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    Ataques com seringas em boates deixam autoridades em alerta; entenda

    Caso vem ocorrendo em cidades da França

    Publicado 03/05/2022 às 10:32 | Autor: Enfoco
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    Em inúmeros casos, médicos e enfermeiros constataram marcas de picada de agulha em braços, coxas, nádegas, tornozelos, ombros ou nas costas das pessoas atacadas
    Em inúmeros casos, médicos e enfermeiros constataram marcas de picada de agulha em braços, coxas, nádegas, tornozelos, ombros ou nas costas das pessoas atacadas |  Foto: Enfoco/Arquivo

    Internacional - Uma série de agressões misteriosas com picadas de agulhas em boates, bares e shows  ocorre em várias cidades da França. De acordo com as autoridades francesas já foram abertas mais de 100 investigações sobre o caso e as vítimas costumam ser  jovens, homens e mulheres, que após os ataques relataram sintomas como náuseas, vertigens, perda de equilíbrio, dores musculares e suor em excesso.

    Em inúmeros casos, médicos e enfermeiros constataram marcas de picada de agulha em braços, coxas, nádegas, tornozelos, ombros ou nas costas das pessoas atacadas.

    Dentre as principais localidades que os ataques são realizados estão Nantes, Grenoble, Paris, Lyon, Béziers, Rennes e Toulouse.

    O caso tem feito  donos de casas noturnas e organizadores de eventos festivos a reforçar a segurança por temores de novos ataques.

    As hipóteses sobre os motivos deste tipo de agressão estão em aberto, segundo os investigadores. Eles não sabem se seria uma forma de violência gratuita ou até mesmo uma espécie de desafio macabro "lançado nas redes sociais".

     

    As autoridades francesas ainda não têm nenhum suspeito nem a confirmação da substância administrada. 

    Vítimas

    Uma das vítimas foi a estudante de biologia Zoë Stoppaglia que estava em um bar em Grenoble, no sudeste da França, com amigos. Em entrevista ao jornal "Le Monde", ela contou que havia tomado apenas um copo de bebida alcoólica horas antes de se sentir muito mal bruscamente, com problemas na visão e perda de força nas pernas, o que a impossibilitou de conseguir ficar em pé.

    Ao seu lado no bar, um jovem apresentava os mesmos sintomas. Eles suspeitaram e foram para o hospital. Os testes deram negativo para o GHB, conhecido como a "droga do estuprador". No dia seguinte, o médico de Zoë constatou uma marca de picada de agulha no corpo da jovem.

    Ela fez um boletim de ocorrência e retornou ao hospital para exames complementares, ainda sem resultados, disse a estudante ao "Le Monde". "Tenho medo. Não sei até agora o que me injetaram. Os médicos não conseguem descobrir", afirmou.

    Outra vítima, Élodie, teve perda de memória durante horas após passar a noite em uma casa noturna em La Rochelle, no sudoeste do país. Em entrevista ao "Le Parisien", ela contou que no dia seguinte descobriu duas marcas de injeção em seu braço e hematomas, confirmados por um certificado médico. Outras vítimas também só identificaram a marca de agulha na pele no dia seguinte à agressão.

    O caso está sendo investigado por "administração de substância nocisa" a pena prevista é de três anos de prisão, mas pode chegar a dez anos no caso de circunstâncias agravantes como a premeditação ou o dano causado à saúde da vítima.

      

    Riscos

    Por medida preventiva, as vítimas iniciam rapidamente um tratamento com triterapia caso tenha ocorrido uma transmissão da aids por conta do uso de agulhas na agressão, mas até o momento todos os testes do vírus HIV deram negativo.

    Em Grenoble, os resultados de exames toxicológicos não revelaram, até o momento, a presença de GHB ou GBL, ambas usadas por estupradores para dopar suas vítimas. Mas o procurador de Grenoble, Éric Vaillant, disse ao "Le Parisien" que essas análises foram feitas mais de 17 horas após as agressões "o que não permite excluir formalmente a administração de GHB".

    Em Nantes, na Bretanha, o procurador Renaud Gaudel afirma que há até o momento 45 casos desse tipo, que ocorreram em 17 estabelecimentos. Alguns resultados ainda são aguardados, mas até o momento nem o GHB ou outro produto tóxico ou farmacêutico foi detectado. "O objetivo dessas picadas ainda precisa ser elucidado", disse Gaudel ao canal TF1.

    O GHB pode ser injetado rapidamente, mas outras substâncias necessitam uma injeção de alguns segundos. No entanto, as vítimas que perceberam instantaneamente que haviam sofrido uma picada relatam que ela foi feita rapidamente.

    Uma fonte ligada às investigações em Béziers disse ao "Le Monde" que há a possibilidade de ser uma substância produzida pelo corpo humano, como adrenalina ou insulina em excesso.

    Não houve nenhuma agressão sexual e em apenas um caso houve furto. Foi em Grenoble, onde um jovem prestou queixa afirmando ter sofrido uma picada de agulha em uma boate e ter tido seu telefone celular, cartão de crédito, relógio e chaves roubados.

    Segurança

    Devido ao número crescente de queixas registradas nas delegacias por conta das misteriosas picadas, estabelecimentos estão reforçando o controle dos clientes na entrada, com revistas mais detalhadas, além da instalação de câmeras.

    A boate Usine à Gaz, de Béziers, investiu 20 mil euros (cerca de R$ 100 mil) em câmeras, walkie-talkies e maletas de primeiros socorros, além de reforçar a equipe de seguranças, segundo seu gerente, Benoît Bienvenu. Desde então, ele diz que não houve nenhum novo caso de agressão utilizando agulhas.

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