Terceiro dia
Pastor via Flordelis como ‘a galinha dos ovos de ouro’, diz filha
Daiane alegou que família se separou após melhora financeira
Durante o terceiro dia de julgamento de Flordelis, no qual é acusada de ser mandante do assassinato do próprio marido, o pastor Anderson do Carmo, a filha afetiva do casal, Daiane Freires, afirmou que, em casa, Flordelis era apelidada como ‘A Galinha dos Ovos de Ouro’ pelos irmãos, já que consideravam que a vítima via ela dessa forma.
Ela também relatou que os filhos chegaram a presenciar brigas de casal entre Anderson e a mãe.
“A gente via brigas que começavam dentro do quarto deles, e parava na cozinha. Os meninos sempre falavam para ela que ela era ‘a galinha dos ovos de ouro’, [quem chamava era] os meninos mais velhos”, disse.
Ela se recordou do momento em que estava emotiva, após a morte do Pastor, e que tentou prestar apoio a mãe, mas ela só deu tapinhas em suas costas e saiu.
“Eu estava muito abalada, a gente tinha acabado de perder o nosso pai, e ela saiu. Eu posso ter pensado, deduzi, que era a maneira dela [de lidar com a situação]”, destacou sobre a frieza da mãe.
A filha afetiva retocou o fato de que Flordelis tinha filhos preferidos, e que Simone era um deles. Além disso, Daiane salientou que as desigualdades começaram a aparecer na família quando eles começaram a melhorar financeiramente.
“Eu não tive o amor da minha mãe como a Simone tem, não sei se por eu não ser biológica [...] A desigualdade só veio a aparecer na nossa família quando o dinheiro entrou”, afirmou.
A mulher relatou que na quinta-feira, três dias após a morte do pai, Flordelis perguntou se ela já havia prestado depoimento na delegacia. A mulher afirmou que não e questionou se ela queria orientá-la em algo, a ex-parlamentar negou. Contudo, no dia em que estava na delegacia, um advogado enviado pela mãe chegou.
“Eu tava depondo e chegou um advogado, bateu na porta, interrompeu meu depoimento falando que veio a mando da minha mãe me dar assistência, eu falei que não queria, pedi que ele saísse”, contou.
A testemunha lembra que, na noite do crime, após encontrarem o pastor baleado, um dos filhos chegou a alegar que ele estaria vivo, e que a filha de Simone e André, Lorraine do Santos, fez uma declaração inusitada.
“Ela falou que se o pastor tivesse sobrevivido, eles estavam ferrados, não poderiam mais ficar na casa”, contou.
A mulher afirmou que disse a André, quem também senta na cadeira de réu, que se a mãe estivesse envolvida no crime, iria se afastar da família, ele respondeu: “Mesmo se a minha mãe estiver envolvida, vou ficar com ela até o final”.
“Eu não sou uma ingrata, tenho muito carinho pela minha mãe, mas eu não consigo entender”, disse chorando.
Ela também declarou que a família chegou a cogitar que o irmão, Misael, quem já foi vereador em São Gonçalo, estaria comprando a mulher para ficar contra a própria mãe, já que na época ela teria sido nomeada a um cargo na prefeitura. Mas ela nega e diz que rompeu contato com ele.
“Rompi com o Misael porque ele estava com as mesmas ideias que o Pastor tinha e eu não o apoiava. Rachadinha”, declarou.
A filha afetiva falou que dentro da família, os irmãos criavam grupos entre eles, e buscavam afetos entre eles, já que os pais estavam sempre trabalhando e não tinham muito diálogos entre si. E que a própria Flordelis criava inimizade entre eles: "A gente criava grupos para poder se proteger. Um grupo tinha rixa com o outro".
SURRA
Durante depoimento, Daiane recordou de um fato que gerou um grande trauma em sua vida. Ela relatou que quando ainda moravam em Cabo Frio, Flordelis teria lhe dado uma ‘surra’, quando voltou do colégio, por uma mentira que ela mesma inventou.
“Quando a gente morava em Cabo Frio, a gente tinha o colégio, e quando eu cheguei em casa já cheguei apanhando. Lembro que ela se cansou [Flordelis],e pediu para o Carlos continuar me batendo. Eu apanhei porque ela inventou na casa que eu tinha vendido meu peito por 1 real”, disse emotiva.
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