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    Filme sobre juíza executada ganha três prêmios e concorre a outros

    Documentário resgata história da magistrada Patrícia Acioli

    Publicado 13/02/2023 às 21:16 | Autor: Enfoco
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    Patrícia Acioli foi assassinada há 11 anos atrás
    Patrícia Acioli foi assassinada há 11 anos atrás |  Foto: Divulgação

    O documentário sobre a juíza Patrícia Acioli, assassinada em Niterói há 11 anos, ganhou três prêmios e está concorrendo a outros internacionais. O filme "Patrícia Acioli, a Juíza do Povo", que tem a direção do jornalista e primo da magistrada, Humberto Nascimento, traz imagens inéditas do crime que chocou o país.

    A produção venceu as categorias "Melhor Documentário", "Melhor Filme Brasileiro" e "Melhor Filme" do 13° Arraial Cine Fest, em Arraial D'ajuda, na Bahia, além de outras premiações internacionais que já lotam a prateleira do diretor.

    Leia+: 'A juíza do povo': família fala do legado de Patrícia Acioli

    "Estamos selecionados para disputar prêmios em Cannes, Londres, Berlim, Hungria e Suíça. É um motivo de orgulho para toda a equipe esse reconhecimento e para Niterói também. Foi graças à iniciativa da prefeitura da cidade, através do Segundo Edital de Fomento ao Audiovisual, que tivemos condições de realizar esse trabalho", explica Humberto.

    Documentário disputa prêmios em em Cannes, Londres, Berlim, Hungria  e Suíça
    Documentário disputa prêmios em em Cannes, Londres, Berlim, Hungria e Suíça |  Foto: Divulgação

    O filme resgata personagens e memórias, traz imagens e histórias inéditas sobre a magistrada, morta em 2011 por PMs do 7º BPM (São Gonçalo), em Piratininga, Niterói, onde morava.

    "O que mais desejo é que esse documentário promova um amplo debate sobre a segurança pública no Estado do Rio e no Brasil. O tempo passou e as mesmas práticas inadmissíveis de abusos, desvio de conduta, envolvimento direto com o crime organizado e baixa punição se perpetuam", ressalta.

    O documentário ainda não está disponível nos serviços de streaming porque, segundo o diretor, alguns prêmios possuem cláusulas de ineditismo e exclusividade. Ele espera que, em breve, todos possam apreciar a obra.

    "A história da Patrícia é uma lição de humanidade e amor ao próximo. Poucas pessoas se doaram tanto quanto ela no exercício da função pública. Por isso, foi uma honra ter conseguido retratar essa humanidade por trás da juíza rigorosa , como ela  acabou ficando rotulada pela mídia em função das prisões decretadas", acrescenta.

    O documentário

    Lugares de Niterói fazem parte da obra
    Lugares de Niterói fazem parte da obra |  Foto: Divulgação

    Titular da 4ª Vara Criminal de São Gonçalo, Patrícia Acioli combatia com rigor a criminalidade na cidade, incluindo grupos de extermínio formados por PMs do 7º BPM (São Gonçalo), que forjavam autos de resistência para legitimar suas execuções, muitas de pessoas inocentes. Insatisfeitos com a atuação da magistrada, os 11 PMs que foram condenador pelo assassinato, tramaram sua morte.

    O filme traz a reprodução, com participação de atores, da cena do assassinato da juíza e de crimes conexos ao caso que culminaram em sua morte. Patrícia Acioli era uma moradora apaixonada por Niterói, cidade em que nasceu e morreu.

    Fazem parte das locações, a Praia de Itacoatiara e o Parque da Cidade - lugares preferidos da juíza -, o Campo de São Bento, Piratininga, Antigo Palácio da Justiça, fóruns de Niterói, Alcântara e São Gonçalo, Ministério Público, e Morro da Penha, no Centro de Niterói.

    Policiais condenados

    Os 11 policiais militares envolvidos no assassinato da juíza Patrícia Acioli foram condenados e estão presos. Desses, nove eram praças e foram expulsos da Polícia Militar pouco tempo depois de serem julgados. 

    No entanto, 11 anos depois do crime, o tenente Daniel Benitez, e o tenente-coronel Claudio Oliveira, ambos condenados a 36 anos de prisão pelo assassinato, permanecem na PM. Daniel Benitez cursa Medicina e ganha R$ 10 mil por mês. Já o coronel Claudio recebe um soldo de R$ 54 mil.

    "Tirando verbas que poderiam ser usadas no combate à fome ou na reparação das famílias de vítimas da violência policial. Isso é algo impensável em qualquer democracia moderna", acrescenta Nascimento;

    Além de reverenciar a memória de Patrícia e homenagear uma profissional que pagou com a vida o preço por enfrentar a criminalidade de uma cidade violenta como São Gonçalo, "Patrícia Acioli, A Juíza do Povo", traz também uma reflexão: o que mudou na política de segurança pública do estado do Rio mais de uma década depois de um crime que foi um atentado à democracia?

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