Ministro da Justiça cobra PRF sobre tiros em criança no Rio

O ministro da Justiça Flávio Dino cobrou explicações à PRF sobre os tiros que atingiram a menina Heloísa dos Santos, de três anos, durante uma abordagem mal-sucedida na noite desta quinta-feira (7), no Arco Metropolitano, na Baixada Fluminense. A criança está em estado grave no hospital de Saracuruna, em Duque de Caxias. Os disparos acertaram Heloísa na cabeça, costas e pescoço. 

Segundo ele, houve pedidos de esclarecimentos sobre o caso e que mandou rever os manuais de procedimentos dos agentes do órgão. 

"Sobre a tragédia com uma criança de 3 anos no Rio de Janeiro, já solicitei esclarecimentos e providências aos órgãos de direção da PRF naquele Estado. Estou aguardando a resposta, que será comunicada imediatamente. E mandei acelerar a revisão da doutrina policial e manuais de procedimento na PRF, como já havia determinado quando da demissão dos policiais do caso Genivaldo, em Sergipe. Outras medidas serão informadas em breve", escreveu. 

O pai da criança, William Silva, chegou à delegacia por volta de 11h30 para prestar depoimento. Inicialmente, o caso foi registrado na 48ª DP (Seropédica), mas será encaminhado à Polícia Federal, que dará sequência às investigações. Três agentes foram afastados, segundo comunicado da PRF. 

A pequena Heloísa voltava da casa de familiares, em Itaguaí, quando foi atingida. William disse ainda que ouviu mais de quatro disparos em direção ao veículo. Três acertaram a menina que estava ao lado da tia e da irmã no banco de trás do carro. 

"Eu passei por eles, [policiais] eles estavam apagados, parado no cruzamento. Aí eles ligaram o carro e vieram. Só que eles foram chegando muito perto, e ascenderam o giroflex, eu dei seta e parei. Na hora que o carro estava quase parado foi quando ouvi os disparos. Eu ouvi uns 4, 5 disparos. Foi nessa hora que eu, automaticamente, abri as portas, todo mundo foi saindo", conta.

Segundo William, ele havia comprado o carro há cerca de dois meses, e que após o ocorrido, a PRF disse que consta um registro de roubo do veículo. Ele afirma que, segundo o antigo proprietário, nenhuma queixa de roubo foi feita.

"O carro que eu estou eu tenho há dois meses, e ano passado ele consta um roubo. Isso eu fiquei sabendo por eles ontem [quinta]. O cara que me vendeu o carro está vindo aqui, junto do proprietário, para esclarecer esse caso. Ele disse que nunca deu queixa de roubo", afirma.

Para o pai da vítima, os agentes chegaram a alegar que os disparos não partiram das armas deles, e sim de um outro veículo na pista. Mas, William alega que não havia mais ninguém no local. 

Segundo a Secretaria Municipal de Saúde, a vítima deu entrada na unidade às 21h07 desta quinta-feira (7), vítima de três tiros, um na cabeça, outro no pescoço e um terceiro nas costas.

O último boletim divulgado pelo hospital informa que a menina deu entrada na unidade trazida por viatura da PRF. A direção da unidade disse ainda que a criança chegou com rebaixamento de nível de consciência, sangramento ativo no couro cabeludo, sendo sedada e entubada.

A paciente foi avaliada por equipes de neurocirurgia e pediatria, com realização de exames de imagem e laboratório. Foi encaminhada para o centro cirúrgico, onde passou por procedimento. No momento a criança está no CTI do hospital e seu estado é grave. Heloísa vai precisar ficar em observação nas próximas 48h.