Julgamento
Neta de Flordelis fala que eram obrigados a trabalharem na igreja
Rayane foi a terceira a ser interrogada, depois de Flordelis
Rayane dos Santos, neta de Flordelis, falou logo depois da ex-deputada federal, no julgamento em que são rés pela morte do pastor Anderson do Carmo. Ela falou de supostos abusos que ocorreram na família, inclusive com ela, e que os filhos dos pastores eram obrigados a trabalharem na igreja, com risco de serem castigados caso rejeitassem.
Flordelis assistiu a fala da neta o tempo de cabeça abaixada, escondendo o rosto com as mãos
A ré chorou enquanto falava sobre não ter mais contato com os filhos, de sete e dois anos, e ao mencionar seu marido foi visitá-la na prisão apenas uma vez. Segundo ela, quando foi presa, o filho tinha apenas seis meses, ainda sendo amamentado.
Ela negou participação no crime, e disse que no dia da morte estava em sua casa, em Brasília. Rayane disse que recebeu a notícia através de seu tio Daniel. Seu marido, Felipe também recebeu uma ligação de Adriano, filho biológico de Flordelis, avisando que o pastor havia sido morto, mas pedido para que não contasse ela.
Rayane mencionou que Anderson merecia que a justiça fosse feita e que fosse preso. Para ela a família errou, e deveria ter se unido contra os abusos cometidos pelos pastor.
"Presenciei situações que já foram relatadas aqui. Ele sempre passando a mão nas pernas, tudo o que foi dito aqui infelizmente é verdade". "Hoje eu entendo que era abuso, mas comigo, na época, era essas manias de passar a mão, apertar peito, bater na bunda. Meu avô tinha esse hábito", contou.
Ela afirmou que não contou sobre os abusos a ninguémpor medo de perder o emprego que o avô havia conseguido em Brasília. Ela contou o ocorrido após a morte do pastor para a mãe, Simone, e para a Lorrayne, porque, segundo ela, como ele já não estava mais aqui, poderia falar.
A ré ainda falou de situações que viu com a mãe, Simone. "Eu me recordo dessas situações com a minha mãe, de passar a mão, dele ser bem possessivo em relação a ela, eu não entendia. E a Kelly também, ela me contou antes de casar. A minha mãe nunca falou sobre o assunto, dizia que não tinha o que fazer", disse.
Em seguida ela acrescentou que soube chegou a contar para Flordelis dos acontecimentos, mas ela não acreditou.
Rayane contou que os filhos dos pastores eram obrigados a trabalharem na igreja, e caso quisessem trabalhar fora era outra briga entre os familiares. Em uma ocasião, ela chegou a fugir de casa para não ter que ir para a igreja e, quando voltou, alegou que teve seus bens tomados por Anderson como castigo.
Ela ainda citou que viu a avó com hematomas. "Já vi com hematomas nas pernas, nas coxas, eu perguntava e ela dizia ser procedimento estético. Eu não desconfiava." "Comandava tudo na vida de Flordelis, desde a roupa até as falas. Até a cor do cabelo. 'Flor' [apelido de Flordelis] era totalmente dependente de ter alguém com ela sempre, diferente de Anderson, que saía sempre sozinho", acrescentou.
Apesar de declarar os abusos, Rayane disse que amava o avô. "Sim, eu o amava. Era uma relação muito boa, eu não nego, eu cuidava dele e da Flor em Brasília. Ele sempore me tratou bem, mas eu não me entregava tanto a esse sentimento pelas situações que minha mãe passava. Eu não me sentia confortável mas também não o desprezava, eu tinha que fazer a minha parte", contou.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!