Tragédia
'Por que existem balas perdidas?', diz mãe de mulher morta no Rio
Gabrielle Ferreira foi baleada perto de casa durante operação
Tristeza e comoção tomaram conta da família da cabeleireira Gabrielle Ferreira da Cunha, de 41 anos, morta após ser atingida durante operação contra o tráfico de drogas na Vila Cruzeiro, localizada na Penha, na Zona Norte do Rio, na manhã desta terça-feira (24).
Amigos e familiares estiveram no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto nesta tarde para tentar liberar o corpo da mulher. Divone Ferreira da Cunha, de 72 anos, mãe da vítima, conversou com o ENFOCO sobre a tragédia.
"Minha filha era uma pessoa muito alegre, muito amada e querida. Era uma pessoa que gostava de sambar, dançar e ajudava muito a gente. Inclusive, ela ajudava a cortar o cabelo das pessoas de graça. Hoje minha filha está morta. A dor que eu sinto, que o filho dela e o que irmão dela sentem.. só Deus. Por que existem essas balas perdidas? Estamos tentando ser confortados pela mão de Deus", contou Divone.
Gabrielle era natural de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, e veio para a Vila Cruzeiro, na Zona Norte, com o sonho de melhorar a situação financeira. Ela morreu após ser baleada na Rua Dr. Luís Gaudie Ley, na Penha, próximo onde morava.
Gabrielle era natural de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, e veio para a Vila Cruzeiro, na Zona Norte, com o sonho de melhorar a situação financeira
Para Monique da Cunha, prima da vítima, Gabrielle é mais uma estatística da periferia. Bastante abalada, a mulher lamentou a perda da prima.
"Eu queria dizer que é um choque. Nós ficamos pensando que é menos uma periférica batalhadora e mãe de um filho para contar a sua história. É muito triste que essa bala perdida só se perde na favela e na periferia. Eu a vejo como uma vítima de uma desgraça urbana. Menos uma preta periférica que vai virar estatística e que ninguém vai sentir falta, apenas as pessoas que a amavam", disse Monique. Ainda não há informações sobre o velório de Gabrielle.
Vejo como uma vítima de uma desgraça urbana. Menos uma preta periférica que vai virar estatística e que ninguém vai sentir falta, apenas as pessoas que a amavam
Operação
O número de mortes durante operação na Vila Cruzeiro, localizada na Penha, Zona Norte do Rio subiu para 13 na tarde desta terça-feira (24).
Além de Gabrielle, segundo a Polícia Militar, 11 pessoas que vieram a óbito eram suspeitos. Um outro homem, ainda não identificado, deu entrada mas morreu no Hospital Estadual Getúlio Vargas, também na Penha, na unidade nessa tarde.
A Polícia Militar informou que a operação na Vila Cruzeiro foi realizada em caráter emergencial. De acordo com o Porta Voz da corporação, tenente coronel Ivan Blaz, a região é responsável por mais de 80% dos confrontos armados no estado.
Um arsenal de guerra foi apreendido na operação desta terça. Participaram da ação: o Batalhão de Operações Especiais (Bope), a Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a Polícia Federal (PF).
A operação na Vila Cruzeiro deixou mais de mil estudantes da rede municipal de educação sem aula, nesta terça-feira (24). Por meio de nota, a Secretária Municipal informou que 32 escolas da região, 19 no Complexo da Penha e outras 13 no Alemão, permaneceram com as portas fechadas
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