Violência
Menor suspeito de ajudar pai a atirar em mulher trans é apreendido
Caso aconteceu no dia 21 de novembro em Niterói
A polícia apreendeu o adolescente de 17 anos suspeito de envolvimento junto com o pai no caso da mulher trans Nycolle Dellveck, que ocorreu no dia 21 de novembro, no Centro de Niterói.
Segundo a polícia, ele teria ajudado o pai, Marciano da Silva Marques, de 45 anos, a atirar em Nycolle Dellveck.
Ele e Marciano já tinham sido identificados pelos policiais na última quinta-feira (24), no entanto, continuavam soltos. O adolescente foi preso em uma casa em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele vai responder por ato análogo a racismo e injúria por preconceito.
LEIA+: Polícia identifica agressores de mulher trans em Niterói
LEIA+: Mulher trans leva tiro e alega ataque em Niterói por ser da Umbanda
Marciano segue solto e, segundo Nycolle, estava trabalhando até recentemente no ponto de mototáxi onde o crime aconteceu. Por isso, a vítima, que segue com uma bala alojada entre o pescoço e o maxilar, continua com medo.
"Não me sinto totalmente segura. Vim na 76ª DP (Centro) reconhecer ele e realmente é o filho do Marciano, mas ainda sigo vivendo o trauma, tenho medo de ele fazer algo. O Marciano continuou me mandando mensagem, me ameaçando após o crime e eu nem consigo voltar a trabalhar por ser próximo dele. Estou com a vida parada e espero que ele seja preso!", disse ela. Marciano pode responder por homicídio qualificado, dentre outros crimes.
O menor já tinha ficha criminal por fato análogo ao tráfico de drogas e associação ao tráfico. O pai dele tem ficha criminal por roubo, violência doméstica e difamação.
O caso
Dellveck foi baleada no rosto na última segunda-feira (21), na Rua São João, no Centro, e ficou internada no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal) por dois dias, devido a gravidade dos ferimentos. A situação teria ocorrido por intolerância religiosa.
Nycolle contou que no sábado (19) ela discutiu com um dos acusados após ele dizer que não iria levar a minha amiga dela na moto. "Eles falaram que não levavam “viado” na moto. A gente estava saindo do trabalho para ir embora”, disse ela.
A partir daí, conforme a vítima, começou o primeiro desentendimento. E Nycolle e a amiga foram embora com outras pessoas.
Segundo o relato da jovem, já no domingo (20), um dos acusados mandou mensagem para ela, que não se sentiu confortável com a indagação dele.
“Ele perguntou se eu e minha amiga iríamos para a rua. Eu catei a maldade dele e disse que não iria para a rua, que estava em Copacabana. Na segunda (21), eu desci para a rua para trabalhar. Aí ele me encontrou e falou que tínhamos que desenrolar essa discussão de domingo e eu disse: 'Peraí, que eu tenho que acender um cigarro na encruzilhada para começar o dia de trabalho'".
Na sequência, de acordo com Nycolle, o acusado teria iniciado os insultos contra a religião dela, a umbanda, e em seguida feito disparos de arma de fogo.
"Ele perguntou se eu gostava de fazer macumba e indagou se eu estava bem protegida. Foi quando eu disse que: 'Graças a Deus e aos meus orixás eu estou protegida'. Ele deu a volta, foi no ponto de mototáxi, colocou o filho dele para pilotar a moto e veio na garupa. Eu estava agachada acendendo o cigarro, ele parou a moto e já mostrou a arma e disse que eu gostava de fazer macumba, e deu o tiro”, contou a jovem.
Nycolle disse que o acusado atirou várias vezes contra ela, mas por conseguir desviar, foi acertada por um disparo.
“Quando ele deu o tiro, eu corri, consegui levantar e correr. Nessa, ele tentou dar outro tiro. Foi quando o filho dele virou e falou que a outra estava ali e ele queria dar o tiro na minha amiga. Foi quando eu comecei a gritar e a praça toda gritou e eles deram fuga”, afirmou.
Perdeu documentos, objetos ou achou e deseja devolver? Clique aqui e participe do grupo do Enfoco no Facebook. Tá tudo lá!