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    Desdobramentos

    Preso, MC Poze do Rodo diz estar sofrendo 'perseguição'

    Mulher do funkeiro se desesperou ao ver marido ir pra Polinter

    Publicado 29/05/2025 às 12:27 | Atualizado em 29/05/2025 às 12:41 | Autor: Tiago Souza
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    Poze do Rodo deve ser transferido ainda hoje para o presídio de Benfica
    Poze do Rodo deve ser transferido ainda hoje para o presídio de Benfica |  Foto: Reprodução / TV

    O funkeiro MC Poze foi conduzido à Delegacia de Capturas (Polinter) por volta das 11h45 desta quinta-feira (29). A unidade está localizada no bloco 4 da Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio de Janeiro.

    Durante a transferência, o cantor classificou sua prisão como um ato de "perseguição". Visivelmente abalada, sua esposa, Vivi Noronha, chegou à Polinter poucos minutos após a entrada do artista, mas preferiu não falar com a imprensa. Ela chorava ao deixar o local.

    Vivi Noronha, mulher de Poze, não quis falar com a imprensa
    Vivi Noronha, mulher de Poze, não quis falar com a imprensa |  Foto: Péricles Cutrim

    De acordo com as autoridades, Poze deve ser transferido ainda hoje para o presídio de Benfica, e ficará à disposição da Justiça.

    O que diz a defesa

    A defesa de MC Poze do Rodo acredita que o funkeiro pode ser solto até o próximo final de semana. Preso temporariamente sob investigação por suposta participação em crimes como associação ao tráfico, tráfico de drogas e apologia ao crime, o artista deve passar por audiência de custódia entre sexta-feira (30) e sábado (31).

    Para o advogado de defesa, Fernando Henrique Cardoso, a audiência deverá demonstrar que não há fundamentos para manter o artista detido.

    "Estou confiante de que o Poder Judiciário vai agir com base nos tramites legais. O Marlon já foi investigado por acusações semelhantes e absolvido completamente em outra ocasião, em uma decisão que reconheceu a diferença entre o conteúdo artístico e a vida real", afirmou.

    Segundo o advogado, MC Poze não está formalmente acusado de nenhum crime.

    "A prisão é temporária e fundamentada apenas no intuito de aprofundar as investigações. É um momento muito prematuro para qualquer conclusão. Todos foram pegos de surpresa", destacou.

    A defesa reforça que Poze interpreta um personagem artístico e que suas letras não devem ser tomadas como confissão ou incitação ao crime.

    "É como um ator interpretando um papel. Existe uma clara diferença entre a pessoa física e a persona artística. No caso do funk, isso muitas vezes é ignorado", disse Cardoso.

    O advogado também chamou atenção para o que classificou como tratamento desigual dado a artistas de periferia.

    "Se compararmos o tipo de abordagem reservada a cantores de funk e rap com a de outras figuras públicas investigadas, fica evidente a disparidade. Há uma questão de fundo que envolve preconceito contra artistas negros de origem periférica", disse.

    A defesa pretende recorrer a todas as instâncias legais, caso a prisão seja mantida, mas segue otimista.

    "Esperamos que, com o amadurecimento da análise judicial, a liberdade dele seja restabelecida já na audiência de custódia", concluiu o advogado.

    Investigação

    O delegado Moysés Santana, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), disse que MC Poze "realiza diversas outras atividades que podem configurar outros tipos de crimes, incluindo lavagem de dinheiro".

    Segundo o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi, as músicas de Poze não apenas fazem apologia ao crime, como funcionam como propaganda direta da maior facção criminosa do estado. Ele ainda classificou o cantor como 'falso artista'.

    "Esse suposto MC transformou a música em um instrumento de dominação do Comando Vermelho. As letras são instrumentos de propaganda desta facção. Esse falso artista é um instrumento de propaganda do Comando Vermelho. A música dele é mais lesiva do que um tiro de fuzil disparado por um traficante. A Polícia Civil não vai mais deixar que essa propaganda do crime organizado aconteça. Isso é um péssimo exemplo para crianças e adolescentes das comunidades", apontou.

    Relembre o caso

    MC Poze do Rodo foi levado para à Polinter
    MC Poze do Rodo foi levado para à Polinter |  Foto: Péricles Cutrim

    MC Poze do Rodo é investigado por apologia ao crime e por envolvimento com a maior facção criminosa do Rio de Janeiro. Ele foi preso na madrugada desta quinta-feira (29) em sua casa, no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio. A ação foi da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). 

    De acordo com as investigações, o cantor realiza shows exclusivamente em áreas dominadas pela facção com a presença de traficantes armados com armas de grosso calibre, como fuzis, garantindo a "segurança" do artista e do evento.

    Além disso, os agentes identificaram que o repertório das músicas entoadas por ele faz clara apologia ao tráfico de drogas, ao uso ilegal de armas de fogo e incita confrontos armados entre facções rivais, o que muitas vezes resulta em vítimas inocentes.

    De acordo com a investigação, esses eventos são estrategicamente utilizados pela facção para aumentar seus lucros com a venda de entorpecentes, revertendo os recursos para a aquisição de mais drogas, armas de fogo e outros equipamentos necessários à prática de crimes.

    A operação tem como base o cumprimento do mandato de prisão temporária expedido pela Justiça, após evidências de que os shows realizados pelo artista são financiados pela organização criminosa, contribuindo para o fortalecimento financeiro da facção por meio do aumento do consumo de drogas nas comunidades onde os eventos são realizados.

    Um desses eventos foi realizado no dia 19 de maio deste ano, na comunidade da Cidade de Deus, com a presença de diversos traficantes armados. O show, no qual o cantor entoou diversas músicas enaltecendo a facção criminosa, ocorreu poucas horas antes da morte do policial civil José Antônio Lourenço, membro da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), em uma operação policial na comunidade.

    A Polícia Civil reforça que as letras das músicas extrapolam os limites constitucionais de liberdade de expressão e artística, configurando crimes graves de apologia ao crime e associação para o tráfico de drogas. As investigações continuam para identificar outros envolvidos e os financiadores diretamente dos eventos criminosos.

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    Tiago Souza

    Tiago Souza

    Repórter sob Supervisão

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