Depoimento
Morte de PM na Ponte: motorista diz que não percebeu atropelamento
Caio achou que tivesse colidido apenas com a viatura
Caio Gracco Barbosa Amorim Pereira, de 23 anos, que atropelou e matou o policial militar Artur Virgílio Ellena Guarana Guia, de 42, contou em depoimento na 17ª DP (São Cristóvão), que achou que tivesse colidido apenas com a viatura da PM e não percebeu que havia atropelado os PMs. A prisão de Caio foi solicitada pela Polícia Civil, mas negada pela juíza Maria Isabel Pena Pierante.
O jovem disse ainda apenas mais tarde que ele soube, pela mídia, que havia atropelado os policiais e que um deles havia falecido. Ele revelou ainda que não se recorda a velocidade na qual estava no momento do acidente, mas afirmou que não era alta.
No depoimento, prestado nesta segunda-feira (6), Caio, acompanhado de um advogado, começou dizendo que no sábado (4) estava com os amigos em um bar no Centro de São Gonçalo, mas que no local não ingeriu nenhuma bebida alcoólica. Ele chegou ao local às 23h e deixou o bar por volta das 2h de domingo (5). Ele contou que bebeu apenas energético e água no estabelecimento.
Após sair do bar, Caio assumiu o volante do seu carro, um Fiat Palio branco, para o Parque União, na Maré, no Rio, onde deixaria os amigos e seria ajudado por eles financeiramente para abastecer o carro.
Ao chegar na Ponte Rio-Niterói, no sentido Rio, ele viu um reboque em movimento e o ultrapassou. Foi quando ele percebeu que colidiu com algo e, pelo retrovisor, viu uma viatura da Polícia Militar estacionada. Ele seguiu seu caminho, apesar de desnorteado pelo ocorrido, e afirmou que não havia entendido direito o que havia acontecido. Até então, ele acreditava ter colidido com a viatura.
Na Avenida Brasil, ele resolveu parar o carro e ligar para seu pai. Ele ficou no Parque União até o amanhecer e acionou o reboque para levar o carro até Niterói, onde ele mora. Foi aí que ele viu que o carro estava com manchas de sangue por fora, entendeu que poderia ter atropelado alguém e ficou com medo de ser preso. Mas ainda assim não sabia que se tratava de um policial e tentou negociar com os reboquistas para que eles colocassem uma lona no carro dele durante a transferência.
No carro dele, foi encontrado um estojo de seda para maconha que ele afirma não ser dele, já que já foi usuário de drogas, mas não era mais e poderia ser de seus amigos. Ele disse, no entanto, que não tem certeza se os amigos usam drogas ou não. Anteriormente, Caio já havia sido detido com drogas.
Segundo investigações, seu carro foi encontrado abandonado na Avenida Brasil, próximo de Bonsucesso. Dois amigos que estavam com Artur foram hospitalizados, um com um ferimento em uma das pernas e outro em estado de choque.
O CASO
O cabo Virgílio seguia para uma ação policial na madrugada de domingo (5). Ele e outros policiais estavam indo em direção à Avenida Brasil para cumprir uma ordem de policiamento em apoio ao Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE). No momento em que trafegavam pela pista sentido Rio da Ponte Rio-Niterói, o veículo dele, que era particular, apresentou problemas mecânicos. Quando Virgílio desembarcou para sinalizar o local, foi atropelado pelo Fiat Palio, de cor branca, de Caio.
Ele morreu no local e outros três policiais ficaram feridos e socorridos para o Hospital Central da Polícia Militar (HCPM), no Estácio, região central do Rio. O policial foi enterrado nesta segunda-feira (6) no Cemitério Parque Nycteroy, no bairro de Vista Alegre, em São Gonçalo.
O pai do cabo, o aposentado Antônio Carlos Fontes, de 78 anos, contou ao ENFOCO, no enterro, que considerou uma fatalidade o que aconteceu com seu filho. “Ele amava a profissão dele, desde pequeno. Ele entrou no consulado dos Estados Unidos como segurança e após isso quis ser policial. Se não fosse essa fatalidade, ele continuaria na profissão. O mais importante que ele deixa é o jeito amoroso”, disse.
Artur deixou quatro filhos e uma esposa.
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