Polícia
Tráfico silencia moradores do Complexo do Salgueiro
Moradores do Complexo do Salgueiro, em São Gonçalo, estão sendo silenciados por traficantes ligados a facção criminosa Comando Vermelho (CV). Isso porque, o bandidos proibiram o compartilhamento de imagens dos corpos encontrados na comunidade após a operação do Batalhão de Operações Especiais (Bope), no último fim de semana. Em tom de ameaça, os criminosos usaram a internet para avisar 'quem compartilhar as imagens dos amigos será severamente punido'.
A publicação feita na última segunda-feira (22) foi compartilhada por dezenas de perfis e chegou a receber comentários de possíveis policiais militares, que debocharam das mortes no manguezal, alegando que tratam-se de crimes ambientais.
“Aí rapaziada, quem for pego postando ou compartilhando vídeo/foto dos amigos será punido severamente. Falta de respeito...”
comunicado divulgado nas redes
O aviso acontece uma enxurrada de fotos e vídeos dos corpos que viralizaram na internet. Logo após a publicação proibindo as imagens, outras postagens foram feitas em perfis ligados a facção criminosa, exaltando os 'soldados' do Comando Vermelho, que morreram na ação.
Números
Entre a manhã do último sábado (20) e a noite de domingo (21), foram registradas dez mortes em diferentes locais do Complexo do Salgueiro. O primeiro caso foi na localidade conhecida como Itaúna, onde um sargento da Polícia Militar, identificado como Leandro Rumbelsperger, foi brutalmente assassinado após um ataque de criminosos em uma das oito comunidades que compõem o complexo.
Após a morte do PM do Batalhão de São Gonçalo (7°BPM), equipes do Batalhão de Operações Especiais (BOPE) adentraram o conjunto de favelas com o objetivo de localizar possíveis envolvidos no ataque criminoso. Durante a ação, que perdurou por cerca de 48 horas, foram registrados intensos confrontos entre os policiais e traficantes. Nove homens foram encontrados mortos, sendo oito deles em um manguezal localizado na comunidade da Palmeira. Cinco deles já possuíam passagem pela polícia por diversos crimes.
Durante a operação, os militares encontraram duas pistolas, 14 munições calibre 9 mm, 56 munições de fuzil calibre 762, cinco carregadores (dois para fuzil e três para pistola), um uniforme camuflado, 813 tabletes de maconha, 3.734 sacolés de pó branco e 3.760 sacolés de material assemelhado ao crack.
Investigação
As armas utilizadas pelos policiais militares envolvidos na operação foram entregues na sede da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), na tarde desta quarta-feira (24). A listagem com o nome dos 75 policiais que atuaram no Complexo do Salgueiro também foi entregue à DH.
Os laudos de necropsia realizados nos oito corpos encontrados no manguezal na Palmeira, em São Gonçalo, não apontaram tortura em nenhum dos casos. De acordo com uma nota divulgada pela Polícia Civil, na manhã desta quarta-feira (24), as mortes foram causadas por disparos de arma de fogo, sem qualquer indício de facadas ou outro tipo de arma com ação cortante ou perfuro-cortantes.
O laudo contradiz o depoimento de familiares e amigos que afirmaram durante a remoção dos corpos, realizada na última segunda-feira (22), que alguns deles haviam sido torturados e tiveram dedo e órgãos decepados pelos militares.
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