Vítima
'Queria casar', diz mãe do homem morto na porta de casa em Ramos
Tânia contou que Rodrigo não era mais de torcida organizada
Rodrigo Miguel de la Torre Machado Pereira, de 40 anos, morto na porta de casa no último domingo (30), em Ramos, na Zona Norte do Rio, tinha o sonho de construir um espaço para ficar com os amigos e, recentemente, pensava em construir uma família com a namorada que mora em Curitiba. As informações são da sua mãe, a guarda municipal Tânia Maria Silva da Mota. Segundo ela, Rodrigo não era mais da torcida organizada do Vasco e que o filho perdeu a visão primeiro de um olho e depois do outro, em anos diferentes.
“O sonho dele era voltar a enxergar e ter os amigos todos perto dele. Em 2006, meu filho foi fazer um trabalho de segurança em Madureira e teve alguma briga, alguma coisa, e quando ele saiu com os amigos da segurança, anunciariam um assalto. Meu filho estava dentro do carro dormindo, os outros correram e os assaltantes balearam ele, e a bala se alojou no cérebro e ele perdeu uma vista. Ele chegou a pedir indenização, mas morreu antes do resultado”, afirmou ela.
Apesar da mãe dizer que Rodrigo não integrava mais a Força Jovem do Vasco, a torcida organizada fez uma postagem em homenagem a ele, citando até o apelido com que ele era conhecido: "Eterno, Grande. Guerreiro não morre, vira lenda".
Ele perdeu a visão da outra vista em 2018, quando saiu para uma festa com amigos e, também durante uma briga dos amigos dele, alguém distante jogou uma garrafa na direção dele e, como Rodrigo usava óculos escuro, quando a garrafa bateu no óculos dele, quebrou e o vidro entrou na retina dele, o deixando cego. Ele chegou a viver momentos de depressão após isso, mas nunca desistiu da vida. Segundo Tânia, ele foi morar com ela em Ramos próximo aos amigos. Durante a vida, ele chegou a trabalhar 20 anos como mototaxista, porteiro e outros.
Atualmente, Rodrigo namorava uma mulher de Curitiba que vinha visitá-lo de 15 em 15 dias. Ele estavam juntos há dois anos, e ela queria casar e ter filhos.
“Ele nunca teve filhos, mas, na semana passada, quis fazer teste para saber se podia ser pai, quando novo não queria, mas depois decidiu que sim”, afirmou ele.
Rodrigo morreu na porta de casa. No dia, ele estava com os amigos quando, segundo sua mãe, alguém o chamou no portão e ele atendeu, quando foi morto. Os homens responsáveis pelo crime estavam de touca. As testemunhas serão ouvidas na Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
“Espero que a verdade seja levantada pela polícia e que eles me digam o motivo de alguém ter feito isso com meu filho. O que que houve? Porque o meu filho não podia subir o morro, não podia roubar ninguém, bater em ninguém, não podia fazer nada até porque ele não enxergava nada. Eu que tinha que escolher as roupas dele, a cor, o sapato. Até para saber se tinha sol, se estava chovendo, se era para colocar roupa com ou sem manga. A rotina dele era dentro de casa comigo e na casa que ele tem na academia, onde fazia obra querendo melhorar o local e se reunia com os amigos, onde fazia churrascos. Ele não saía dali, quando tinha médico eu que levava ou ir no mercado eu que levava. Ele não tinha como sair, a não ser que alguém colega levasse de carro. Eu não tenho explicação. Dentro de casa, ele não parecia ser cego porque conhecia o local, mas ali fora ele não podia nem atravessar a rua”, contou ela sobre o filho.
A Polícia Militar foi chamada para atender a ocorrência, quando chegou ao local encontrou o corpo de Rodrigo, já sem vida. A Polícia Civil vai investigar se o ataque à vítima pode ter sido motivado por briga de torcidas, já que Rodrigo era integrante da Força Jovem do Vasco, mas, segundo sua mãe, ele não fazia mais parte.
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