Revolta
'Queremos justiça', diz avô de jovem morto eletrocutado em show
Corpo de Vinícius Simões foi enterrado nesta segunda, em Maricá
“Que a ganância destes empresários não passe despercebido. Fazer um evento sem segurança, sem uma estrutura adequada. Meu querido neto não merecia isso. Queremos Justiça!". O desabafo é de Roberto Ferreira, avô de João Vinícius Ferreira Simões, de 25 anos, que morreu eletrocutado em um show no Riocentro, na Zona Oeste, no último sábado (9).
O corpo do jovem foi sepultado, nesta segunda (11), no Cemitério Municipal de Maricá, na Região Metropolitana do Rio. Dezenas de amigos e familiares se reuniram para dar o último adeus ao estudante de Educação Física.
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Segundo testemunhas, a vítima - que estava molhada por conta da chuva - teria encostado em um food truck energizado, quando recebeu a descarga elétrica, na área dos shows do festival '‘I Wanna Be Tour'’.
Muito abalados, alguns parentes, como os avós de Vinícius, precisaram ser amparados durante oração realizada por um padre. No final do velório, todos os presentes entoaram uma longa salva de palmas.
Estou destruída. Meu filho saiu de casa para se distrair e não voltou. Ele está morto"
Segundo a mãe do jovem, ele estava muito animado para o festival. Ela contou também que, apesar dele ser uma pessoa muito reservada, sempre mantinha contato com ela quando saía.
“Ele sempre gostou de rock, estava animado pra ir aos shows, pagou caro no ingresso. O João saiu cedo de casa para chegar antes e aproveitar. Eu estava mandando mensagem o tempo todo para ele para saber como estava, se ele estava bem, até que depois das 22h, ele não me respondeu mais. Achei que a bateria dele poderia ter acabado. Até que recebi uma ligação afirmando que ele tinha ido para o hospital. Chegando lá, o médico me informou que ele havia sofrido uma descarga elétrica”, detalhou Roberta.
Segundo informações, João chegou a ser socorrido pela equipe médica do festival, que teria realizado os procedimentos de emergência, incluindo tentativas de reanimação cardiopulmonar.
Ele foi encaminhado ao Hospital Municipal Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, mas o jovem já teria chegado à unidade de saúde sem vida.
Em nota, o Riocentro lamentou a morte de João, disse estar acompanhando o caso e que está prestando todo suporte à família. No entanto, Roberta negou a informação e relatou que não foi procurada por ninguém do evento até o momento.
Não tive contato com ninguém. Ninguém do evento me procurou, alguém da organização, nada. Estão dizendo aí que estão nos apoiando, dando suporte, é tudo mentira. Já entrei em contato com o meu advogado para tomar as medidas legais e para descobrir quem foi o responsável pela morte do meu filho. Só quero uma resposta”
No dia seguinte após a morte, os pais de João foram até o Riocentro para averiguar o local. Eles alegaram que a equipe de produção não preservou adequadamente o espaço para investigação pericial, destacando a preocupação com possíveis negligências.
"Não me deixaram entrar. Tive que chamar a polícia, também não deixaram entrar. Empurramos o portão e entramos. Tiramos fotos de fio desencapado, gerador mal localizado... Já estavam desmontando para o show em Belo Horizonte. O local não foi preservado para perícia, não tinha mais nada, ninguém dava informação", relatou a mãe.
Roberto Simões, pai do jovem, lamentou a morte precoce do seu filho e contou como o estudante de Educação Física era no dia a dia.
“Ele era totalmente ao contrário de mim. Eu já fiz muita besteira. Ele era totalmente inverso. Era um cara de paz, um cara onde chegava formava amizade, sempre foi caseiro, sempre foi família, tava sempre prestes a ajudar o outro e com uma ascensão astronômica tanto no trabalho, fisicamente, espiritualmente. E agora com quem eu vou falar? Com quem eu vou me apoiar? Com quem eu vou ligar perguntar qual foi o resultado do jogo?”, lamentou.
Por fim, o pai disse que vai em busca da Justiça e questionou as autoridades.
“Infelizmente meu filho vai servir de exemplo para outros aí, pra que casos como este não se repitam. Queremos saber se os bombeiros tinham todos os alvarás para que o festival ocorresse de forma segura. Tudo isso poderia ter sido evitado. Uma pessoa não pode simplesmente chegar em um local como esse, encostar em uma parede, um food truck e morrer. Quero que tudo seja esclarecido”, indagou Roberto.
O caso foi registrado na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes), onde será investigado.
O que dizem os envolvidos?
O Riocentro lamentou o ocorrido e disse que "o jovem foi imediatamente socorrido pela equipe de socorro contratada pela organizadora do evento e responsável pela infraestrutura, que o encaminhou ao hospital. A administração do centro de convenções está acompanhando o caso de perto junto à organização, para que a família receba toda assistência necessária".
A organizadora do evento também emitiu uma nota.
"Na noite deste sábado, 9 de março, uma forte chuva atingiu o Rio de Janeiro enquanto o evento | Wanna Be Tour era realizado no Riocentro; e o público se dirigiu para a marquise coberta, seguindo os protocolos de segurança.
Neste momento, lamentavelmente, ocorreu um incidente na área descoberta próxima a um food truck terceirizado: o jovem João Vinícius Ferreira Simões foi atingido por uma descarga elétrica.
O sistema de segurança foi acionado no mesmo instante para atendimento e para as providências de socorro.
Apesar do pronto atendimento e de todos os esforços realizados pelas equipes médicas no evento e no hospital, o jovem não resistiu e, infelizmente, veio a óbito.
A 30e, produtora do evento, lamenta profundamente e está apurando o ocorrido junto às autoridades. Até então, informações obtidas atestam para a conformidade da operação do food truck.
A produtora já estabeleceu um primeiro contato com a família do jovem para prestar solidariedade e dar toda assistência necessária."
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