Caso Daniel Alves: a cada ‘capítulo’, uma nova acusação

O caso Daniel Alves, acusado de estupro numa boate na Espanha, no dia 30 de dezembro do ano passado, não para de ganhar novos capítulos. Os mais recentes dão conta de que ele não teria usado preservativos no suposto crime sexual e também uma outra vítima o acusa de ter sido assediada por ele, na mesma data, na casa noturna. Um policial contou ainda que filmou o relato da primeira vítima após ela ter sido violentada pelo jogador. 

A advogada da primeira vítima contou, com exclusividade, ao 'Uol Esporte', que a sua cliente está tomando um coquetel de medicações antivirais para evitar doenças sexualmente transmissíveis, já que o jogador não teria usado camisinha durante o estupro. 

A revelação do caso   

No dia 31 de dezembro de 2022, jornais da Espanha, como o “El País” e “El Mundo” de Madri e o “El Periódico”, ambos de Barcelona, informaram que o jogador Daniel Alves, de 39 anos, estava sendo acusado de assédio sexual por uma jovem de 23 anos. No dia 30 de dezembro, a jovem estava na boate Sutton, em Barcelona, quando ela e seu grupo foram convidadas para subir à área VIP onde o jogador estava.

De acordo com os jornais, a vítima disse que ela e Daniel Alves passaram a noite dançando e, em certo momento, o jogador “levou várias vezes a mão dela até seu pênis, que ela retirou assustada”. Pela madrugada, ele pediu para a vítima acompanhá-lo até uma porta e, após entrarem no local, ela percebeu que era um banheiro, onde teria ocorrido o crime. 

Em depoimento à polícia, a vítima reforçou que tentou sair do local a todo momento, porém o jogador não a deixou, até que a penetrou com força e de maneira violenta até ejacular. Após ela sair do local, procurou uma amiga e contou o que aconteceu. Logo, elas informaram à segurança o que havia acontecido, que fez uma busca pelo jogador no local e constatou que ele já tinha ido embora. 

A jovem de 23 anos, após o ocorrido, passou a evitar acompanhar atualizações sobre o caso na mídia e redes sociais e teme que sua identidade seja revelada. 

Segundo foi divulgado pelo jornal catalão “La Vanguardia” na terça-feira (24), Daniel Alves teria molestado outra mulher na mesma boate, no mesmo dia (30 de dezembro). O jornal relata ainda que o jogador passou a mão nas partes íntimas dela, a apalpou violentamente, até que ela conseguiu escapar e ir embora.

Outro ponto levantado foi que um policial que trabalha na boate, no dia estava com uma câmera instalada no peito e flagrou “acidentalmente” a declaração da primeira mulher. De acordo com o jornal espanhol “El Periódico” relatou na manhã desta quinta-feira (25), a perícia encontrou novas provas que reforçam o que foi dito pela jovem de 23 anos, já que nos exames mostram que ela possuía lesões compatíveis com luta e vestígios de sêmen. Impressões digitais também comprovam que a vítima sofreu agressões, o que enfraqueceu o depoimento prestado pelo lateral, que nega as acusações. 

Prisão

Depois dos exames serem feitos, de acordo com os jornais espanhóis, e comprovação de sinais de agressão sexual e sêmen no vestido da jovem,  a juíza Maria Concepción Canton Martín decretou a prisão preventiva de Daniel Alves, sem pagamento de fiança. 

Além disso, a juíza argumentou que a decisão de prender o jogador era pelo risco de fuga, já que ele não mora mais na Espanha e tem recursos financeiros para deixar o país quando quiser. Além disso, a  Espanha não tem acordo de extradição com o Brasil.

Assim, o jogador foi detido por policiais espanhóis no último dia 20 e levado inicialmente para o presídio Brians 1, mas logo foi realocado (por questões de segurança) para o presídio Brians 2, conhecido por “abrigar famosos” e ter celas menores e individuais.

Contradição

Daniel Alves chegou a se pronunciar, no dia 5 de janeiro, no programa “Y Ahora Sonsoles”, na TV espanhola, negando que teria assediado a jovem de 23 anos. 

“Primeiramente, gostaria de desmentir tudo. Eu estava naquele lugar com mais gente. Quem me conhece sabe que eu amo dançar. Eu estava dançando e curtindo sem invadir o espaço dos outros. Eu não sei quem é essa senhora. Nunca invadi um espaço. Como vou fazer isso com uma mulher ou uma menina? Não, por Deus”.

Depois de ser preso, porém, Daniel Alves mudou seu primeiro relato, dizendo ter feito sexo consensual com a vítima. A mudança de depoimento também foi um dos pontos que levou o jogador à prisão. Daniel ficará detido até o seu julgamento.

A Justiça prossegue investigando, colhendo depoimentos de testemunhas, realizando a perícia no local e avaliando exames médicos. O prazo para concluir a investigação é de quatro meses, mas é provável que o tempo seja menor que esse.

Comentário da Esposa

O jogador não foi o único a se pronunciar. Sua esposa Joana Sanz usou suas redes sociais para comentar sobre o caso, depois que o jornal “Vanitatis” interpretou de maneira errada sua publicação no Instagram, segundo ela. 

Em seu novo pronunciamento, ela afirmou que não está do lado do marido, que a frase que ela postou nas redes sociais “coração aguente tanta dor, por favor” foi para ela mesma.

Joana ainda confessou que a última vez que falou com o jogador foi na semana antes dele prestar depoimento e ser preso. 

Além disso, durante a tarde desta quarta-feira (25), Joana Sanz deletou todas as fotos do marido e com ele de suas redes sociais.

Contrato rescindido 

O lateral-direito que estava jogando pelo Pumas, do México, desde o meio do ano passado, teve seu contrato rescindido, imediatamente após ser preso pela acusação do crime sexual. O anúncio foi feito pelo presidente do clube, Leopoldo Silva, durante entrevista coletiva, no próprio dia 20 de janeiro. 

"Com a informação que ocorreu sobre o processo judicial que o jogador Daniel Alves enfrenta e pelo qual se encontra detido em Espanha, determinamos comunicar o seguinte: 'o Club Universidad Nacional determinou tomar a decisão de rescindir o contrato de trabalho por justa causa do jogador Daniel Alves, a partir deste dia”, informou o presidente.