Política
Capitão Nelson: 'Estamos próximos do fundo do poço'
Por:Matheus Merlim
Nelson Ruas dos Santos, conhecido politicamente como Capitão Nelson, de 62 anos, é a escolha do Avante para disputar o cargo de prefeito de São Gonçalo nesta eleição. Policial militar que atuou mais de 20 anos no batalhão da cidade, no 7º Batalhão, acredita no uso da fé como ferramenta de transformação da sociedade. Segundo o candidato, 'a polícia por si só não vai conseguir resolver, como nunca resolveu'. Capitão Nelson promete unir forças com lideranças religiosas para 'resgatar e evangelizar crianças, adolescentes e adultos envolvidos com o crime'.
- Por que São Gonçalo precisa de Capitão Nelson como prefeito pelos próximos quatro anos?
Tomamos essa decisão por entender que nas últimas eleições, as opções não tem sido muito boas para o eleitor gonçalense. Então, nós temos um assédio muito grande por parte dos amigos e dos eleitores fiéis para que nos candidatássemos para prefeito. E vendo o município na situação em que se encontra, temos 33 bairros com inúmeras barricadas, comunidades reféns do tráfico de drogas ou da milícia, a gente se sentiu na obrigação de tentar fazer algo pelo município. Vamos ter que levar os serviços públicos, a Saúde, a Educação e Assistência Social. E também, conjuntamente com as igrejas evangélicas e católicas para que a gente consiga resgatar e evangelizar crianças, adolescentes e adultos envolvidos no crime. Se não for através da fé, não vamos conseguir obter êxito.
- O que o senhor considera como principal problema na gestão municipal de São Gonçalo? E o que o senhor faria de diferente?
Estamos com as aulas suspensas por conta da pandemia, mas na área da Educação, temos um sistema de ciclos empregados na rede municipal de ensino que a criança vai passando de ano e ano e chega até a 5ª série sem saber ler e escrever. Isso foi implementado em São Gonçalo por um outro governo e a gente precisa dar uma reformulada, rever esse sistema de ensino porque eu não vou compactuar com que a gente produza analfabetos. Bem como a distribuição da merenda escolar, que é realizada por uma única empresa em São Gonçalo. Temos 91 escolas e 25 creches, então 116 unidades que a merenda escolar tem que ser distribuída. Aí você imagina a grande logística que essa empresa tem que ter para percorrer 248km². Vamos dar autonomia aos diretores das unidades escolares, juntamente com o conselho escolar, de fazer essa licitação no entorno do colégio, nos comércios da redondeza.
- Qual a análise que o senhor faz dos seus adversários?
Complicado dizer, porque a gente está tendo pouco tempo para cuidar da nossa campanha. Costumo dizer que sou uma andorinha só e para administrar uma cidade com inúmeros problemas que a gente tem em São Gonçalo, a gente não vai conseguir sozinho. Então estou procurando profissionais da administração pública no estado para que eles participem de um gabinete de gestão no município para assessorar todos os secretários em cada pasta. Para que a gente consiga captar recursos tanto do governo do estado quanto do governo federal, tendo em vista que a margem de investimentos que sobra do orçamento municipal é muito pouca. O tempo é muito curto da eleição até a posse. O gestor que ganhar tem 30 dias para montar uma equipe de 15 secretários, no mínimo. Por isso que eu não tenho tempo de verificar qual é a capacidade de um ou outro candidato.
- A disputa eleitoral em São Gonçalo tem o costume de seguir para o segundo turno. Caso o senhor avance, há possibilidade de se estabelecer alianças com adversários?
Costumo dizer que política não se faz sozinho. A gente precisa do auxílio de muitas pessoas e de muitos partidos políticos, tenho essa consciência. Mas não abro mão das cabeças pensantes serem profissionais técnicos capacitados, porque eu não vou fazer a mesmice. É preferível eu não assumir a prefeitura, porque eu já tenho 38 anos trabalhados em São Gonçalo. Não tenho nenhum arranhão no meu nome, nunca tive meu nome envolvido em nenhuma fraude, em nenhuma falcatrua. Então eu não vou trocar 38 anos limpos por conta de quatro. Prefiro fazer da minha forma, a mesmice não me interessa. Em todas as pastas nós temos problemas. Em todas elas teremos que ter profissionais capacitados para tocá-las.
- E se o senhor não estiver numa disputa de segundo turno, vai apoiar alguém?
É uma coisa a se estudar. Não parei ainda para pensar, acredito que talvez seria melhor eu até ficar de fora. Porque é muito difícil você participar de um governo, do qual ao meu ver não seja capacitado para administrar o município na situação em que se encontra. Estamos muito próximos do fundo do poço. Então é importante que as pessoas entendam que acompanhar uma outra maneira de administrar o município, talvez isso acabe respingando alguma coisa de ruim no nosso nome.
Segurança
O candidato pretende, caso eleito, implantar já no segundo mês de mandato o programa 'São Gonçalo Presente', um convênio com o governo do estado para ampliar o Segurança Presente na cidade, com o acréscimo de recursos investidos pela própria prefeitura. Segundo o prefeitável, o gasto para colocar mais 150 agentes nas ruas já foi até calculado.
"Enquanto deputado conseguimos trazer duas bases do Segurança Presente para a cidade, só que a gente tem 93 bairros e não é suficiente"
Ainda caminhando pelo campo da Segurança Pública, o candidato acredita que é preciso criar um 'ambiente favorável' em São Gonçalo para atrair o interesse de empresas e gerar emprego na cidade. Capitão Nelson considera ter a atenção voltada, caso eleito, para a união de melhorias de infraestrutura aliada ao combate ao crime organizado.
"Historicamente o poder público gonçalense nunca se aproximou do comerciante, nem do empresário. Haja vista que temos perdido ao longo dos anos várias empresas na cidade. Logicamente, temos que criar um ambiente favorável. Se a gente manter ruas esburacadas, mal iluminadas, será uma insegurança completa porque temos comerciantes e empresários que estão tendo que efetuar pagamentos não só aos traficantes, mas aos milicianos também. Fica inviável a vinda de qualquer empresário, de qualquer investimento de fora para São Gonçalo", conclui.
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