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    'Deus me colocou lá', o médico de Niterói que salvou a criança em Fernando de Noronha

    Publicado 03/02/2022 às 20:04 | Autor: Romulo Cunha
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    Imagem ilustrativa da imagem 'Deus me colocou lá', o médico de Niterói que salvou a criança em Fernando de Noronha

    “Deus me colocou naquele local, naquele momento, para ajudar a salvar a vida de Nicole."

    As palavras do médico Leandro Crespo, chefe de cirurgia em um hospital particular de Niterói, é uma referência ao salvamento da menina, de 8 anos, atacada por um tubarão na última sexta-feira (28), em uma praia do arquipélago Fernando de Noronha, em Pernambuco.

    O médico, que passava férias com a família na ilha para comemorar o aniversário da esposa, decidiu ir a uma praia diferente para observar a fauna marinha e se divertir: a Praia do Sueste. No entanto, ao chegar no local, Leandro foi surpreendido por um pedido de 'socorro'.

    "Nós tínhamos alugado um bugre e logo no estacionamento nós ouvimos o pedido de socorro. Isso despertou o sentido de atenção, que nós cirurgiões temos. Quando eu vi o pai saindo da água com a criança no colo, o que já tem a ver com o que eu faço aqui no hospital, as minhas pernas entraram em modo turbo e fomos em direção. No momento agudo, nos deparamos com a cena: ela sem a perninha e em estado de choque"

    Torniquete

    O médico revela que pulou em cima da perna direita da criança, mordida pelo tubarão, para tentar estancar o sangramento. Outras pessoas também ajudaram, incluindo outras duas médicas que também estavam de férias, até que recebeu uma luva e teve a ideia de fazer um torniquete para terminar com o sangramento.

    A iniciativa de Crespo auxiliou no salvamento da criança. Com o procedimento, ele conseguiu comprimir os vasos femorais sem fazer nenhuma ligadura. Logo após o procedimento, monitores do Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio), responsáveis pela Ilha, conseguiram um caminhonete para levar a criança até o Hospital São Lucas, em Fernando de Noronha. No caminho, a pequena foi tranferida para uma ambulância do Corpo de Bombeiros.

    Nicole foi socorrida primeiramente por uma caminhonete. Foto: Reprodução

    "No hospital, tínhamos tudo que a gente precisava. Logo em seguida, chegaram as bolsas de sangue. Ficamos hidratando até ela estabelecer um pico de pressão. As coisas fluiram no melhor método possível, devido ao trabalho de equipe."

    Foram cinco horas com a família da menina prestando auxílio e esperando um avião que levaria Nicole, que tem o mesmo nome da filha mais nova de Leandro, para Recife. Crespo informou que a menina acordou, um alívio para a família. No entanto, com a agitação sobre os ferimentos e seu estado grave, ela precisou ser medicada para evitar que o compressivo não saísse da perna e atrapalhasse o tratamento.

    Como qualquer outra criança, Nicole conseguiu se acalmar após receber seu ursinho de pelúcia. Leandro informou que o pai da menina teve que ir em um voo antes para Recife e o médico ficou junto com a mãe da vítima.

    "No momento que a gente entregou ela estabilizada na ambulância, mentalmente eu estava preparado para ir a Recife junto com Nicole. Mas veio uma equipe médica preparada, eles falaram que não havia necessidade. Então, eu voltei para a minha família"

    Niterói

    Natural de Itaperuna, no Noroeste Fluminense, Leandro Crespo, de 54 anos, faz de Niterói seu lar há mais de uma década. Atualmente atua como chefe de centro cirúrgico.

    O caso

    Praia do Sueste foi interditada por tempo indeterminado. Foto: Divulgação


    A menor foi atacaca por um tubarão na manhã do último dia 28 na Praia de Sueste, em Fernando de Noronha. Natural de São Paulo, ela passava as férias com a família quando foi surpreendida pelo animal e teve a perna direita mordida.

    Um avião foi acionado no mesmo dia para levar a criança a capital. Ela foi levada para o hospital Real Português, onde ainda está internada.

    Na terça-feira (1º), a unidade informou a necessidade de amputação da região do ferimento. A paciente continua internada no Unidade de Tratamento Intensivo pediátrico e não há previsão de alta.

    Após o acidente, as praias do Sueste e Leão foram interditadas pelo ICMBio para evitar novos casos. De acordo com o instituto, já existe um estudo comprovando que a região é habitada por tubarões.

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