Política
'A justiça chega', garante o delegado Deuler em Niterói
Por Ezequiel Manhães
O delegado Deuler da Rocha é a escolha do Partido Social Liberal (PSL) na disputa pela Prefeitura de Niterói. Sereno no discurso, ele enfatiza que pretende 'arrumar aquilo que der para arrumar, vender o peixe, implementar os projetos, bater continência e sair andando', caso eleito — numa clara referência a não ter pretensão de seguir carreira política por longos anos, no município que nasceu e constituiu família.
Deuler confidencia ter sido incitado à disputa pelo colega deputado federal Felicio Laterça, vice-presidente estadual da legenda, e que segundo ele, apresentou projeto para construção de uma estrutura comandada a partir de 'princípios legais, claros, evidentes e anticorrupção'.
O prefeitável garante não ter a vida baseada em natureza ideológica e promete - dentre outros pontos - reduzir o número de secretarias na cidade ao simbólico 17.
- O que o senhor enxerga como principal problema na gestão municipal de Niterói?
O principal problema na gestão de Niterói é a falta de transparência e a aparente corrupção que decorre disso. Não estou abrindo a boca levianamente para falar sobre ela. É uma corrupção que está nos jornais, nos processos: tem nome, endereço telefone e CPF. Não é Deuler que está falando disso. Esse processos não passaram na minha mão. Uma simples consulta processual já indica o que há e o que não há.
- Então, quais políticas o senhor pretende implantar para que esse cenário seja mudado?
Uma diminuição imediata no número de secretarias, porque isso faz com que a prefeitura perca o controle dos serviços que estão sendo realizados e da seriedade das determinações de cada secretário. Quando tem um universo superior a 50 secretarias você começa a entrar, mais ou menos, na ideia surrealista da administração. Ninguém tem capacidade de analisar um elefante desse tamanho: tem que trazer um número mínimo. Eu sei como se administra com 15, com 20. Eu quero chegar ao número simbólico de 17, aí eu vou parar. Vamos extinguir com o chefe ladrão. Se não for honesto não vai ser chefe. Se for ladrão, vai ser preso, sendo chefe ou não. A nossa estrutura vai ser comandada a partir de princípios legais claros, evidentes e anticorrupção. É uma coisa da qual eu não abro mão.
- Por que Deuler precisa gerir Niterói pelos próximos quatro anos?
Eu não me auto escolhi, não me auto candidatei. Comigo aconteceu um fenômeno, que, em regra, pelo o que me parece, é distinto, pelo o que acontece com a maior parte dos candidatos. Eles têm uma disputa política de longo prazo, um histórico com política. O meu histórico foi fora da política. Eu antes da Polícia Federal já tinha exercido alguns cargos de gestão e dentro da PF geri não só várias unidades, repartições, delegacias, projetos, como tive possibilidade de circular Brasil afora com concentração maior no Rio, e últimos anos em Niterói. Mas a verdade é que aprofundei a ideia de gestão exercendo essa pluralidade de cargos que exerci. A minha ideia de gestão não é permeada pelo simples fato de conhecer bem o orçamento público ou em razão de ter investigado questões relativas a vários municípios e saber onde pode ter um caroço ou outro. Mas, especialmente, porque isso no aspecto repressivo me deu uma impressão de que não há atuação no aspecto preventivo: antes da coisa acontecer. Porque se você cria no município um sistema de transparência e controle permanente, certamente não vai viver esse problema.
- Qual análise o senhor faz da sua candidatura com relação aos adversários?
O que eu digo sempre a população é: cuidado com a pessoa que não explica a própria vida. Se você perguntar como Deuler vive, toda a história da minha vida tem início, meio e fim. Não há uma correlação explicável entre pessoas que há bem pouco tempo não tinham patrimônio quase nenhum ou pouco patrimônio e hoje andam ostentando felicidade. Acho até que eles têm seus motivos para sorrir, mas acredito que seja por pouco tempo. A justiça chega. Sairemos vencedores por conta da simplicidade com que estamos lidando com as coisas. Não tenho proposta mirabolante, não tenho varinha mágica. É simples: abrir a lei e aplicar a lei seja pra quem for, porque o amiguinho tem que saber também que está sujeito à lei.
- Como Deuler da Rocha atenta para Mobilidade hoje em Niterói?
Tem que parar de criar aquilo que até foi apelidado de corredor da morte; algumas denominadas ciclovias, que não são ciclovias, que são uma simples pintura no meio das ruas, com o propósito de simular uma ciclovia que não existe. Todo ciclista de Niterói sabe disso. Vamos escolher um plano sério a esse respeito. Fora reformulação de mãos, aberturas de determinados pontos, criação de espaços mais amplos em determinados pontos que hoje são ocupados por praças para minimizar os problemas. Mas mais importante que isso, criaremos vias na lateral da cidade. Isso é uma obra que é de dimensão bem maior do que se imagina. Fomos colher aquilo que hoje se pratica em boa parte da Ásia com aqueles trens suspensos. Metrô em Niterói é inviável. Fui questionar duas pessoas que foram presidentes de Metrô e escutei repetidas vezes que é impossível.
- O que o senhor trará de inovação para a área da Saúde?
Niterói não investe em medicina preventiva. Vamos determinar a criação de uma rede de medicina preventiva com consecução de exames de forma mais ligeira para todas as fases da vida e faixas de atuação. Além disso, a medicina preventiva é medida de economia para o município. Construiremos o Hospital de Idoso e teremos uma política direcionada ao tratamento da saúde da mulher. No Hospital do Idoso, teremos atendimento e diagnóstico moderno. E não esqueceremos dos animais. Construiremos o primeiro hospital municipal veterinário para atendimento ambulatorial, cirurgias, vacinação e demais cuidados com nossos bichinhos.
- No seu plano de governo, há ideia de estender o período do Niterói Presente por 24 horas.
Sempre falo que temos que mudar o nome 'Niterói Presente' para 'Niterói Onipresente'. A violência não dorme nunca. Hoje em dia temos tecnologia eficiente, de ponta, para gerir essa questão. Poderíamos usar a mesma tecnologia de Berlim, com menos contingente, de forma inteligente. Temos que ter atenção também a quem fica atrás do monitor, que é fundamental e tem que ser bem treinado. Se a cidade não para, a segurança não pode parar.
Quem é Deuler da Rocha?
Deuler da Rocha tem 56 anos, é casado e pai de dois filhos. Delegado de Polícia Federal há 24 anos, passou os seis últimos na delegacia de Niterói. Foi superintendente da PF no Amazonas e no Amapá e chefiou o Conselho de Segurança do Meio Norte, a Interpol e as delegacias de Repressão a Entorpecentes, de Crime Organizado e Inquéritos Policiais, de Crimes Contra o Meio Ambiente, Patrimônio Histórico e Cultural, e Marítima, Aérea e de Fronteira.
Ele é formado em Direito pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e abriu seu próprio escritório de advocacia após se formar. Ocupou ainda o cargo de técnico processual na Procuradoria da República, para o qual também passou por concurso público antes de ir para a PF. Fez vários cursos, como na Polícia Francesa (Brevet A.E.F.) e na Espanha (Observador de Missões de Paz da ONU).
Apesar de estreante na política, enfrentou seu primeiro desafio ainda no período de convenções, dentro do próprio partido, numa polêmica protagonizada pelo deputado federal Carlos Jordy (PSL-RJ) que chegou a notificar a executiva municipal da sigla exigindo a anulação do pacto. Quem assumiu o posto de candidato a vice-prefeito de Deuler foi o empresário Alexandre Ceotto, do Republicanos.
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