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    Até quando?

    Rio teve 1 mil vítimas de bala perdida em seis anos, diz Instituto

    Dados são relativos à Região Metropolitana e Baixada Fluminense

    Publicado 10/01/2023 às 18:23 | Atualizado em 11/01/2023 às 8:31 | Autor: Gabriel Villa Nova
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    Tiroteios são constantes nas comunidades do Rio
    Tiroteios são constantes nas comunidades do Rio |  Foto: Arquivo Enfoco

    Kathlen de Oliveira Romeu, de 24 anos, e de Antônio Carlos Rosário, de 57, morreram na cidade do Rio em decorrência de balas perdidas. Ao contrário de serem casos isolados, as duas vítimas fazem de uma trágica estatística. Em pouco mais de seis anos, de julho de 2016 a novembro de 2022, mil pessoas foram vítimas de balas perdidas, entre mortas e feridas, na Região Metropolitana do Rio e na Baixada Fluminense, segundo dados divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado.  

    Kathlen foi vítima de uma bala perdida durante um tiroteio, em junho de 2021, entre policiais e traficantes na comunidade do Lins de Vasconcelos, Zona Norte do Rio. Na ocasião, ela estava grávida e levou um tiro na cabeça e não resistiu aos ferimentos.

    Kathlen de Oliveira Romeu tinha 24 anos e estava grávida quando foi atingida por uma bala perdida
    Kathlen de Oliveira Romeu tinha 24 anos e estava grávida quando foi atingida por uma bala perdida |  Foto: Rede social

    Já Antônio Carlos foi baleado após ser atingido por uma bala perdida no bairro Engenheiro Leal, que fica também na Zona Norte carioca. O homem, que trabalhava com refrigeração, estava passeando com o seu cachorro na Rua Américo Vespúcio, foi quando começou uma operação na Serrinha, em Madureira, e ele acabou sendo baleado. Ele chegou a ser levado para o hospital, mas não resistiu. 

    A dona de casa e esposa da vítima, Márcia Cristina, relatou sua tristeza para o ENFOCO  à época do crime. "Ele tinha costume de passear com o cachorro todos os dias. Eu fico olhando para o lugar que ele foi baleado e começo a chorar porque lembro de toda a cena. Sinto muitas saudades dele".

    Antônio Carlos tinha o costume de passear com seu cachorro na rua
    Antônio Carlos tinha o costume de passear com seu cachorro na rua |  Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal

    Entre as vítimas, 229 morreram e 771 ficaram feridas. No ano passado, 20 pessoas morreram e 62 ficaram feridas, foi quando atingiu o marco das 1.000 vítimas. Já o maior registro foi em 2018, quando 252 pessoas foram vítimas de balas perdidas, sendo 47 mortes e 205 feridos. Vale lembrar que na época o Rio vivia o período de Intervenção Federal, que durou cerca de 10 meses.

    A diretora de Dados e Transparência do Instituto Fogo Cruzado, Maria Isabel Couto, destacou o elevado número de vítimas durante ações policiais: desse número total, 624 foram atingidos na presença policial, visto que 162 vítimas não resistiram e morreram.

    “As ações e operações obedecem a uma lógica de conflito. As polícias não estão preparadas para evitar conflitos e isso se reflete no número elevado de vítimas de balas perdidas. Foram nove meses sem um plano de redução da letalidade policial desde que o STF determinou a elaboração de um projeto que visasse a redução de mortes pelos agentes do Estado. Esse é um passo importante para que a população do Rio de Janeiro deixe de viver à mercê de tiroteios que trazem traumas e afetam a rotina”, avaliou Maria Isabel. 

    Por faixa etária

    Os adultos entre 18 e 59 anos, que transitam diariamente pelas cidades, são os mais afetados e representaram 688 baleados entre as 1.000 vítimas, sendo que 137 vieram a óbito e 551 ficaram feridos. Já a população idosa, com idade a partir de 60 anos, representou 119 das vítimas de balas perdidas, com 77 mortes.

    A violência armada prejudica também as crianças, adolescentes e profissionais do ensino na região. Isso porque, quando acontecem os tiroteios, aulas precisam ser canceladas e o ano letivo é prejudicado. Em pouco mais de seis anos, 16 pessoas foram vítimas de balas perdidas dentro das unidades de ensino, sendo que uma morreu e outras 15 ficaram feridas.

    Entrada do Morro do Estado, em Niterói
    Entrada do Morro do Estado, em Niterói |  Foto: Marcelo Eugênio

    Isso representa a população com idade inferior a 18 anos. Nessa faixa etária, 87 crianças e 92 adolescentes sofreram com as balas perdidas. Desse número, 21 crianças e 27 adolescentes não resistiram e vieram a óbito. Houve ainda quem nem chegasse a conhecer o mundo: três bebês foram baleados quando ainda estavam na barriga da mãe: somente um sobreviveu. E 10 gestantes foram atingidas por balas perdidas: duas morreram e oito ficaram feridas.

    Casos por região

    Rio de Janeiro: 625

    São Gonçalo: 190

    Niterói: 39

    Duque de Caxias: 38

    Nova Iguaçu: 28

    Belford Roxo: 22

    São João de Meriti: 17

    Itaboraí: 10

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