Mais de 50 clientes denunciam golpe de empresa de buffet em Niterói

Mais de 50 clientes e funcionários denunciaram uma empresa de buffet de festas de Niterói, na Região Metropolitana do Rio, após a proprietária fechar as portas e não realizar o reembolso dos serviços já contratados. Os prejuízos somam mais de R$ 200 mil, conforme as queixas.

Segundo relatos, a "Marilza Pimentel Eventos", que já está há mais de 25 anos no mercado de festas, anunciou o encerramento das atividades no último domingo (30), com a justificativa de que a dona está passando por graves problemas de saúde, incluindo depressão e ansiedade.

No entanto, conforme afirmam os clientes e os funcionários da empresa, embora a proprietária tenha afirmado que entraria em contato para realizar os reembolsos e pagamentos, essa conversa ainda não aconteceu.

Falta de transparência

Laura Britto, de 41 anos, foi uma das consumidoras que ficou prejudicada pelos serviços da Marilza. Ela contratou o buffet completo para o aniversário do seu filho de 2 anos, no dia 8 de junho deste ano, pelo valor de R$ 3,5 mil. A festa estava prevista para acontecer no dia 3 de agosto. 

Efetuei o pagamento integral via Pix para a conta indicada por ela

"Ela me garantiu que estava disponível e ofereceu um pacote completo, incluindo refeição, decoração, doces e bolo. Explicou que eu precisava agir rapidamente para aproveitar a promoção e que o pagamento deveria ser feito à vista. No dia 10 de junho, efetuei o pagamento integral via Pix para a conta indicada por ela", afirmou Britto.

Contudo, neste domingo (30), a mãe foi surpreendida com a notícia do encerramento das atividades da empresa. Ela entrou em contato com a Marilza para saber sobre o reembolso, porém, até agora não foi respondida.

Diante dessa situação, decidi reformular a festa

"Já havia fechado o aluguel de brinquedos e contratado o serviço de fotografia. Com isso, sofri outros prejuízos adicionais. Diante dessa situação, decidi reformular a festa, que agora será apenas para a família. Estou procurando outra opção para o serviço de comida e, consequentemente, cancelei o convite que havia feito aos amigos", compartilhou ela.

'Tudo desorganizado'

Outra vítima, que preferiu não se identificar, estava pagando a festa do seu filho de um ano desde o início de 2023, marcada para acontecer no último sábado (29). Entretanto, no dia da festa, a Marilza não honrou com o pacote completo que havia sido contratado pela família.

A cozinheira veio, mas não trouxe comida

"Ela entregou parte da festa, mas veio tudo bagunçado e desorganizado. A cozinheira veio, mas não trouxe comida. Tivemos sorte porque contratamos outros serviços separadamente, como animação e brinquedos. Boa parte da comida também foi via delivery, o que nos salvou. Tentaram recolher o que mandaram no final da festa, mas já era tarde demais, e as coisas dela ficaram aqui", afirmou.

O prejuízo da família ficou em torno de R$ 3 mil. Mas, de acordo com a vítima, há outros clientes que também denunciaram a situação e tiveram prejuízos que ultrapassam os R$ 10 mil.

Simplesmente nos bloqueou, não responde e não atende

"Ela não mostrou nenhuma preocupação em retornar, pedir desculpas ou tentar ressarcir. Simplesmente nos bloqueou, não responde e não atende. Sumiu e, aparentemente, fez uma postagem no domingo mencionando que está enfrentando depressão, mas isso já vinha sendo um problema ao longo da semana", completou.

Funcionários foram prejudicados

O problema não afetou apenas os clientes, mas também os mais de 50 funcionários e fornecedores da empresa. Lays Fernandes, de 35 anos, responsável pelos serviços de decoração, conta ao ENFOCO que até o momento não recebeu o pagamento pelo seu trabalho.

Ela prometeu vender os pertences do buffet para pagar as dívidas

"Eu trabalhava para ela desde fevereiro. Ela deveria pagar semanalmente, mas começou a não pagar o valor completo. Isso afetou não só a mim, mas todos os funcionários e fornecedores. Ela prometeu vender os pertences do buffet para pagar as dívidas, mas antes de fazer o comunicado, esvaziou o depósito, levando também itens que ela alugava de outras pessoas", compartilhou.

Segundo Lays, seu prejuízo é de R$ 1,5 mil. Mas há outros fornecedores para quem ela deve até R$ 7 mil. A funcionária compartilha sua indignação com o ocorrido.

"Estou irritada com essa situação. Ela sabia que não poderia nos pagar nem cumprir com seus compromissos, mas mesmo assim continuou fechando festas e nos chamando. Antes de comunicar a falência, ela retirou todas as coisas do depósito e simplesmente desapareceu. Ainda por cima, manda áudios dizendo que somos mal agradecidos e viramos as costas para ela", concluiu.

O que diz a polícia

Conforme relatado ao ENFOCO, diversas famílias registraram ocorrências em Niterói. De acordo com a 79ª DP (Jurujuba), o caso de Lays foi registrado pela internet.

"A delegacia entrou em contato com a vítima e aguarda o comparecimento dela na unidade policial para ser ouvida e apresentar mais informações sobre o fato", diz a nota da Polícia Civil.

O que diz a empresa

Procurada, a empresária Marilza Pimentel reafirmou que "infelizmente precisou encerrar as atividades por alguns problemas de saúde física e mental, dentre elas, uma crise de pânico horrível". Em nota, ela afirmou que já está medicada "e procurando resolver tudo da melhor forma".

Eu preciso apenas levantar caixa.

"Informei nas minhas redes sociais e volto a afirmar que hoje estou tentado levantar caixa através do meu material de trabalho, para acertar com todos: clientes, fornecedores e prestadores de serviço. Pessoas que confiaram no meu trabalho e que eu não tenho como não fazer o mínimo que é a devolução e pagamentos, mas para isso, eu preciso apenas levantar caixa", enfatizou.

Marilza também negou que tenha tido a intenção de prejudicar os clientes, fornecedores e prestadores de serviço.

Eu perdi toda uma carreira no ramo de 28 anos.

"Eu nunca quis isso, mas não tive controle. Tudo isso me dói muito. Eu perdi toda uma carreira no ramo de 28 anos. Realizei muitos sonhos, mas assim como muitos empresários, após a pandemia tudo se tornou muito complicado. Eu ainda consegui me manter no mercado, honrei com todas as quase 40 festas que após a liberação do lockdown, vieram todas de uma vez remarcar datas", disse ela.

O financeiro agora é o que eu quero e pretendo ressarcir.

E finalizou: "Vendi festas para conseguir realizar festas, até não conseguir mais. No último domingo, passei a noite em claro e em pânico, sem conseguir reagir. Agora o que eu quero é resolver. Já houve prejuízo emocional de todos os envolvidos. O financeiro agora é o que eu quero e pretendo ressarcir. Acredite que tudo isso me dói demais".