Polícia
Quadrilha que transferia multas e veículos é presa no Rio
Publicada às 12h30. Atualizada ás 18h10
Seis pessoas foram presas na manhã desta segunda-feira (1º), durante a Operação 'Zero Ponto', realizada pela Polícia Civil com o objetivo de desarticular uma organização criminosa que atuava na transferência fraudulenta de pontos da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e também de transferências de veículos.
Segundo Felipe Curi, diretor do Departamento Geral de Polícia Especializada (DGPE), as investigações tiveram início em julho de 2020, depois que uma empresa de locação de veículos sediada no Aeroporto Internacional comunicou a não devolução de um veículo.
"Os policiais da Delegacia do Galeão desconfiaram do fato e apuraram que a transferência havia sido feita sem autorização da locadora. O proprietário do veículo foi intimidado para depor e alegou desconhecer a transferência do automóvel para seu nome. Ele disse também que várias infrações de trânsito haviam, também, sido anotadas em seu prontuário, alegando que após sofrer um acidente teve seus documentos divulgados nas redes sociais e daí várias fraudes foram perpetradas em seu nome nos órgãos de trânsito", explicou.
Adriano França, delegado titular da Delegacia do Aeroporto Internacional do Rio (DAIRJ), afirmou que uma empresa localizada em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, realizava transferência de pontos do real infrator para o nome da própria sócia da empresa e/ou para terceiros sem autorização dos mesmos.
"Uma das sócias da empresa transferiu quase 3 mil multas para seu nome, totalizando mais de 15 mil pontos de infrações diversas para seu nome. Mesmo sem possuir CNH, a acusada impetrava defesa prévia juntos aos órgãos que deferiam os recursos", detalhou.
Entre os presos está um casal, que é dono da empresa que realizava as fraudes. Com ampla propaganda nas redes sociais, eles ofereciam os serviços, sem dizer para os clientes que se tratava de um golpe.
O casal foi encontrado em uma casa de luxo em um condomínio em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio.
A DAIRJ foi a responsável pela operação, que também teve o apoio da corregedoria do Detran. Segundo a Polícia, esse grupo criminoso é um dos maiores do país. Ao todo foram expedidos 15 mandados em residências e órgãos de trânsito para desarticular a organização criminosa.
A corregedoria do Detran e policiais da DAIRJ também inspecionaram órgãos de trânsito da Prefeitura do Rio e também de São Gonçalo, além do próprio Detran-Sede.
A prefeitura de São Gonçalo foi procurada e, por meio da Secretaria Municipal de Transportes, informou que recebeu um ofício da corregedoria do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran), solicitando a cópia de um processo de infração de trânsito que foi entregue aos servidores indicados e que não poderia dar mais detalhes sobre o assunto.
De acordo com a polícia, a inspeções foram para arrecadar processos administrativos referentes às fraudes e identificar possíveis funcionários terceirizados responsáveis.
Glaucio Paz, delegado corregedor do Detran disse que as investigações mostraram que o sistema tecnológico do Detran deve ser aperfeiçoado para evitar fraudes como estas.
"Alguns municípios têm convênio com o Detran e são eles que administram os sistemas de multas. Eles podem tanto aplicar as multas, bem como cancelar. Temos que verificar a participação de possíveis funcionários do Detran ou terceirizados, e também das prefeituras envolvidas nestes fatos. Após essa operação, teremos diversos desdobramentos na corregedoria do Detran. A troca de informações é fundamental, para que a gente possa identificar as falhas e corrigir", afirmou.
Organização Criminosa
O delegado Felipe Curi, disse que a operação realizada é só uma ponta do iceberg, e que desdobramentos das investigações poderão acontecer.
"È absurda a quantidade de documentação que foi apreendida. Todas essas provas, serão juntadas no inquérito policial. Temos certeza que se trata de um esquema criminoso extremamente complexo", destacou.
Segundo o delegado Adriano França, todos os envolvidos serão indiciados pelo crime de associação criminosa.
"Os reais infratores que buscavam os serviços da empresa tinham seus pontos zerados acreditando, em algumas oportunidades, que o recurso impetrado pela empresa havia sido julgado com êxito, quando, na verdade, eram retirados através de fraude. Ao transferir a multa para terceiros como real infrator "laranja" ou terceiros, a empresa recebia pelos serviços prestados e ganhava credibilidade, angariando novos clientes nas redes sociais, principalmente motoristas de aplicativos. Vamos solicitar ao juiz que retire do ar perfil da empresa, pois se trata de um enganação ao usuário", explicou.
O delegado disse também que a empresa é investigada por retirar dos prontuários as multas aplicadas por agentes de trânsito no Galeão.
"Eles colocavam um post específico em suas redes sociais para que os autuados procurassem a empresa para o recurso destas multas aplicadas no sítio aeroportuário do Aeroporto Internacional Tom Jobim", afirmou Adriano França.
Vítimas
O delegado Adriano França pede para que as pessoas prejudicadas com estas transferências de pontos e de veículos de locadoras para seus nomes, realizadas de forma fraudulenta, procurem a delegacia e façam o registro.
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