse, ainda, que ao longo dos últimos anos, os frequentadores de eventos têm sido alvos de ação de roubo e furto em todo o Brasil.
"Conforme constatado por investigação de órgãos de segurança, as ações se tratam de uma atuação de quadrilhas em território nacional. Com o objetivo de inibir esses crimes dentro dos espaços culturais, muitas produções decidiram implementar a solicitação de revista na saída dos eventos. A solução foi amplamente elogiada por frequentadores, visto que foi constatada uma diminuição considerável do número de extravios de bens", continua.
Ainda em nota, o NAU diz que solicitou desde o início do evento a fiscalização e sugestão de desbloqueio de celulares pelo público do evento, "como de praxe, sem distinção", acrescenta o espaço.
Alayê contou ao G1 que a abordagem foi preconceituosa.
"Antes estavam apontando dedos, era agressão verbal contra as garotas. Um absurdo. A abordagem foi muito preconceituosa. Quando outra pessoa passava e aceitava desbloquear o telefone, os seguranças olhavam para a gente rindo e falavam que a gente só sairia com a polícia".
O NAU, portanto, afirma ser plural e diz que atitudes preconceituosas não têm espaço nos eventos promovidos pela casa.
"Entendemos que todo o contexto histórico e estrutural do país tenha provocado sentimentos desagradáveis em algumas pessoas e lamentamos profundamente que a ação, realizada com todos os frequentadores, objetivando promover a segurança do nosso público, tenha sido interpretada como um ato racista. Somos plurais, diversos e atitudes preconceituosas e criminosas não têm e nunca terão espaço em nenhum dos eventos que promovemos".
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