Política
Em decisão unânime, Jairinho perde o mandato na Câmara do Rio
A Câmara municipal do Rio votou, nesta quarta-feira (30) a cassação do mandato do agora ex-vereador Jairo Santos Souza Júnior, o Jairinho. Por unanimidade, os parlamentares decidiram pela perda do mandato na Casa. Foi a primeira vez que parlamentares do legislativo fluminense votaram a matéria em 44 anos de existência do parlamento. Os vereadores também fizeram um minuto de silêncio durante a sessão de votação à memória de Henry Borel. Para que Jairinho perdesse o mandato, era necessário que a votação atingisse 2/3 do colegiado, ou 34 votos dos 50 parlamentares. O placar final foi de 49 a 0. O vereador Dr. Gilberto foi a única ausência na sessão.
Jairinho é acusado de torturar e matar o enteado, Henry Borel, de quatro anos, na madrugada do dia 8 de março deste ano em casa, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio. Ele era namorado da mãe do menino, Monique Medeiros. Os dois foram presos um mês depois. O ex-parlamentar foi denunciado por homicídio triplamente qualificado e tortura. Jairinho perde o mandato três quatro meses depois do crime.
Antes, ele já havia perdido o cargo e estava sem receber salários da Casa. Todos os funcionários do gabinete do ex-político foram exonerados. No mesmo dia de sua prisão, em 8 de abril, o Jairinho foi expulso pelo Solidariedade.
"O momento é difícil, é dramático, mas vamos dar à sociedade a resposta que tanto clama, assim como o pai do menino Henry", disse a vereadora Tereza Berguer (Cidadania).
"Espero que hoje haja consenso no que vamos votar aqui. Nosso julgamento aqui vai ser político, com P maiúsculo", Chico Alencar (Psol)
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), chegou a chorar enquanto falava sobre o processo de cassação de Jairinho. Carlos lembrou ainda sobre a facada do presidente Jair Bolsonaro, seu pai, quando foi atingido durante a campanha para as eleições de 2018.
"Não sou de ficar fazendo politicagem, falo o que está no meu coração. Queria traçar esse paralelo, e parabenizar o vereador Luiz Carlos Ramos (PMN) sobre a condução do processo", disse
Defesa
Advogado de Jairinho, Berilo Martins tentou argumentar e sensibilizar os parlamentares, dizendo que o ex-parlamentar estava sendo vítima de julgamento injusto.
"Alguém aqui já viu o Jairinho dando uma banda? Torturando alguém? Uma reportagem disse que ele usou terno Armani. Ele nunca usou terno Armani. O vereadores falaram aqui de monstro, assassino. Mas estamos falando de uma pessoas que ainda não foi julgada. Sabemos do que foi produzido no inquérito", disse o advogado de Jairinho. O advogado deu outra versão para a informação da ligação de Jairinho para o governador Cláudio Castro. Segundo o advogado, o telefonema foi para o parlamentar saber o trâmite adequado para o caso.
Ele ainda comparou a situação do vereador com a do ex-presidente Lula, que ficou preso e teve seu processo anulado pelo STF.
"Deixo aqui uma reflexão pra vocês. Depois de todo o processo do Lula, chegou-se à conclusão de que os processos eram ilegais. Será que aqui não vamos cometer o mesmo erro?", questionou.
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