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    Polícia

    Mortes em operação confirmam migração de traficantes para Itaboraí

    Publicado 14/12/2021 às 7:38 | Atualizado em 14/12/2021 às 20:00 | Autor: Alan Emiliano
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    Imagem ilustrativa da imagem Mortes em operação confirmam migração de traficantes para Itaboraí
    Reta Velha é um dos locais preferidos pelos migrantes do crime organizado. Foto: Arquivo/Marcelo Tavares

    As duas mortes ocorridas durante uma operação do Batalhão de Itaboraí (35°BPM), na manhã desta segunda-feira (13), no bairro Visconde, em Itaboraí, confirmaram um cenário que já havia sido anunciado, com exclusividade, pelo Enfoco, em novembro deste ano.

    Traficantes de estados da Região Norte e Nordeste estão se instalando em comunidades da pacata cidade da Região Metropolitana com o objetivo de se esconder de incursões policiais em seus locais de origem e ganham cada vez mais força entre as lideranças do crime organizado dessa região.

    Naturais da Bahia e do Pará, dois homens, acusados de ligação com o tráfico de drogas, foram mortos durante uma ação de policiais militares que buscavam localizar os responsáveis pela chacina que terminou com cinco mortes e três feridos uma padaria, no último domingo (12), no bairro São Joaquim, em Itaboraí. Durante a ação de buscas, os militares foram atacados por criminosos fortemente armados em uma área de mata, conhecida como Ilha, dando início a uma intensa troca de tiros que terminou com a morte dos dois suspeitos.

    Uma prova do crescimento desses traficantes naquela região são as armas que foram apreendidas com a dupla de criminosos. Uma delas é um fuzil calibre 556 - armamento de guerra utilizado por traficantes em recentes mortes de policiais militares em diferentes cidades do Estado do Rio. Além disso, outras duas armas de fogo e materiais utilizados pelo tráfico de drogas foram apreendidos com a dupla de “migrantes do crime”.

    Arma de guerra foi apreendida durante operação da Polícia Militar. Foto: PMERJ

    O próximo passo da investigação da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG) é descobrir se os criminosos oriundos do Norte e Nordeste tenham alguma ligação com a chacina ocorrida no bairro São Joaquim. A principal hipótese dos policiais civis é a execução, onde o policial civil Wellington Emerick seria um dos alvos dos criminosos por apresentar uma suposta ameaça à atuação do tráfico de drogas no pacato bairro localizado às margens da BR-101, em Itaboraí.

    Além de Wellington, outras quatro pessoas, que não teriam qualquer ligação com a disputa de poder entre traficantes e grupos paramilitares, foram mortas pelos criminosos. Outras três pessoas foram baleadas pelo grupo de bandidos. Traficantes das comunidades da Reta Velha e de Visconde são os principais acusados de terem participação na chacina de São Joaquim.

    Reta Velha: local predileto

    Segundo a polícia, um dos locais prediletos desses criminosos é a comunidade da Reta Velha, apontada pelos agentes como o principal poderio bélico do município de Itaboraí e “quartel-general” do Comando Vermelho (CV) no município. Recentemente, circulou um vídeo nas redes sociais mostrando um desfile de bandidos vindos da Região Nordeste em uma área de mata localizada no interior da comunidade, principal foco de criminosos da cidade.

    Nas filmagens feitas pelos próprios criminosos, eles ostentam armas de grosso calibre e realizam as próprias refeições escondidos na região de mata. Controlada pela facção criminosa Comando Vermelho (CV), o principal grupo de traficantes existente no Rio de Janeiro, a localidade é conhecida pelas principais atividades criminosas da cidade como roubo de veículos, além de possuírem alto poderio bélico.

    Segundo o delegado adjunto da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil, Rodrigo Coelho, o principal objetivo desses bandidos, que contam com a cobertura de lideranças do Comando Vermelho (CV), é se esconder em locais de difícil acesso de operações policiais e arrecadar recursos auxiliando as lideranças do tráfico nessas localidades na obtenção de lucro através do tráfico de drogas e cobranças de serviços considerados essenciais.

    “Nós possuímos uma investigação avançada sobre essa migração de criminosos da Região Nordeste para o Rio de Janeiro. E isso inclui até o Amazonas e o Pará, que ficam na Região Norte. Bandidos dessas regiões estão se escondendo em áreas dominadas pelo Comando Vermelho (CV) em uma espécie de consórcio entre os grupos criminosos existentes lá e a principal facção criminosa do Rio. Isso inclui comunidades do Rio de Janeiro, São Gonçalo, além de outras cidades menores”, disse o delegado.

    Tráfico como milícia

    Segundo investigação da Delegacia de Itaboraí (71ªDP), o tráfico da Reta Velha, assim como em outras comunidades do município, estaria agindo como milícia cobrando taxas ilegais por serviços como internet, TV a cabo e telefonia. Além disso, estariam assassinando e escondendo corpos de vítimas ligadas a antigos grupos paramilitares que atuavam na região, como o bairro Visconde. Um desses casos aconteceu com uma comerciante, em agosto. Ela foi executada por traficantes sob a justificativa que seria ligada a antigos milicianos no bairro Porto das Caixas, ligados ao tráfico da Reta Velha.

    Segundo investigadores, o chefe do tráfico é identificado como ‘Dodô, de 46 anos, preso desde 2004, mas que tem como representante na comunidade o traficante ‘Branquinho da Reta Velha’. Ele seria o responsável por orquestrar as principais ações criminosas do bando e chefiar os mais de cem soldados do crime na comunidade.

    Branquinho da Reta é apontado pela polícia como o chefe do tráfico da Reta Velha. Foto: Portal dos Procurados

    Preso há mais de 15 anos, Dodô é um dos nomes fortes do Comando Vermelho (CV) e já foi condenado há mais de 80 anos de prisão por crimes como tráfico de drogas, formação de quadrilha e roubo.

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