Desabafo
'Sei que errei', diz mãe de criança morta pelo primo na Baixada
Suellen da Silva não pôde ir ao enterro da filha
Suellen da Silva Roque, mãe de Kemilly Hadassa Silva, a menina de 4 anos estuprada e morta pelo primo, não pôde ir ao enterro da filha na última segunda-feira (11). Isso porque, agora, ela também é alvo das investigações da morte da filha.
A Polícia Civil determinou que ela deve ser investigada por negligência após deixar deixou Kemilly e mais dois filhos, de 7 e 8 anos, sozinhos em casa, para ir a uma festa, na madrugada do último sábado (9).
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"Eu sei que eu errei, não precisa ninguém me condenar porque a minha consciência me condena. Eu não desejo que ninguém passe pelo que eu estou passando. Eu tenho que continuar pelos meus outros filhos, mas por mim eu nem estaria mais aqui. Eu peço a Deus para ele me levar. Nem no enterro da minha filha eu pude ir, eu tenho que ficar escondida, nem me despedi dela. O mais triste é que eu não posso ir para casa, o tempo todo porque as pessoas estão me julgando. O tempo todo eu errei, mas quem nunca errou? Qual é a mãe perfeita?", disse ao jornal O Globo.
A mãe de Kemilly ressaltou que, embora reconheça suas falhas, não merece ser culpada pela morte da filha.
"Eu sei que a minha falha foi grave, mas eu também não mereço ser julgada da forma que eu sou porque eu não tenho coragem de matar nem um bicho, nem um animal. Parece que a culpada sou eu, que quem tirou a vida da minha filha fui eu. Se não tivesse gente no quintal, eu juro que eu não tinha deixado os meus filhos sozinhos, eu nem ia para a praça, eu ficaria com as minhas amigas sentada lá embaixo. Se pelo menos tivesse passado pela minha cabeça o que aconteceria, eu não teria deixado a minha filha lá. A última lembrança que eu tenho e dela pegando o vestidinho favorito e dobrando em cima da cama", ressaltou.
O suspeito do crime, Reynaldo Rocha Nascimento, primo de segundo grau da mãe de Kemilly, está preso, e vizinhos relataram ter ouvido gritos na casa dele durante a madrugada do crime. A mãe do suspeito teria alegado que as manchas de sangue encontradas na residência eram de cachorro. A família pede por justiça e espera que ambos sejam responsabilizados.
Relembre o caso
Segundo a Polícia Civil, a menina ficou em casa dormindo com os irmãos, na noite de sábado (9). A mãe dela saiu de casa para uma festa em um local próximo e, quando voltou, não encontrou mais a filha. Ela denunciou o caso na delegacia, em seguida. A partir daí, tiveram início as investigações.
“Na madrugada de sábado, a mãe da menina deixou sua filha e mais dois irmãos, de 7 e 8 anos, sozinhos em casa e foi para um forró no mesmo bairro em que residia. Quando voltou para casa, por volta das 5h da manhã, ela voltou para casa, não encontrou sua filha e se desesperou, acionando a Polícia Civil”, comentou o delegado Mauro César da Silva.
Vizinhos foram até a casa de Reynaldo e o agrediram, desconfiados do crime. Policiais militares foram acionados. O homem foi preso e levado para a delegacia. A casa dele foi incendiada por populares.
Após isso, os policiais continuaram nas buscas pelo corpo da menina. Foi apenas quando os agentes localizaram o corpo que Reynaldo confessou o crime.
Criança chorou após abuso
Na versão dada aos policiais, Reynaldo afirma que retirou a menina de casa ao saber que ela estava sozinha. Ele estuprou a criança, que começou a chorar após o crime.
Ainda conforme a polícia, para que as pessoas não ouvissem o choro da menina e ele não fosse descoberto, Reynaldo começou a cortar o pescoço dela. Depois, ele mudou de ideia e a enforcou, matando-a. Ele escondeu o corpo de Kemilly no saco de ração e jogou na beira do valão.
Reynaldo está preso temporariamente por 30 dias. As investigações continuam. Familiares afirmam que Reynaldo já tem passagens por roubo. Nas redes sociais, ele posta fotos de armas. Reynaldo tem 22 anos e é pai de três filhos.
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