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    Política

    Deputada do PSOL solicitará à ONU que anule fala de Bolsonaro

    Publicado 21/09/2021 às 15:00 | Atualizado em 22/09/2021 às 14:38 | Autor: Enfoco
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    Imagem ilustrativa da imagem Deputada do PSOL solicitará à ONU que anule fala de Bolsonaro
    |  Foto: Foto: Pablo Valadares - Arquivo Câmara dos Deputados
    Talíria Petrone ressalta que o presidente Bolsonaro mentiu sobre temas como economia, corrupção, combate à pandemia. Foto: Pablo Valadares - Arquivo Câmara dos Deputados

    A bancada do PSOL na Câmara, por meio da líder Talíria Petrone (PSOL-RJ), enviará na tarde desta terça-feira (21) uma carta em que denuncia oficialmente aos Estados-membros e ao secretário-geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, as falas ditas pelo presidente Jair Bolsonaro em seu discurso na Assembleia Geral da ONU. Segundo a parlamentar, foram baseadas em 'mentiras'.

    No texto, que também será enviado ao diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, os parlamentares afirmam que Bolsonaro 'envergonha o país e joga no lixo a tradição diplomática brasileira ao mentir compulsivamente sobre os mais variados temas'.

    "Ao se utilizar da Assembleia Geral para defender o falso tratamento precoce, Bolsonaro não desrespeita apenas a ONU, mas insulta milhões de familiares de vítimas da Covid-19 no Brasil e no mundo”, destacam.

    Talíria Petrone ressalta que o presidente Bolsonaro mentiu sobre economia, corrupção, combate à pandemia, situação ambiental e dos direitos dos povos indígenas e até mesmo sobre o visto humanitário para afegãos.

    "Não podemos permitir que depois de quase dois anos de pandemia o presidente do Brasil vá à ONU atacar as vacinas e defender o falso tratamento precoce por cloroquina”, declarou.

    Bolsonaro

    O presidente Jair Bolsonaro disse, nesta terça (21), ao abrir a sessão de debates da 76ª Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), que o Brasil está trabalhando na atração de investimentos da iniciativa privada e que possui “tudo o que investidor procura: um grande mercado consumidor, excelentes ativos, tradição de respeito a contratos e confiança no nosso governo”.

    O presidente Bolsonaro disse que o país está promovendo o modal ferroviário e outras ações dentro do seu programa de parceria de investimentos, e que já foram firmados mais de US$ 6 bilhões em contratos privados para novas ferrovias. O presidente lembrou que em agosto o governo também instituiu um novo marco legal para o setor, permitindo que a construção de novas ferrovias seja feita por meio de uma autorização simplificada.

    “Em poucos dias, recebemos 14 requerimentos de autorizações para novas ferrovias com quase US$ 15 bilhões de investimentos privados”, disse. “Como reflexo, menor consumo de combustíveis fósseis e redução do custo Brasil, em especial no barateamento da produção de alimentos”, complementou Bolsonaro.

    Por meio do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI), segundo o presidente, já foram contratados US$ 100 bilhões de novos investimentos e arrecadados US$ 23 bilhões em outorgas. Para os próximos dias, o governo também vai realizar o leilão para implementação da tecnologia 5G no Brasil, disse o presidente.

    Durante seu discurso, o presidente reafirmou o compromisso firmado na Cúpula de Líderes sobre o Clima, em abril, de alcançar, até 2050, a neutralidade zero de emissões de gases de efeito estufa no país, antecipando em dez anos a sinalização anterior, prevista no Acordo de Paris.

    Os artigos 5º e 6º do Acordo de Paris, firmado em 2015, tratam sobre os procedimentos financeiros para alcançar a redução das emissões, tema que deverá ser debatido na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática, a COP26, que será realizada em novembro em Glasgow, na Escócia.

    No evento, o Brasil quer buscar consenso sobre as regras do mercado de crédito de carbono global, o que deve atrair mais investimento para o país. “Esperamos que os países industrializados cumpram efetivamente seus compromissos com o financiamento de clima em volumes relevantes. O futuro do emprego verde está no Brasil: energia renovável, agricultura sustentável, indústria de baixa emissão, saneamento básico, tratamento de resíduos e turismo”, disse.

    Covid-19

    Ainda em meio à pandemia da Covid-19, esta edição da Assembleia Geral da ONU é realizada de forma híbrida, com declarações presenciais e por vídeo. No ano passado, o evento foi totalmente virtual. Tradicionalmente, o Brasil é o primeiro país a fazer um pronunciamento e o presidente Jair Bolsonaro optou em ir pessoalmente a Nova York.

    Ele lamentou as mortes por Covid-19 e disse que o governo vai vacinar “todos que escolheram ser vacinados no Brasil” até novembro. O presidente se manifestou contra o passaporte da vacinação, que cobra imunização dos cidadãos para acesso a serviços. “Apoiamos a vacinação, contudo o nosso governo tem se posicionado contrário ao passaporte sanitário ou a qualquer obrigação relacionada a vacina”, disse.

    Durante seu discurso nas Nações Unidas, Bolsonaro também disse que o governo brasileiro apoia “a autonomia do médico na busca do tratamento precoce”. “Eu mesmo fui um desses que fez tratamento inicial. Respeitamos a relação médico-paciente na decisão da medicação a ser utilizada e no seu uso off-label”, disse.

    O medicamento chamado off-label é aquele prescrito pelo médico que diverge das indicações da bula. Desde o início da pandemia, no ano passado, o presidente defende o uso dessas medicações como, por exemplo, a hidroxicloroquina, que não tem eficácia científica comprovada contra a Covid-19, mas pode ser prescrito por médicos com a concordância do paciente.

    “Não entendemos porque muitos países, juntamente com grande parte da mídia, se colocaram contra o tratamento inicial. A história e a ciência saberão responsabilizar a todos”, complementou.

    Em sua fala, o presidente também destacou a atuação brasileira no campo humanitário e no combate à pandemia; às mudanças que seu governo está promovendo no país e o retorno do Brasil ao Conselho de Segurança da ONU. No biênio 2022-2023, o Brasil ocupará um assento não permanente na entidade.

    Com Agência Brasil

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