Política
Alerj discute saúde dos petroleiros em meio à pandemia da Covid-19
A saúde dos trabalhadores do setor do petróleo foi discutida em audiência pública virtual realizada pela Comissão de Trabalho, Legislação Social e Seguridade Social da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) nesta segunda-feira (10).
Relatos de falta de infraestrutura e de investimento foram feitos pelos participantes, o que levou a presidente do colegiado, deputada Monica Francisco (Psol), a sugerir uma nova reunião com a presença de gestores da Petrobras, além de representantes das Comissões de Assistência Social, de Direitos Humanos e de Saúde, para buscar melhorias.
“A maior violação dos direitos humanos nesse período de pandemia é contra a classe trabalhadora. Teremos um pós-socioeconômico disso, que pode ir de 2023 a 2026. Venho percebendo a dinâmica imposta, que na minha opinião, é uma política que gera a perda de muitas vidas”, afirmou a parlamentar.
A representante dos trabalhadores no Conselho Administrativo da Petrobras, Rosângela Torres, relatou corte de 30% na refinaria Reduc, além de ressaltar os efeitos das novas relações impostas pela pandemia sobre a saúde física e mental dos profissionais.
“Não há mais diálogo e vejo que as decisões são unilaterais. A sobrecarga dos trabalhadores está causando perda de conhecimento técnico e de segurança. Quem está no trabalho remoto também sofre as consequências causadas pelo estresse”, ressaltou.
O sociólogo e pesquisador do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombutíveis, Rafael Rodrigues, detalhou mudanças na rotina do trabalhador da refinaria.
“Além do aumento de carga horária de oito para até 12 horas de trabalho, para quem trabalha presencialmente, há um salto no número de contaminações pelo coronavírus. De uma hora pra outra, pessoas tiveram que criar uma estrutura em casa: mesa, cadeira, computador, internet, gerando gastos. Houve reembolso, mas tardio. O ambiente doméstico não é propício, o feedback do trabalho presencial entre os colegas fica perdido, causando estresse’’, concluiu.
O técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), Cloviomar Carrarine, falou durante a reunião, sobre a insegurança vivida pelos profissionais devido à falta de estrutura e investimentos. “Há defasagem de investimentos desde 2014. De lá pra cá, houve uma queda no número de trabalhadores. De 1.800, estamos agora com 1.200 profissionais’’, comentou Carrarine.
O superintendente de Relações Institucionais e Governo da Secretaria de Estado de Trabalho e Renda, Pablo de Mello, informou que, desde 2019, cerca de dois mil trabalhadores da unidade foram contaminados com a covid-19.
"A Reduc não tomou decisões para proteção desses trabalhadores. Inclusive há denúncias de falta de máscaras e álcool em gel”’ declarou Mello.
A audiência contou com a participação de representantes de sindicatos e outras entidades do setor petroleiro.
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