Feminicídio
Menino de 2 anos viu mãe ser morta pelo marido: 'Mamãe tá no chão'
Ana Clarice foi morta a facadas nesta quinta (29) na Zona Oeste
Familiares de Ana Clarice Graça da Silva, morta pelo marido aos 23 anos nesta tarde de quinta-feira (29), em Vargem Pequena, na Zona Oeste do Rio, afirmam que o filho de dois anos do casal viu a mãe ser morta a facadas. Ele foi preso nesta quinta (30), em um shopping, com o filho no colo. Parentes disseram ainda que essa não foi a primeira vez que o acusado Jackson dos Santos Fernandes, de 29 anos, tentou assassinar a vítima a facadas.
Há quatro meses, quando o casal e os filhos moravam na Bahia, ele também tentou matá-la a facadas. Ana teria pedido ajuda da família para fugir de lá depois disso e Jackson a seguiu para o Rio, prometendo que iria mudar. Os parentes de Ana acreditam que o crime foi premeditado.
“O filho deles viu. Só estava ela e as crianças no momento do crime, ninguém viu nada, mas o menino viu. Ele está pedindo para ir lá para casa e fala que a “mamãe está no chão”. Foi muito covarde", afirmou o tio da vítima, Luiz Cláudio Graça Barbosa, de 41 anos.
Ana estava grávida de dois meses. A filha dela irá completar um ano na próxima semana e um menino que tem dois anos. Todos são filhos de Ana e do acusado. O menino, inclusive, presenciou o crime do pai contra a mãe.
O auxiliar de serviços gerais explicou que o casal estava junto há oito anos. Eles se conheceram no Rio e chegaram a morar juntos na Bahia, mas ela voltou ao Rio depois de um tempo. Jackson veio atrás dela, pediu desculpas, e eles voltaram para a Bahia.
Marido e acusado do crime foi preso em um shopping com o filho
“Ele veio falando que tinha mudado e levou ela para lá (Bahia) novamente e tentou matar ela com facadas, se não fosse a família dele, ele tinha matado ela lá. Aí ela ligou para a gente e pediu uma passagem pra voltar pro Rio. Ele veio atrás dela, falou que queria cuidar dos filhos, mas, para mim, ele premeditou tudo. Ele veio para matar ela e estava esperando a oportunidade. No dia do crime, ele esperou todo mundo sair para trabalhar e, por volta das 12h, matou ela”, disse.
A irmã da vítima, Raquel Barbosa Ferreira, de 18 anos, explicou que a família morava no mesmo quintal, mas a irmã era muito reservada.
“Ela não tinha o costume de contar nada da vida dela. Não sabíamos que ele agredia ela. Ele tinha um vício em drogas e álcool e, quando consumia, eles sempre brigavam. Minha irmã era uma excelente pessoa, não merecia isso. Minha irmã era uma amiga, era como se fosse uma mãe para mim, perdi minha mãe com 8 anos. Minha avó, que criou ela, está mal, o pai dela está arrasado, a família está passando mal. Como mãe, não deixava faltar nada, os filhos dela são bem criados. A neném não para de chorar e perguntando por ela”, contou a administradora. As crianças de Ana estão com a família dela.
Todos os familiares da vítima pedem por justiça e esperam que Jackson continue preso. “Ele não merece ficar solto, seria muito injustiça, ele pode continuar fazendo a mesma coisa. Minha sobrinha veio corrida dele da Bahia e ele veio atrás fazer isso com ela”, disse a auxiliar de cozinha Célia Regina do Nascimento, de 59 anos, tia da vítima.
Em nota, a Polícia Militar informou que “uma equipe do 31° BPM (Recreio dos Bandeirantes) deslocou-se à Rua Mazzaropi, em Vargem Pequena, na Zona Oeste da cidade, a fim de verificar uma ocorrência de homicídio, nesta quinta-feira (29). Chegando ao local, o fato foi constatado e uma mulher foi encontrada em sua residência, já em óbito, vítima de golpes de faca. De acordo com relatos das testemunhas, o suspeito seria o companheiro da vítima, que teria levado o filho do casal após o cometimento do crime.
A área foi isolada para a perícia e a Delegacia de Homicídios da Capital assumiu o caso.
Prisão
Jackson foi preso pelo crime de feminicídio na quinta-feira (29). Ele estava com o filho mais velho do casal dentro do Shopping Nova América, em Del Castilho. Ele não resistiu à prisão e confessou o crime na delegacia, afirmando que o caso ocorreu após uma discussão de casal. Ele afirmou que ela tentou atacar ele com uma faca, quando ele a desarmou e enfiou a faca em seu pescoço.
Ele será encaminhado para o sistema prisional, onde permanecerá à disposição da Justiça. A audiência de custódia dele deve ocorrer nos próximos dias.
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