Mandado de prisão
Roberto Jefferson atira em agentes da Polícia Federal
Os policiais estavam cumprindo um mandado de prisão contra ele
O ex-deputado Roberto Jefferson (PTB) atirou em agentes da Polícia Federal neste domingo (23). Os policiais foram até a casa do presidente de honra do PTB em Comendador Levy Gasparian, no estado Rio de Janeiro, para cumprir um mandado de prisão contra ele. Dois agentes, sendo um deles o delegado Marcelo Vilella e a outra a agente Karina Lino Miranda de Oliveira, foram atingidos por estilhaços de granada jogada por Jefferson.
O mandado foi emitido pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes depois que Jefferson fez um vídeo nas redes sociais atacando a ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Cármen foi a favor de uma punição para a Jovem Pan, que fez algumas declarações chamando o candidato à presidência Luís Inácio Lula da Silva (PT) de 'ladrão', 'descondenado' e afirmando que se ele for eleito, irá perseguir cristãos, dentre outras ofensas que a defesa de Lula afirmou que feriram a honra do candidato e que eram alegações falsas. Ao todo, Alexandre de Moraes, Cármen Lúcia, Ricardo Lewandowski e Benedito Gonçalves foram a favor da punição para a rádio, dando direito de resposta à Lula, contra três outros ministros que foram contra. A Jovem Pan chamou o caso de censura.
“Eu estou indignado. Não consigo. Fui rever o voto da Bruxa de Blair, da Carmem Lúcifer, na censura prévia à Jovem Pan, olhei de novo, não dá para acreditar”, disse Jefferson em um vídeo. Ele ainda teve falas nas quais comparava Cármen com prostitutas. O político fez as declarações no Instagram da filha dele, a ex-deputada federal Cristiane Brasil (PTB). A conta dela 'caiu' neste domingo. O mandado de prisão foi emitido porque Jefferson descumpriu uma das medidas cautelares da prisão domiciliar que é não usar as redes sociais.
Depois do episódio, Alexandre pediu, então, a revogação da prisão domiciliar de Jefferson, determinando que ele volte para trás das grades. O ex-deputado foi preso em agosto de 2021 após acusações de que fazia parte de milícias digitais que atacavam a democracia e incitavam a homofobia, dentre outros crimes, como afirmar que as eleições eram fraudulentas. Ele também é a favor de intervenções militares. Ele passou para o regime domiciliar em janeiro deste ano, após uma decisão do próprio Alexandre de Moraes.
Em um vídeo postado nas redes sociais neste domingo, é possível ver que Jefferson monitora as imagens das câmeras de segurança da frente de sua casa e mostra o carro da PF. Nas imagens, ele afirma que não vai se entregar e fala que trocou tiros com a PF.
A PF confirmou que dois agentes foram feridos, mas que ambos foram atendidos por médicos em um hospital da região e já receberam alta. Jefferson será preso em flagrante e irá responder também por dupla tentativa de homicídio. Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da Polícia Militar negociam uma rendição.
Informações comprovam que Jefferson tem armas em casa por ser Caçador Atirador Colecionador (CAC). Ao todo, 13 armas dele eram registradas, no entanto, desde que foi preso no ano passado, ele não podia mais ter acesso a esses armamentos.
Em nota, a PF informou que "policiais federais foram à casa do alvo para cumprir ordem de prisão determinada, na data de ontem, pelo STF e durante a diligência, na manhã de hoje, o alvo reagiu à abordagem da PF que se preparava pra entrar na residência. Dois policiais foram atingidos por estilhaços, mas passam bem. A diligência está em andamento."
REPERCUSSÃO
O presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre o ocorrido em sua rede social. Ele disse que repudia as atitudes de Jefferson desde as críticas à ministra Cármen Lúcia até a atitude tomada neste domingo. Vale lembrar que o ex-deputado é apoiador do chefe do Executivo.
- Determinei a ida do Ministro da Justiça ao Rio de Janeiro para acompanhar o andamento deste lamentável episódio.
— Jair M. Bolsonaro 2️⃣2️⃣ (@jairbolsonaro) October 23, 2022
Rodrigo Pacheco, que é presidente do Senado Federal e do Congresso Nacional, também repudiu a atitude de Jefferson e disse que o país precisa de mais equilíbrio e igualdade.
As atitudes repugnantes que ofenderam a ministra Cármen Lúcia e a deputada Marina Silva, duas valorosas mulheres brasileiras, não representam a nossa sociedade, que busca um país com mais equilíbrio, serenidade e igualdade.
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) October 23, 2022
(1/3)
O Estado democrático de Direito confere liberdades ao cidadão, jamais o direito de praticar crimes e violar direito alheio.
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) October 23, 2022
(3/3)
As atitudes repugnantes que ofenderam a ministra Cármen Lúcia e a deputada Marina Silva, duas valorosas mulheres brasileiras, não representam a nossa sociedade, que busca um país com mais equilíbrio, serenidade e igualdade.
— Rodrigo Pacheco (@rodrigopacheco) October 23, 2022
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Alexandre de Moraes também chegou a mostrar sua indignação com as ofensas proferidas contra Cármen Lúcia nas redes sociais.
As agressões machistas e misóginas contra a Min Carmen Lúcia, exemplo de magistrada, demonstram a insignificante e covarde estatura moral daqueles que pretendem se esconder em uma criminosa “liberdade de agressão”, que não se confunde com a liberdade de expressão.
— Alexandre de Moraes (@alexandre) October 22, 2022
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