64 horas
Novo protesto fecha Alameda São Boaventura, nesta terça-feira (21)
Moradores interditam via por falta de luz
Um novo protesto de moradores do Fonseca, na Zona Norte de Niterói, interdita a Alameda São Boaventura, no sentido Rio, no início da tarde desta terça-feira (21).
Manifestantes atearam fogo em objetos no meio da via. Os bombeiros do quartel de Niterói estão no local. Eles foram acionados às 12h02 para fogo em via pública, já que alguns itens foram incendiados pelos manifestantes. O fogo, no entanto, já foi controlado. O trânsito está intenso desde a RJ-104.
O ato ocorre por falta de luz na região, que já supera as 64 horas, segundo moradores do local. A manifestação ocorre próximo ao Supermarket.
A luz parou no sábado (18), por volta das 19h, durante uma tempestade e ainda não retornou. Operadores da Nittrans auxiliam no trânsito do entorno. A Polícia Militar também faz patrulhamento.
ATENÇÃO! 11h43: Manifestação na Alameda São Boaventura, altura da Rua São Januário, sentido Centro. Fluxo interditado. @Nittrans no local orientando o trânsito. Motorista, ao dirigir, redobre a atenção! pic.twitter.com/p1wKihBf3n
— NITTRANS (@NITTRANS) November 21, 2023
Prejuízos
Diversos moradores de São Gonçalo e Niterói, reclamam do mesmo problema. Um dos prejudicados é o técnico em eletricista aposentado Moabi Brito, de 69 anos, morador da Travessa Lírio, no Sapê, bairro de Niterói.
Ele tem parkinson e hidrocefalia e, por isso, está acamado há cerca de 3 anos. No calor, ele tem que dormir na sala e não consegue sair de casa.
A esposa dele, Leila Brito contou para o ENFOCO que a situação de falta de luz lá é frequente. No entanto, eles estão desde sábado sem energia elétrica por causa da tempestade.
“Já são 15 anos aqui no Sapê e a gente convive com isso. Eu fico perguntando pra Deus até quando vamos viver assim. Sempre que venta ou acontece algo do tipo ficamos sem luz. A gente paga R$ 700 e fica sem luz”, afirmou ela, que é pedagoga aposentada.
Leila teve que jogar a comida fora nesta segunda-feira (20), porque estragou.
“A gente faz a compra por semana aqui já que sou eu sozinha. Nessa semana, gastei R$ 250 com carnes e legumes e tudo estragou por causa do calor e sem energia elétrica. Já tive geladeiras que estragaram também e máquinas de lavar. Sem energia ficamos sem ventilador e, com isso, eu tive que ficar esses dias todo molhando meu marido para ele não desidratar, mesmo assim, ele já emagreceu”, contou.
Um outro morador do bairro Elton Rodrigues de Oliveira, de 40 anos, também reclamou da situação.
“Lá em casa estragou tudo, legume, carne, jogamos tudo fora ontem. Moro aqui há 22 anos e sempre acontece isso, falta luz. Esse mês jogamos fora a compra do mês, quase R$ 500 reais só de carne e legume. A Enel não vem, falaram que iam vir domingo e nada, que viriam segunda e nada e até hoje também nada”, disse o motorista que mora com os dois filhos adolescentes, de 14 e 15 anos.
Além da falta de luz, eles também têm problema de falta d'água.
“O calor é insuportável. Temos problema de água, cai pouco. Nem a bomba a gente consegue ligar. Até para trabalhar está complicado, eu consigo sair de casa porque tenho carro, mas vou com a roupa amarrotada, porque não temos ferro para passar roupa”, afirmou.
Na rua São Januário, no Fonseca, a falta de luz também está incomodando diversos moradores.
“A luz faltou no sábado e está até hoje sem. Tudo podre na geladeira, não consigo nem abrir a minha em casa se não fede tudo. Tenho vizinhos idosos, crianças autistas, bebês e um calor danado. O mais engraçado é que você liga para eles e a Enel diz que não tem protocolo sem resposta, sendo que eu abri protocolos, meu vizinho abriu cinco. A gente pede que alguém olhe por nós”, contou o aposentado que está recarregando o celular com amigos.
Estamos sofrendo com a falta de energia desde sábado às 20:00hs! Já fizemos várias reclamações na Enel e toda vez que liga eles dão uma previsão diferente.
No bairro Itaúna, em São Gonçalo, a assistente administrativo Ezilma Ventura, 56 anos, disse que todas as 60 casas da rua João Machado, onde ela mora, estão sem energia elétrica.
"Todos os ítens de geladeira já estão estragando, para não perder mais, comprei três sacos de gelo num lugar ermo pagando R$ 35 cada um, garrafa de água para beber e cozinhar, pois sem energia não tenho como ligar a bomba. Um calor infernal, para conseguir cochilar tive que deitar no chão, para quem trabalha, como eu, é muito complicado. Na rua, tem muitos idosos, crianças e mulheres grávidas que estão passando por enormes dificuldades", relatou.
O que diz a Enel
Procurada, a Enel Distribuição Rio disse que se solidariza com cada um de seus clientes que ficaram sem energia nos últimos dias. Também informa que "98% dos clientes afetados pela tempestade registrada na noite de sábado (18) na área de concessão da empresa tiveram o serviço normalizado".
A empresa esclarece que mobilizou um reforço ainda maior de equipes entre esta segunda (20) e terça (21), principalmente nas cidades mais afetadas, como Niterói, São Gonçalo, Maricá e Petrópolis. Ao todo, cerca de 900 equipes estão atuando nas ruas para acelerar o atendimento das ocorrências remanescentes.
"A Enel também implementou “mesas de cooperação” com as Prefeiruras de Niterói, São Gonçalo e Petrópolis em que representantes da distribuidora e das administrações municipais atuam em conjunto em tempo real. A colaboração permite a atuação mais rápida em casos prioritários e o apoio de agentes municipais para ajudar os técnicos a se deslocarem melhor no trânsito e garantir a segurança dos colaboradores da distribuidora."
A Enel diz, na nota, que os atendimentos em curso nesta terça são mais localizados e muitas vezes complexos, porque demandam a reconstrução da rede, exigindo horas de serviço em cada local.
"Como as emergências estão espalhadas em diferentes pontos específicos, o restabelecimento do serviço ocorre de forma gradativa, apesar de todo o adicional de técnicos atuando nas ruas".
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