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    Preso suspeito de criar grupo no Discord para estupro virtual

    Jovem de 19 anos negou acusações

    Publicado 04/07/2023 às 11:17 | Autor: Ana Carolina Moraes
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    A prisão faz parte da operação Dark Room 2
    A prisão faz parte da operação Dark Room 2 |  Foto: Reprodução

    Um rapaz de 19 anos foi preso na manhã desta terça-feira (4), acusado de envolvimento com pornografia infantil, estupro de vulnerável e vender, armazenar ou expor foto, vídeo e outros registros com cena de sexo explícito e pornografia infantil, além de associação criminosa. A prisão aconteceu na casa da avó do acusado, em Teresópolis, na Região Serrana do Rio

    Os crimes ocorriam através de grupos no Discord, no qual ele era o criador de um dos principais investigados. A prisão faz parte da operação Dark Room 2 (Quarto Escuro). Ao chegar na delegacia, Pedro Ricardo Conceição da Rocha falou com a imprensa e negou as acusações pelas quais foi preso. 

    "Eu não aliciava ninguém não, deixando claro”, disse ele. Indagado sobre o que fazia nos grupos do Discord, o jovem respondeu que fazia “coisas” como “xingar um pouco”.

    Sobre os crimes, ele negou qualquer fetiche com criança, usando a palavra “cruzes” para se referir a esse tipo de crime. Ele também negou ter pornografia infantil no computador. 

    "Existem vários grupos e o grupo que tem mais indício dessas coisas não é o meu. Só estou sendo preso porque meio que estou envolvido nisso", reafirmou Pedro. Ele também negou ser o programador de um desses grupos. 

    Policiais da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV), que estão realizando a operação, cumpriram um mandado de prisão, que foi contra Pedro Ricardo, e buscam também cumprir outros três mandados de busca e apreensão. A operação ocorre nas cidades de Cachoeiras de Macacu e Teresópolis. 

    Renan é acusado de ser o criador e o administrador do principal grupo do Discord onde os crimes eram cometidos. Ele usava o nickname “KING” na rede social, que significa rei em inglês. 

    A investigação, que começou em março, teve início após o compartilhamento de dados de inteligência entre a Polícia Federal e as Polícias Civis de diversos estados do país.

    A polícia concluiu que três servidores da plataforma eram utilizados por um grupo de jovens e adolescentes de várias regiões do país, para cometerem atos de extrema violência contra animais e adolescentes, além de divulgarem pedofilia, zoofilia e fazerem apologia aberta ao racismo, nazismo e a misoginia. 

    Vídeos publicados na plataforma e obtidos durante a investigação, mostravam mutilações e sacrifícios de animais como parte de desafios impostos pelos criadores e administradores dos servidores como condição para membros ganharem cargos na comunidade, o que se traduzia principalmente em permissões e acesso às funções dentro do grupo. A maioria dessas ações era transmitida ao vivo em chamadas de vídeo para os integrantes dos grupos (servidores).  

    Adolescentes também eram chantageadas e constrangidas a se tornarem escravas sexuais dos líderes e eram vítimas dos “estupros virtuais” que eram transmitidos ao vivo por meio de chamadas de vídeo para os integrantes da comunidade.

    Durante a sessão de sadismo, as vítimas eram xingadas, humilhadas e obrigadas a se despir e se automutilar, fazendo cortes pelo corpo sob o comando de outras pessoas. Muitos espectadores daquilo, chamados de "panela", riam e vibravam com a crueldade, uma prática conhecida como “LULZ” (trolar e rir do sofrimento alheio).

    Oriundas de várias regiões do Brasil, as vítimas eram escolhidas no próprio Discord, em perfis abertos das redes sociais ou até mesmo indicadas por outros integrantes do grupo. Após pesquisas em sites de bancos de dados de consulta de crédito e até de hospitais, os líderes obtinham e reuniam informações pessoais delas, numa prática conhecida como “DOXX”. A partir daí, iniciavam uma série de chantagens até conseguirem exercer domínio sobre a vítima.

    Alguns grupos públicos no mensageiro Telegram também eram criados para publicar vídeos e expor as vítimas dos “estupros virtuais”, numa prática conhecida como “exposed”. 

    Na primeira fase da operação, deflagrada na última terça-feira (27), dois adolescentes foram apreendidos. O de 17 anos capturado em Pedra de Guaratiba era considerado um dos principais líderes do grupo. Mais de 12 pessoas foram presas/apreendidas pela Polícia Federal e Polícias Civis dos estados desde o início da força-tarefa. 

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