Polícia
Vídeo flagra o terror que terminou na morte de passageira em SG
Um dos acusados de envolvimento no assalto ao ônibus que terminou com a morte de uma passageira, na última sexta-feira (3), na RJ-106, em São Gonçalo, o criminoso conhecido como 'Cabelinho', segue na mira de polícia. A Divisão de Homicídios de de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) investiga as circunstâncias do crime, que aterrorizou passageiros do coletivo, da empresa Amparo, linha Itaipuaçu-Castelo, na madrugada da última sexta-feira.
De acordo com o delegado Mário Lamblet, responsável pela investigação, é fundamental a participação da população nas denúncias que possam ajudar a polícia a chegar até o acusado, que teria acobertado a dupla de assaltantes e auxiliado na tentativa de fuga dos assaltantes com um outro comparsa. Os outros três envolvidos na ação já foram presos. Um deles ficou ferido e buscou atendimento no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, e o outro foi atendido em um Hopsital Municipal Desembargador Leal Junior, após serem baleados na ação.
“Identificamos a participação desse quarto suspeito e descobrimos que ele é ligado ao tráfico de drogas do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo. Estamos buscando a posição desse bandido na hierarquia do crime daquela região. Ele é o único foragido da ação”
Complexo do Salgueiro
Controlado pelo traficante Antonio Ilário Ferreira, o Rabicó, o Complexo do Salgueiro é apontado pela polícia como o principal reduto do Comando Vermelho em São Gonçalo. Com forte arsenal bélico e centenas de soldados espalhados pelas oito localidades que compõem o conjunto de favelas, o 'quartel-general' da facção criminosa é utilizado como esconderijo de traficantes de várias regiões do país e escritório para elaboração de ações criminosas, como roubos de veículos e cargas na BR-101, em São Gonçalo. O lucro estimado do tráfico local supera a marca de R$ 20 milhões com diversas práticas ilegais como extorsão de comerciantes, cobranças de serviços considerados essenciais, além da venda de drogas.
Quarteto orquestrou assalto
De acordo com a investigação da especializada, a ação criminosa foi planejada. Segundo a polícia, o grupo se dividiu em duplas, em que uma seria responsável pelo roubo de passageiros e a outra faria a cobertura dos criminosos a bordo de um veículo, ainda não identificado.
Entretanto, o grupo não contava com a presença de um subtenente da Polícia Militar, lotado no Batalhão de Botafogo (2°BPM), dentro do ônibus. O PM reagiu a ação criminosa, dando início a intensa troca de tiros, que acabou com uma vítima fatal.
Após roubar pertences e fugir, em razão da reação do policial militar, os bandidos entraram no veículo de cobertura e seguiram em direção a unidades de saúde da região. O único que escapou da prisão nesses hospitais foi o criminoso, conhecido como Cabelinho, que segue foragido da polícia.
Câmera flagrou ação
Imagens de câmeras de segurança do coletivo flagraram a ação dos criminosos, que entraram no coletivo, às 4h55 da última sexta-feira. A dupla de bandidos chega a sentar em bancos do coletivo e, poucos metros à frente, anuncia o assalto. Enquanto um foi até a roleta e solicitou que o motorista do passageiro parasse o coletivo próximo a entrada do bairro Ipiiba, o outro recolheu os pertences dos cerca de 40 passageiros.
Poucos segundos depois, o policial militar reagiu e houve uma intensa troca de tiros, gerando medo e desespero dos passageiros no coletivo. Nesse momento, uma idosa acabou sendo atingida por um disparo no tórax. O policial militar foi atingido no abdômen e um passageiro foi acertado na perna esquerda.
Vítima se mudou em razão da violência
Na manhã do último sábado (4), familiares contaram que a psicóloga e professora Elvira Ferreira Matos, de 75 anos, havia se mudado para Itaipuaçu, bairro onde residia, por temer a violência e acreditar que o bairro era seguro.
De acordo com Marta Matos, cunhada de Elvira, a idosa não tinha filhos e vivia em Itaipuaçu, na companhia de 14 cachorros.
“Ela não tinha filhos e era muito apaixonada por bichos desde sempre. Ela dizia que os animais eram tudo para ela. Teve época de ter 30 animais, mas ela contava com uma rede de apoio”
A cunhada da vítima disse ainda que Elvira tinha muito medo da violência.
“Ela foi morar em Itaipuaçu por conta da violência. Ultimamente, ela falava até em sair do país, mas infelizmente não deu tempo”
Roubo a coletivos em queda em SG
Embora a ação do quarteto de criminosos tenha causado morte e apreensão, o cenário de roubo a coletivos tem apresentado uma melhora na segurança dos passageiros de transporte público em São Gonçalo. De acordo com dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), o município registrou 15 crimes dessa magnitude em outubro deste ano, uma queda de 65% em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 44 roubos a coletivo.
Com relação aos dez primeiros meses deste ano, a cidade teve uma queda de 34%. De janeiro a outubro deste ano, o município registrou 324 roubos a coletivos, enquanto, no mesmo período de 2020, houveram 492 casos dessa magnitude.
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