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    Política

    Da Câmara à delegacia: acusações de machismo e homofobia entre vereadores de Niterói

    Publicado 07/07/2021 às 22:19 | Autor: Cicero Borges
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    Vereadora Verônica Lima garante que irá registrar ocorrência contra o vereador psolista. Fotos: Arquivo

    Os ânimos na Câmara Municipal de Niterói esquentaram nesta quarta-feira (7). Isso por conta de uma discussão entre os vereadores Verônica Lima (PT) e Paulo Eduardo Gomes (Psol), que ultrapassou as cadeiras do parlamento niteroiense e foi parar na delegacia com direito a ofensas, bate-boca, e acusações de homofóbia.

    O desentendimento aconteceu durante reunião do colégio de líderes, na sala da presidência, ainda durante a tarde. Ao questionar um Projeto de Lei do vereador Paulo Eduardo Gomes (Psol), a petista afirma ter sido insultada pelo a parlamentar aos gritos, e garante que as atitudes do psolista, contra ela, não são novidades.

    "Tem muito tempo que venho sofrendo com essa perseguição do vereador. Hoje [quarta] na reunião do colégio de líderes foi colocado PL do Paulo e me lembrei que eu tinha um de igual teor e que estava parado na Comissão dele há dois anos e ele mostrou um igual. Eu me manifestei. Ele analisou e começou a alegar que era inconstitucional. Eu falei que não cabia, que tinha que dar parecer da Saúde e ele se exaltou comigo, começou a gritar"

    Segundo a petista, foram feitos vários pedidos para que o vereador cessasse com as discussões e, ao ser questionado, Paulo Eduardo não teria gostado e interpelou a vereadora.

    "No momento que o vereador começou a gritar comigo eu pedi a ele três vezes que falasse baixo, e pedi de maneira tranquila. Ele estava do outro lado da mesa levantou, colocou o dedo em riste e perguntou: 'Você quer ser homem? Então vou te tratar igual a homem', e veio em minha direção. Eu levantei, o chamei de homofóbico"

    O clima esquentou e a petista, em sua fala no plenário da Câmara, informou que pretende ir à delegacia denunciar de maneira formal o político.

    "Eu vou pra delegacia. Venho aturando esse comportamento há muito tempo. Ele não está levando a sério. Acha que pode ganhar no grito. Não adianta me perseguir, querer me intimidar. Não sei qual problema comigo. Se for, que busque tratamento. Eu não vou aceitar. Fui vítima de ato de homofobia, machismo, intimidação. Desculpas não vão apagar o que vossa excelência me fez. Me fez sair chorando. Nunca chorei nessa Casa legislativa. Hoje eu chorei de dor, porque é feio ver no microfone um hipócrita dizendo que é defensor da esquerda"

    Paulo Eduardo Gomes, por sua vez, reconheceu que se alterou e pediu desculpas. O parlamentar lembrou da militância em relação à luta LGBTQIA+ em Niterói e disse que vai refletir com o partido sobre o episódio. O vereador, autor ainda em 2006 de uma das primeiras legislações aprovadas no Brasil para reconhecer o direito à pensão para servidores que convivessem com companheiros do mesmo sexo, justifica que rejeita toda e qualquer forma de machismo, racismo e LGBTfobia.

    "Cometi um ato absolutamente machista e agressivo à vereadora Verônica. No ato que isso ocorreu, a vereadora Benny, representando o Psol, pediu desculpas no que referendei e pedi desculpas também. É evidente que é imperdoável e não se justifica, para quem há 40 anos milita na defesa de todos os direitos humanos e manifestações de parada LGBT em Niterói. Vou me reunir com a direção do Psol Niterói e meu partido irá me ajudar a refletir coletivamente sobre este fato e sobre a melhor forma de avançar nesta necessária autocrítica. Entendo que o machismo é inadmissível e deve ser combatido cotidianamente e me comprometo coletivamente a não cometer mais este tipo de erro", comentou.

    Entre farpas

    O atritos entre os parlamentares estão acontecendo com certa frequência na Casa. No mês passado, durante reunião da Comissão de Habitação e Regularização Fundiária, Verônica já tinha acusado o psolista de desrespeita-la com gritos e até 'dedo na cara'.

    À ocasião, o parlamentar ainda teria enviado mensagem para Lima, com orientações sobre posicionamentos que a vereadora deveria adotar durante as discussões. Essas mensagens, portanto, seriam anúncios de apartamentos sendo vendidos em parâmetros que atendem a classe média alta da cidade.

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