Política
Guilherme Boulos ganha título de Cidadão Niteroiense
Vereadores de Niterói decidiram, nesta quinta-feira (10), que o psolista e ex-candidato à Presidência da República Guilherme Boulos será agraciado com o Título de Cidadão Niteroiense. Boulos é coordenador nacional do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), educador popular, escritor e ativista pelo direito à cidade.
O Decreto Legislativo, de 2018, de autoria do vereador Paulo Eduardo Gomes e da então vereadora, hoje deputada federal, Talíria Petrone, ambos do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), foi aprovado por ampla maioria dos parlamentares na Câmara Municipal. O único voto contrário foi do vereador Douglas Gomes (PTC).
"Terrorista, gosta de tacar fogo, fechar rua. Aquele que é suspeito de extorquir famílias que não tinham teto e estimula invadir locais públicos e privados para poder arrecadar uma graninha: é esse Guilherme Boulos? [...] Esse movimento tem sujado a nossa cidade escrevendo 'Fora Bolsonaro'. Não tem problema. Quer ser contra? Ou a favor? Não tem problema. Agora sujar a cidade? Fechar via pública? Queimar pneu? Todos os vereadores dessa Casa não podem ser coniventes com essa forma de fazer política"
Douglas Gomes, vereador
Ainda estudante, Boulos foi ativista em defesa da educação pública, participando ativamente do movimento estudantil em São Paulo, e lecionando na rede pública de ensino paulista. Dois anos depois de se formar, tomou a decisão de deixar a casa dos pais e se mudou para a Ocupação Carlos Lamarca, do MTST, em Osasco, na Grande São Paulo.
Os vereadores justificam no Decreto Legislativo a importância de Boulos e do MTST no combate a falta de moradia digna no Brasil, e especialmente em Niterói. E, no texto, afirmam que ‘Niterói possui um enorme déficit habitacional, com cerca de 5 mil famílias sem teto ou em condições precárias de moradia'.
Conforme os parlamentares, em 2013, Niterói era a terceira cidade no ranking de pessoas que moram em áreas de risco. Eles acrescentam que ainda há centenas de vítimas da tragédia do Morro do Bumba à espera de uma solução definitiva no que tange à moradia.
"Com mais de 100 famílias, o MTST fez ocupação no Largo da Batalha, em agosto de 2015, em terreno abandonado no bairro. O terreno escolhido pelo movimento, segundo dados da própria Secretaria de Fazenda do Município, devia mais de R$ 3 milhões em IPTU e mesmo havendo há décadas a previsão de construção de um Terminal Rodoviário no local, sua desapropriação nunca havia sido concluída. A ocupação nos ajudou a retomar não apenas o debate necessário acerca do direito à moradia, mas também a trazer à tona novamente a discussão sobre a urgente necessidade de alteração no sistema viário e de transporte do município"
Paulo Eduardo Gomes, vereador autor do Decreto Legislativo
Há pouco mais de quatro anos, Boulos tinha sido solto após passar o dia detido no 49ª Distrito Policial, em São Mateus, na zona leste da capital paulista.
À época, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo disse que ele foi detido sob acusação de desobediência, incitação à violência e por ter lançado rojões contra a Polícia Militar durante a ação de reintegração de posse de um terreno, em São Mateus, onde moravam 700 famílias.
Guilherme Boulos contestou a prisão, alegando ser arbitrária e de cunho político.
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