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    O que será do músico que virou morador de rua em Niterói?

    Publicado 18/09/2019 às 18:24 | Autor: Eduarda Hillebrandt
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    Wigberto foi levado para a delegacia após denúncias, mas foi liberado. Foto: Ibici Silva

    Um senhor de baixa estatura, maltrapilho e cabisbaixo: foi assim que o ex-baterista Wigberto Rodrigues, reconhecido no meio musical por tocar ao lado de grandes nomes como Tim Maia e Celso Blues Boy, chegou à Delegacia de Icaraí (77ª DP), em Niterói, por volta das 11h desta quarta-feira (18).

    Conduzido por dois policiais militares, o musico aparentava não estar lúcido e não portava documentos de identificação. Pelas redes sociais, ao menos cinco ataques contra mulheres foram atribuídos a ele. No entanto, nenhuma denúncia consta contra Wigberto por lesão corporal nas delegacias de Niterói, revela a Polícia Civil.

    Questionado pelos policiais se seria o responsável pelas agressões acusadas pelos internautas, ele negou. Sem pendências, foi liberado e deixou a delegacia batendo a porta, mas pedindo dinheiro para viajar a Maricá. Sem sucesso, já estava de volta às ruas do bairro.

    Um dos casos atribuídos a ele ocorreu na terça-feira (17) quando uma mulher informou ter levado um murro nas costas de um morador de rua na esquina das ruas General Pereira da Silva e Mem de Sá. Mas, segundo a Delegacia de Icaraí, o golpe foi desferido por outro morador de rua, que acabou autuado por lesão corporal.

    Movida pelas denúncias na internet, Otávia Ruas foi uma das vítima que decidiu registrar ocorrência contra Wigberto. Moradora de Niterói, ela contou que no último dia 11 sofreu uma tentativa de ataque do acusado na Avenida Roberto da Silveira, altura da Miguel de Frias.

    “Havia um grupo em frente, caminhando na rua. Uma moça levou um soco nas costas e ele partiu para cima de mim”, afirmou.

    Desde a data, Otávia conta que anda com medo pela região. “Eu escapei por um triz, mas espero que outras vítimas busquem a Justiça. Esse homem é violento e enquanto estiver nas ruas acredito que exista risco”, afirmou.

    Otávia ainda não havia registrado boletim de ocorrência porque viajou. No entanto, afirma que procurou a Polícia Civil nesta quarta (18).

    Internação

    A associação do seu nome ao caso decorre da localização e do histórico de violência: Wigberto costuma repousar na General Pereira Nunes e foi alvo de um inquérito por lesão corporal em 2015. Em abril daquele ano, ele teria empurrado e agredido uma ciclista. O inquérito foi encaminhado para o Juizado Especial Criminal, mas não houve desdobramento judicial.

    Na época, Wigberto foi acolhido pelo Hospital Psiquiátrico de Jurujuba e teve o quadro estabilizado. Uma apresentação no Teatro da Universidade Federal Fluminense (UFF) com o então secretário de Cultura, Arthur Maia, já falecido, representou o marco de sua temporária recuperação.

    De volta às ruas meses após a internação, era acompanhado periodicamente pela Fundação Municipal de Saúde (FMS), que acrescentou se tratar de um paciente com quadro de transtornos mentais, mas apresentava estabilidade.

    Sem boletim de ocorrência, não houve autuação. Foto: Eduarda Hillebrandt

    Em nota a FMS informa que o paciente era mantido em quadro estável graças ao atendimento de equipes multidisciplinares dos Centros de Atenção Psicossocial e do Consultório na Rua, mas não era localizado há mais de duas semanas.

    Andarilho

    Na região onde estava transitando no último ano, Wigberto era até querido pelos comerciantes. André Almeida possui uma loja de tecidos na Pereira Nunes e convivia com o ex-músico.

    "Sei que ele chegou por aqui com palhetas e notas musicais, e não saiu mais. Passam verões e invernos e ele continua vagando. Como não gosta de calças compridas, apareceu aqui na loja me pedindo para cortar e fazer uma barra nas calças", contou o comerciante, que destaca a necessidade de mais assistência e acompanhamento constante para o músico.

    "Ele até chega a pedir dinheiro e eventualmente passa falando sozinho. Mas nunca presenciei agressividade", complementa outro comerciante, que administra uma barraca na Gavião Peixoto.

    Outros moradores, por sua vez, temem pela integridade de Wigberto e por novos surtos violentos. Mobilizado pelo assunto, o morador de Icaraí Henrique Vianna oficiou a Prefeitura sobre denúncias recentes de agressão e pelo histórico de violência.

    "Como cidadão, temo que o poder público não tenha respaldo jurídico para dar o devido tratamento a ele. Estou mobilizando as vítimas que relataram lesão corporal para que busquem a delegacia e prestem boletim de ocorrência" afirmou.

    A Prefeitura de Niterói informou que, assim que for encontrado, Wigberto deve ser encaminhado ao Hospital Psiquiátrico de Jurujuba, onde deve passar por avaliações e tratamento.

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