Homenagem
Protesto marca um ano sem Moïse, congolês agredido até morte no Rio
Houve missa no Cristo e ato em quiosque onde ele foi morto
Amigos e familiares de Moïse Kabagambe, morto no dia 24 de janeiro de 2022 no quiosque Tropicália, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, se reuniram no local onde ele foi agredido até a morte para relembrar um ano do crime e pedir justiça. Os acusados já foram presos, mas ainda não foram julgados.
Segundo Jeancy Mamanu, irmão do congolês, é como se a família deles tivesse um pedaço a menos.
“Hoje estamos aqui porque o Moïse completou um ano de morte. Estamos aqui para ver o lugar em que ele morreu. Estamos muito tristes. O Moïse não volta mais. É difícil”, lamentou.
Moïse e sua família fugiram da guerra e vieram para o Brasil. "Você chega em um país para trabalhar, porque no nosso país é difícil, viemos para ajudar nossa família e acontece isso. Quando eu cheguei, ele estava aqui, eu morava com ele, dormia com ele e ele sempre me ajudou e me respeitou”, contou ele que atualmente é motorista de aplicativo.
“Não curtimos o Natal e nem o Ano Novo. A mãe dele chora muito e a gente fala que conseguimos tudo, mas que falta uma pessoa em casa. Quando eu cheguei, em 2017, ele já trabalhava aqui e me ensinou muita coisa”, contou ele que também ajuda a administrar o quiosque dado pela Prefeitura do Rio à família de Moïse no Parque Madureira, na Zona Norte.
Angela Kimbangu, da Associação Advocacia Preta Carioca, esteve no ato na Barra da Tijuca e afirmou que conheceu a família de Moïse.
“Devemos deixar um recado para a sociedade: jamais esqueceremos o que aconteceu nesse quiosque. Vidas pretas importam e jamais podemos esquecer isso, não pode ser apenas uma fala, mas sim efetivo. É triste imaginar uma mãe que saiu do continente africano vem para o Brasil, acreditando que vai ter oportunidade, e perder seu filho por causa de R$ 200”, afirmou.
No local onde Moïse morreu, os amigos e familiares colocaram velas e flores durante o ato.
Sobre o caso
Moïse era um refugiado diplomado de 24 anos. Ele era conhecido na Barra da Tijuca, onde trabalhava em quiosques e na praia.
Moïse morreu após ser espancado em um quiosque na Praia da Barra, durante uma discussão. Tudo foi registrado pelas câmeras de segurança do local. Nas imagens, o congolês aparece derrubado no chão, recebendo uma série de agressões, inclusive, um dos acusados o espanca com uma barra de madeira.
A causa da morte do rapaz foi traumatismo do tórax, com contusão pulmonar, causada por ação contundente. Ele estava desde 2014 com a mãe e os irmão no Brasil.
Justiça
O ato de hoje relembra a morte dele, mas também pede por Justiça já que Aleson Cristiano de Oliveira Fonseca, o Dezenove; Brendon Alexander Luz da Silva, o Totta; e Fábio Pirineus da Silva, o Belo, seguem presos, mas ainda não foram julgados. A Justiça ainda não decidiu se irão para júri popular ou não.
Nesse momento, o julgamento está na fase da pronúncia, nas alegações finais da defesa. O processo corre na 1ª Vara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio.
No final do ano passado, a Justiça do Rio negou o pedido de habeas corpus solicitado pela defesa de Brendon Alexander Luz da Silva. A defesa do acusado alegou que o mesmo estava sofrendo constrangimento ilegal por parte da 1ª Vara Criminal da Comarca da Capital.
A desembargadora Denise Vaccari Machado Paes negou tal alegação e afirmou que não há nenhuma ilegalidade no decreto de prisão, acrescentando que a manutenção da prisão não representa constrangimento. Vaccari também afirmou que manter a prisão do acusado é necessário para garantir a ordem pública.
Outros atos
Além do ato na Barra, também será feita uma vigília em Londres por familiares de Moïse que estão no país. O ato será feito no mesmo dia do da Barra, porém na frente do consulado brasileiro no país.
Uma missa foi feita no Santuário do Cristo Redentor também na manhã de terça-feira (24).
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