Julgamento
Advogados entram em embate antes de início de julgamento
Audiência do caso Flordelis deve ocorrer ao longo de todo o dia
Para Ângelo Máximo, advogado de defesa da família do pastor Anderson do Carmo, não há chances de absolvição dos réus envolvidos na morte do líder religioso. A declaração foi dada no Fórum de Niterói na manhã desta sexta-feira (11).
Adriano dos Santos Rodrigues; Carlos Ubiraci Francisco da Silva, Marcos Siqueira Costa e Andrea Santos Maia começam a ser julgados nas próximas horas.
Já André Luiz de Oliveira não vai comparecer, uma vez que o advogado passou mal. A Justiça ainda não esclareceu se o filho afetivo de Flordelis será ouvido no dia 9.
Até as 10h, o julgamento não havia iniciado. Não há horário previsto para término.
“A expectativa é que todos saiam condenados daqui hoje. A justiça tem que ser feita. E para alcançarmos a justiça completa, no dia 9, não pode haver absolvição aqui hoje. A Flordelis mandou, mas todos participaram”, afirma Ângelo.
Anderson do Carmo foi morto a tiros na garagem de casa, em Pendotiba, em junho de 2019. A ex-deputada Flordelis, esposa do pastor, é acusada de ser a mandante do crime brutal.
Em razão do número de acusados no processo, a juíza Nearis do Santos Carvalho Arce optou por dividir o julgamento em duas sessões. A segunda sessão do júri acontece no dia 9 de maio, quando serão julgadas Flordelis e mais três rés.
Antes de começar o julgamento desta sexta (11), a advogada de defesa de Flordelis, Janira Rocha, que também representa a filha afetiva Marzy Teixeira da Silva, e a neta Rayane dos Santos Oliveira, disse que parte da estratégia é apresentar um conjunto de questões que respondem a dois pontos, segundo ela, fundamentais.
“Primeiro, que a acusação se baseia de que ela [Flordelis] é realmente culpada, com depoimento de filhos. Portanto, a grande maioria dos filhos diz que ela não é culpada. Então, achamos que esse núcleo de filhos têm interesses que ainda não foram revelados. Outra coisa diz ao perfil do próprio pastor, quem ele era, quais tipos de práticas teve dentro da casa, em relação às mulheres, o porquê a Simone, como ela mesmo já disse publicamente, agiu como agiu no sentido da morte do pastor”, continua.
Já o advogado Ângelo Máximo classifica a declaração da defesa de Flordelis como ‘covarde’. Ele afirma que não há evidências de abusos sexuais cometidos por Anderson.
“É uma tese da mais covarde que se tem para apresentar ao Tribunal, atacando a pessoa da vítima que não está aqui para se defender. Todas as mulheres da casa foram ouvidas em sede policial e nenhuma delas reclamou de abuso sexual. Autoridades policiais ouvidas neste juízo foram indagadas por este advogado que também confirmaram a negativa de qualquer pessoa da casa sobre abuso sexual. E por mais que houvesse o abuso, a Flordelis então tem participação por omissão, por ser mãe. Que mãe é essa que sabe de abuso sexual na casa, ainda com suas filhas sendo vítimas e não faz nada?”, indagou.
A defesa de Flordelis diz que pretende levantar bandeira sobre outras possíveis práticas criminosas que ocorreriam na casa.
“Queremos levantar questões centrais, que pra nós, se forem elucidadas, vão demonstrar no próximo júri onde estão as responsabilidades e o porquê, a que interesse serve esconder essas questões relacionadas a filhos, abusos sexuais, emocionais, patrimoniais, praticados naquela casa contra mulheres, inclusive a Flordelis. A que interesses políticos, religiosos. Esse caso extrapola muito mais que o judicial. Dialoga com questões que ainda não foram colocadas na mesa”, pontua.
No ano passado, a filha biológica de Flordelis, Simone dos Santos Rodrigues, negou que a parlamentar soubesse do planejamento do assassinato.
O depoimento de Simone, que está presa, foi dado por videoconferência ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara dos Deputados.
Na videoconferência, Simone confirmou o que Flordelis já havia dito aos parlamentares: a filha sofreria assédio sexual do pastor. Por esse motivo, Simone teria dado R$ 5 mil a Marzy Teixeira, que os entregaria a Lucas dos Santos de Souza, para que "resolvesse a questão". Ambos são filhos adotivos da deputada.
O motivo do crime, de acordo com as investigações, seria o fato de a vítima manter rigoroso controle das finanças familiares e administrar os conflitos de forma rígida, não permitindo tratamento privilegiado das pessoas mais próximas a Flordelis, em detrimento de outros membros da numerosa família.
Segundo o Ministério Público, as condutas dos demais denunciados são descritas em diferentes etapas como no planejamento, incentivo e convencimento para a execução do crime, assim como em tentativas de homicídios anteriores ao fato consumado, pela administração de veneno na comida e bebida da vítima, ao menos seis vezes, sem sucesso, segundo apontaram as investigações.
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