Reviravolta
'Que pague', diz filho de vítima de médica denunciada pelo MP
Eliana Jimenez chegou a ser presa, mas responde em liberdade
"Quero justiça e que ela pague por tudo o que fez com a minha mãe e com a outra menina que ela matou". O desabafo é de Isaias dos Santos Júnior, filho mais velho de Adjane Marinho da Silva dos Santos, que morreu com perfurações no intestino após fazer uma lipoaspiração com a médica Eliana Jimenez Dias em agosto de 2020. Nesta terça-feira (15), o Ministério Público do Estado do Rio (MPRJ) pediu a prisão preventiva da médica pela morte da vítima.
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Eliana já havia sido presa, em julho deste ano, pela morte da vendedora de doces Ingrid Ramos Ferreira, que morreu em junho também após um procedimento cirúrgico. No entanto, a médica foi solta este mês e precisará cumprir algumas medidas cautelares, como entregar seu passaporte e ter que comparecer mensalmente em juízo aos órgãos necessários, além de estar proibida de exercer a medicina.
Segundo o MPRJ, a nova denúncia contra Eliana foi feita por meio da 3ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Territorial da área Penha e Irajá. O promotor de Justiça Sauvei Lai ressalta que a denunciada assumiu o risco de causar a morte da vítima na cirurgia, porque já havia provocado óbito anteriormente ao realizar outros procedimentos estéticos, "demonstrando, assim, a indiferença quanto ao resultado morte que poderia ser produzido com as suas cirurgias".
Eliana Jimenez foi contratada pela vítima para a realização de um procedimento cirúrgico de lipoaspiração, que foi concretizado em 11/08/2020. Adjane recebeu alta hospitalar no dia seguinte, às 12h, mesmo com sangramento, anemia e pressão arterial. Como ela sentia fortes dores, na madrugada seguinte foi levada para um hospital, onde foi constatado que Adjane apresentava perfuração do intestino grosso e delgado, bem como pancreatite aguda. Os familiares da vítima foram comunicados pela direção do hospital que o óbito ocorreu por erro médico da denunciada.
Ao encaminhar a denúncia e o novo pedido de prisão para a 2ª Vara Criminal da Capital, a Promotoria destaca o risco de manter em liberdade a denunciada, tendo em vista "outros procedimentos investigatórios em que a atuação profissional médica da ora denunciada se mostrou extremamente grave, a ponto de causar o óbito em duas pacientes".
Relato da família de Adjane
A vítima tinha 42 anos quando faleceu e já tinha realizado outros procedimentos médicos, porém sem grandes problemas.
Filho mais velho da vítima, Isaias dos Santos Júnior conta que houve descaso, já que a mãe apresentou sangramento por dias seguidos.
“Em agosto, vai fazer três anos. Ela foi fazer uma lipoaspiração e a médica perfurou o intestino delgado dela. Após a cirurgia, a médica mandou ela ir para a casa e ficou sangrando por uns três dias, foi quando a levamos para a UPA e pedimos pro hospital particular que ela fez a cirurgia atender ela. Minha mãe só foi atendida porque a gente conseguiu uma ambulância e transferimos ela para o hospital em Vicente de Carvalho, onde com muito custo também conseguimos a autorização para ela ir, já que foi o hospital onde ela havia feito o procedimento”, relembra.
Isaias diz que ao ver o estado da mãe já imaginava o pior, mas ainda tentou tranquilizá-la.
“Quando eu vi minha mãe lá, eu pensei que seria difícil ela sobreviver, mas falei com ela que tudo ia ficar bem. Ela estava deitada e mal. O procedimento foi na segunda, levamos ela pro hospital na quinta e lá abriram a barriga dela e viram que perfurou o intestino grosso e delgado dela, aí deu hemorragia e ela veio a óbito”, continuou ele que atua como motorista.
O caso foi registrado na 27ª DP (Vicente de Carvalho). No atestado da morte de Adjane, consta que a causa foi “choque, pancreatite negro hemorrágica, anemia aguda, lesão hepática, perfuração de delgado e lipoaspiração”. Ela deixou dois filhos.
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