Aclamado
Filme sobre juíza executada ganha três prêmios e concorre a outros
Documentário resgata história da magistrada Patrícia Acioli
O documentário sobre a juíza Patrícia Acioli, assassinada em Niterói há 11 anos, ganhou três prêmios e está concorrendo a outros internacionais. O filme "Patrícia Acioli, a Juíza do Povo", que tem a direção do jornalista e primo da magistrada, Humberto Nascimento, traz imagens inéditas do crime que chocou o país.
A produção venceu as categorias "Melhor Documentário", "Melhor Filme Brasileiro" e "Melhor Filme" do 13° Arraial Cine Fest, em Arraial D'ajuda, na Bahia, além de outras premiações internacionais que já lotam a prateleira do diretor.
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"Estamos selecionados para disputar prêmios em Cannes, Londres, Berlim, Hungria e Suíça. É um motivo de orgulho para toda a equipe esse reconhecimento e para Niterói também. Foi graças à iniciativa da prefeitura da cidade, através do Segundo Edital de Fomento ao Audiovisual, que tivemos condições de realizar esse trabalho", explica Humberto.
O filme resgata personagens e memórias, traz imagens e histórias inéditas sobre a magistrada, morta em 2011 por PMs do 7º BPM (São Gonçalo), em Piratininga, Niterói, onde morava.
"O que mais desejo é que esse documentário promova um amplo debate sobre a segurança pública no Estado do Rio e no Brasil. O tempo passou e as mesmas práticas inadmissíveis de abusos, desvio de conduta, envolvimento direto com o crime organizado e baixa punição se perpetuam", ressalta.
O documentário ainda não está disponível nos serviços de streaming porque, segundo o diretor, alguns prêmios possuem cláusulas de ineditismo e exclusividade. Ele espera que, em breve, todos possam apreciar a obra.
"A história da Patrícia é uma lição de humanidade e amor ao próximo. Poucas pessoas se doaram tanto quanto ela no exercício da função pública. Por isso, foi uma honra ter conseguido retratar essa humanidade por trás da juíza rigorosa , como ela acabou ficando rotulada pela mídia em função das prisões decretadas", acrescenta.
O documentário
Titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Patrícia Acioli combatia com rigor a criminalidade na cidade, incluindo grupos de extermínio formados por PMs do 7º BPM (São Gonçalo), que forjavam autos de resistência para legitimar suas execuções, muitas de pessoas inocentes. Insatisfeitos com a atuação da magistrada, os 11 PMs que foram condenador pelo assassinato, tramaram sua morte.
O filme traz a reprodução, com participação de atores, da cena do assassinato da juíza e de crimes conexos ao caso que culminaram em sua morte. Patrícia Acioli era uma moradora apaixonada por Niterói, cidade em que nasceu e morreu.
Fazem parte das locações, a Praia de Itacoatiara e o Parque da Cidade - lugares preferidos da juíza -, o Campo de São Bento, Piratininga, Antigo Palácio da Justiça, fóruns de Niterói, Alcântara e São Gonçalo, Ministério Público, e Morro da Penha, no Centro de Niterói.
Policiais condenados
Os 11 policiais militares envolvidos no assassinato da juíza Patrícia Acioli foram condenados e estão presos. Desses, nove eram praças e foram expulsos da Polícia Militar pouco tempo depois de serem julgados.
No entanto, 11 anos depois do crime, o tenente Daniel Benitez, e o tenente-coronel Claudio Oliveira, ambos condenados a 36 anos de prisão pelo assassinato, permanecem na PM. Daniel Benitez cursa Medicina e ganha R$ 10 mil por mês. Já o coronel Claudio recebe um soldo de R$ 54 mil.
"Tirando verbas que poderiam ser usadas no combate à fome ou na reparação das famílias de vítimas da violência policial. Isso é algo impensável em qualquer democracia moderna", acrescenta Nascimento;
Além de reverenciar a memória de Patrícia e homenagear uma profissional que pagou com a vida o preço por enfrentar a criminalidade de uma cidade violenta como São Gonçalo, "Patrícia Acioli, A Juíza do Povo", traz também uma reflexão: o que mudou na política de segurança pública do estado do Rio mais de uma década depois de um crime que foi um atentado à democracia?
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