Medo
'Situação tensa', revela morador sobre onda de violência na Tijuca
Vias estão conhecidas como 'ruas do perdeu'
A rotina de moradores do bairro da Tijuca, na Zona Norte do Rio, vem mudando depois dos recentes casos de violência, trazendo medo e insegurança. Nesta segunda-feira (11) mais um crime expôs o medo no provocando insegurança entre a população. Em dois meses, o bairro se tornou o principal alvo de crimes de grande repercussão como o engenheiro esfaqueado, e farmacêutico morto durante assalto, acendendo a luz vermelha para a população tijucana.
De acordo com a Polícia Militar, uma perseguição resultou em tiroteio e acabou com dois presos, carro recuperado e arma apreendida nesta segunda (11). Os criminosos estavam em um Chevrolet Tracker, veículo este que consta como roubado em Vila Isabel desde o último dia 3 de abril. Ainda segundo a corporação, eles estavam praticando roubos desde a Vila Isabel, quando policiais do Batalhão da Tijuca (6ºBPM) avistaram o veículo na Rua Antônio Basilio, na Tijuca. Durante a troca de tiros os criminosos abandonaram o carro em que estavam e tentaram fugir a pé, mas foram alcançados e capturados na Rua Oito de Dezembro.
De acordo com um gerente de um comércio local, Daniel Damasceno, 31 anos, localizado na Rua General Espírito Santo Cardoso, a rua da delegacia da Tijuca (19°DP), foi possível ouvir os tiros durante a ação da PM.
Aqui está tensa a situação, a qualquer hora do dia.
"A gente já se assusta com dois caras em uma moto ou com carros em alta velocidade. A gente também escuta tiros com frequência e isso prejudica nosso movimento. O nosso bar costuma ficar aberto até 1h, mas quando o movimento vai acabando já começamos a fecahar, por medo. Aqui mesmo, na última mesa, uma cliente já foi assaltada, passou um cara a pé com uma faca, levou o celular dela e saiu correndo na direção contrária à delegacia, tentamos pegar, mas não conseguimos”, relatou.
Rua do perdeu
Outra rua do bairro já ficou conhecida pela rotina de violência e ganhou até apelido. A rua Agostinho Menezes está sendo chamada de “rua do perdeu” por moradores e comerciantes locais devido aos assaltos frequentes.
Morador e taxista, Marcelo Costa, 52 anos, reside no bairro há 40 anos e conta que antes de sair de casa sempre olha a rua pelo portão com receio de ser roubado.
“Esses dias eu tava saindo, vi um carro encostando, parei e esperei, não podemos nem andar com celular na rua. Esses dias renderam uma senhora e aroubaram. Tenho filho pequeno e não deixo ficar na rua, eu mesmo não saio mais à noite. Esse ano piorou demais o número de assaltos. Um vizinho que morava aqui há mais de 30 anos precisou se mudar porque ele chegava de noite e era rendido direto”, disse.
Na Rua Francisco Xavier, apesar de movimentada durante a manhã, o garçom João Pedro também alertou para assaltos.
“Nas esquinas principalmente tem vários casos, a gente anda alerta, porque tá muito difícil. Já assaltaram até em frente ao quartel do Exército, eles não respeitam ninguém”, disse surpreso.
Segurança
No último dia 15 de março, o Conselho Comunitário de Segurança Pública do Batalhão da Tijuca (6°BPM) se reuniu com moradores e comerciantes da região para conversar sobre a segurança pública na região. Onde a população demonstrou preocupação com furtos e roubos na região solicitou que fosse intensificado o policiamento.
De acordo com a última pesquisa do Instituto de Segurança Pública do Rio (ISP) o total de roubos em fevereiro da área do (6°BPM), que atende o bairro, era de 332, em comparação aos 279 do ano passado. Apesar disso, em 2019, ano pré-pandemia, os números eram de 439 roubos.
Já o total de furtos em fevereiro de 2022 foi de 521, em comparação aos 338 do ano passado. Enquanto em 2019, o total era de 653 registros do crime.
Em apenas um ano, a população tijucana sentiu o impacto nos índices de criminalidade, no entanto, de acordo com a Polícia Militar, o comparativo deve ser realizado com 2019, devido ser o último ano antes da pandemia.
Procurada, a Polícia Militar informou que o policiamento vem sendo reforçado em todo o bairro da Tijuca recentemente, inclusive no período da madrugada. Além das equipes do 6ºBPM (Tijuca), há emprego de efetivo extra de motociclistas, esquadras do Regimento de Polícia Montada (RPMont) e equipes das UPPs da região.
Ainda nesse contexto, a corporação diz ainda que diversas ações estratégicas estão sendo realizadas nas comunidades onde os criminosos que roubam veículos na Tijuca se refugiam, como no Complexo do Lins e no Morro dos Prazeres, em Santa Teresa. O trabalho se concentra na desarticulação desses grupos armados, assim como na recuperação dos automóveis roubados.
A Polícia Militar complementa informando que é de suma importância que a população colabore realizando denúncias ou, para casos urgentes, faça o acionamento através da nossa Central 190. Os registros em delegacias também são essenciais, pois colaboram com a revisão do planejamento operacional na área onde a mancha criminal é mais acentuada.
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