Acusação
Mãe alega que seu filho sofreu racismo em shopping de Niterói
O acusado é um segurança do estabelecimento comercial
A família de um menino de 9 anos acusa um segurança do shopping Multicenter, em Itaipu, Região Oceânica de Niterói, de ter cometido o crime de racismo contra a criança, no último sábado (21). Segundo a mãe do menino, a agente administrativa Ataíse de Oliveira Andrade, de 38 anos, o segurança expulsou a criança do estabelecimento comercial por ele estar descalço. O caso foi registrado na 81ª DP (Itaipu).
De acordo com Ataíse, ela e o marido entraram pela porta lateral pois iam ao mercado que fica dentro do shopping enquanto o filho entrou pela porta da frente para ir à área de recreação do local. Foi neste momento que o menino, que estava descalço e sem camisa, teria sido abordado violentamente pelo segurança.
“O guarda gritou, você não pode entrar descalço não. Aí ele falou assim, minha mãe está ali. O segurança tirou ele de dentro do shopping. Quando ele gritou, todo mundo viu", contou a agente administrativa que devido à abordagem constrangedora o menino ainda colocou em vão a camisa . O tênis da criança estava com a mãe.
Ele tava descalço, eu estava com o tênis dele na mão, o multicenter têm duas portas aí em duas portas, uma porta principal e uma porta lateral onde entra o mercado. Ele disse que quando chegou na porta para brincar na pracinha que fica no hall do shopping, ele estava sem camisa e o segurança olhou pra aí ele.
Ainda de acordo com a agente administrativa, o menino ainda tentou convencer, sem sucesso, o segurança para esperá-la do lado de dentro do estabelecimento. O segurança, porém, não permitiu e ainda mandou ele ficar do lado de fora, ao lado de uma lixeira.
“As pessoas do shopping viram ele (o segurança) conduzindo o meu filho para o lado de fora do shopping e o colocou ao lado de uma lixeira e fechou a porta.", narrou a mulher.
A criança foi colocada para fora do shopping pelo segurança
A mãe relata ainda que quando foi procurar o filho o encontrou do lado de fora do shopping e o levou, em seguida, ao banheiro para lavar os pés e colocar o tênis. Quando retornou ao mercado, as pessoas contaram que seu filho tinha sofrido racismo.
Eu fui ao banheiro, lavei o pé dele que estava sujo porque ele tinha acabado de praticar esporte e depois voltamos para o mercado. Ao chegar no mercado que me informaram que tinha acontecido o crime de injúria racial
Ataíse narrou também que procurou o segurança para entender o que havia acontecido, o ele se negou a dizer seu nome. Com isso, ela ligou para o Conselho Tutelar e foi até o SAC do shopping. Ainda de acordo com a mãe, o SAC se negou a auxiliá-la naquele momento e só colaborou com a denúncia quando o conselheiro Erik Sant’anna chegou ao local.
"O complicado é que o segurança ao invés de proteger a criança em seu lugar favorito no shopping", disse Ataíse revelando ainda que seu filho agora está com medo de ir ao centro comercial e que precisará de acompanhamento psicológico.
Erik Sant'Anna explicou ao ENFOCO que a atitude do segurança foi errada, pois ele deveria ter levado o menino para a mãe que estava dentro do estabelecimento.
O procedimento que deveria ter tomado seria acompanhar a criança até o responsável porque sabia onde ela estava, jamais expulsar a criança. Se fosse uma menina loirinha, de 9 anos, será que ele teria tido a mesma atitude? Fica a dúvida”,
O conselheiro tutelar informou ainda que a criança já está recebendo o apoio psicológico necessário, e o caso foi encaminhado para a Promotoria da Infância do Ministério Público Estadual.
POSICIONAMENTO DO SHOPPING
A administração do shopping Multicenter disse que, após a comunicação do caso no Serviço de Atendimento ao Cliente, abriu um procedimento interno para averiguar os fatos.
A empresa disse ainda que "respeita as normas de proteção aos direitos da criança e repudia qualquer forma de discriminação".
INVESTIGAÇÃO
O caso foi registrado na 81ªDP (Itaipu) que informou que a investigação está em andamento, já possui as imagens de câmeras do centro comercial e o segurança será ouvido assim como as testemunhas.
Orientações
O advogado Rodrigo Mondego, de 38 anos, especialista em Direitos Humanos, explicou que a orientação nesse tipo de caso é que as pessoas envolvidas procurem reunir provas como filmar e coletar o máximo de testemunhas e sempre registrar o caso em delegacia.
"Quando a vítima for criança, o recomendado é que sempre acione o Conselho Tutelar, pois gera mais provas contra o criminoso", disse o advogado.
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