Assustador
Todo dia uma mulher é agredida em São Gonçalo, aponta levantamento
Números refletem atendimentos em várias esferas
A violência contra mulheres em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, atingiu níveis altos em 2024. Entre janeiro e julho deste ano, a cidade registrou 6.545 ocorrências de agressão. Isso equivale a uma média de 933 casos por mês ou cerca de 31 agressões por dia, muitas das quais envolvem menores de idade e incluem estupros, tentativas de homicídio, ou ataques com armas brancas e de fogo.
Os números incluem os atendimentos da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam-SG), Polícia Técnica em Tribobó (IML), Centros Especializados de Atendimento à Mulher (CEOMs) e a emergência e o Centro de Trauma do Hospital Estadual Alberto Torres (Heat).
No mês dedicado à campanha de Conscientização pelo Fim da Violência contra a Mulher, o "Agosto Lilás", diversos eventos vêm sendo realizados na cidade para enfrentar a estatística alarmante. A subsecretária Municipal de Políticas Públicas para as Mulheres, que contabilizou 5.135 casos de violência entre janeiro e julho deste ano, destaca a necessidade urgente de ação.
"Não podemos nos calar mais diante desses absurdos que estão ocorrendo. Todos os dias temos o relato de uma mulher agredida, estuprada ou morta. O feminicídio tem que acabar e seus autores responsabilizados criminalmente", afirma a subsecretária Ana Cristina da Silva.
O aumento nos registros de violência reflete, em parte, uma maior conscientização das mulheres sobre a importância de denunciar os abusos, segundo ela.
"O número de atendimentos aumentou porque as mulheres estão procurando mais, estão mais conscientes", frisa a subsecretária, indicando que a mobilização e o suporte oferecidos estão encorajando mais vítimas a buscar ajuda.
Sala Lilás
Para reforçar o apoio às vítimas, a Secretaria Estadual de Saúde anunciou que as obras do Espaço Multivioleta (conhecida como Sala Lilás) do Heat estão em andamento. O espaço faz parte do programa "Antes que Aconteça" e será dedicado ao acolhimento de vítimas de violência, oferecendo um protocolo de atendimento multidisciplinar com uma abordagem humanizada.
A sala contará com ginecologistas, psicólogos, assistentes sociais e enfermeiros capacitados, garantindo atendimento para vítimas de violência, independentemente de gênero. A data da inauguração não foi divulgada.
Atendimentos aumentaram mais de 200%
No caso dos equipamentos públicos da Prefeitura de São Gonçalo, os atendimentos aumentaram mais de 200% de 2023 para 2024.
Entre janeiro a julho de 2023, foram realizados 1.974 atendimentos nos diversos equipamentos da rede de apoio do município, distribuídos entre o Centro Especializado de Atendimento à Mulher (Ceom), com 1.121 atendimentos, a Sala Lilás, com 835, e a própria Subsecretaria, que contabilizou 18 casos.
Os tipos de violência registrados nos atendimentos somam 3.717 ocorrências, visto que um único atendimento pode envolver múltiplas formas de agressão. Entre as mais recorrentes estão a violência psicológica, com 1.713 casos, seguida pela violência física, com 1.112 registros. Também foram contabilizados 302 casos de violência sexual, 309 de violência patrimonial, e 281 de violência moral.
Ana também ressalta a importância da campanha "Agosto Lilás" na intensificação das ações de conscientização e no fortalecimento do apoio às mulheres em situação de violência.
"O 'Agosto Lilás' serve para intensificar e conscientizar essa mulher de que é possível sair do ciclo de violência através da escuta qualificada e do acompanhamento técnico dos profissionais dos nossos equipamentos", disse.
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