Acolhimento
Inclusão: Clínica leva crianças com autismo a passeio no Bioparque
Iniciativa garante desenvolvimento como parte do tratamento
Crianças de uma clínica de desenvolvimento infantil de pacientes PCDs, em Maricá, embarcaram numa aventura diferente nesta quarta-feira (18). A expedição rumo ao Bioparque, na Quinta da Boa Vista, no Rio. O passeio reuniu um grupo de 120 pessoas, entre elas: crianças (a maioria com o Transtorno do Espectro Autista), terapeutas e responsáveis.
A iniciativa teve como objetivo expandir a visão das crianças para além das salas de tratamento, condição atendida pelo espaço amplo e verde do Bioparque. Segundo a diretora da clínica Comunicar, Mariana Mendonça, de 38 anos, o grupo se dividiu em dois ônibus de turismo, que partiram a caminho da aventura, nas primeiras horas desta manhã.
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‘’No início bateu um receio, né? Por isso que a gente decidiu fazer com uma agência de turismo que pudesse também intermediar com o Bioparque para nos receber. E eu só tenho elogios. Desde o momento da nossa chegada, todos foram muito receptivos. Nos deram todas as possibilidades e condições para que as nossas crianças não enfrentassem filas, para que elas fossem acolhidas mesmo e incluídas no processo’’, elogiou.
Ainda de acordo com a diretora, todo mês de julho, os pacientes fazem passeios interdisciplinares. No entanto, esse é o primeiro que chegou a lugares com um público mais estimado.
Para a psicóloga e supervisora Cláudia Rodrigues, a iniciativa também é importante para a avaliação comportamental.
"A terapia é realizada em um setting terapêutico. Estar em ambientes naturais é fundamental. Saber como elas estão se comportando em ambientes sociais como este aqui, que é tão grande, tem tantas pessoas, muitos sons, muitos estímulos, é fundamental", esclarece.
Estar em ambientes naturais é fundamental"
Família
Segundo Erinèia Silva Lacerda, de 43 anos, o passeio também lhe deu a oportunidade de se desenvolver e criar segurança como mãe atípica. Ela é mãe de Aryella Lacerda, de 6 anos.
‘’É a primeira vez que ela vem ao zoológico, que ela vê todos os bichinhos. Até então, nunca tinha ido. De animal que ela conhecia, era só cachorro dela, que é o Binho e umas galinhas do meu tio. Fora isso, nunca tinha visto de perto. Então é tudo novidade. Ela está super animada!’’, contou.
A menina foi diagnosticada aos 3 anos, conforme relata a responsável. "Eu já tinha percebido algumas coisinhas nela. Ela andava com a pontinha do pé, era muito organizada e quando ela teve o diagnóstico, eu não sabia o que fazer. Dali em diante a gente começou a luta de tratamento e estamos aí há três anos. Eu vejo muita evolução’’, compartilhou.
Para o pai atípico Alivanir Junior, de 46 anos, o passeio permitiu que seu filho, Vinicius, de 7, interagisse com outras crianças. ‘’Ele estava muito motivado, muito animado para vir. Ele estava doido para ver o macaco-prego. Com certeza isso é muito importante para o desenvolvimento dele’’, afirmou feliz.
Acolhimento e apoio
Além da expedição e dos momentos de descoberta em cada canto do Bioparque, a administração do espaço cedeu o espaço do anfiteatro para que os pequenos pudessem desfrutar de lanchinhos e fazer pausas durante o passeio.
Cada família recebeu o auxílio de dois terapeutas durante a experiência. O apoio foi primordial para que os responsáveis se sentissem seguros.
Muitas vezes, as famílias ficam com receio de irem para esses ambientes, com medo da criança desorganizar, chorar muito e não ter uma rede de apoio ali. Claro que teve criança chorando, teve criança que não queria entrar, mas aí a gente com jeitinho, com todo amor, porque tem que ser amor, e aqui a gente tem de sobra
Sobre o Comunicar
O Espaço Communicar fica localizado no bairro Itaipuaçu, em Maricá, e atende 75% de crianças com deficiência e neurodivergentes. A clínica foi criada pela fonoaudióloga Mariana Mendonça, após identificar a necessidade de espaços que promovam o tratamento interdisciplinar dos pacientes, com a atuação de uma equipe multiprofissional.
''Eles estão muito felizes e com a equipe de suporte, com os terapeutas, a gente está vendo que cada uma das nossas crianças está aqui escrevendo a própria história'', finalizou a diretora.
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