Protesto
Mãe de MC Foca do Salgueiro alega injustiça em prisão
Músico enfrenta acusação por roubo em Rio das Ostras
"É muita injustiça! Meu filho está preso. É um menino carinhoso, trabalhador, que tem o sonho de ser MC e ajudar nossa família. Chamar meu filho de ladrão? Jamais. Isso é preconceito por ele ser de favela, por ele ser negro, é diferente para a sociedade". Esse é o relato emocionado da técnica de enfermagem Luiza Andréa Cordeiro, mãe de Jorge Douglas Cordeiro de Oliveira, conhecido como MC Foca do Salgueiro, de 30 anos, que está preso desde agosto deste ano.
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MC Foca é acusado de roubar uma casa em Rio das Ostras na madrugada do dia 2 de março de 2023.
"Ele foi preso no início de agosto deste ano, como prisão preventiva. Eu estava trabalhando e tinham mensagens dele no meu celular. Aí ele mandou um áudio falando que estava detido para eu não ficar nervosa, que ele estava em um bar com os amigos, todos foram liberados, mas que pediram o número do documento dele e deram voz de prisão para dele. Os policiais disseram que ele estava preso por 30 dias e ele não sabia nem a causa. Levaram ele para a delegacia e eu fiquei desesperada. Lá, ele soube que o motivo era que ele estava sendo investigado por um assalto aqui em Rio das Ostras", afirmou a mãe dele, que tem 50 anos.
As vítimas teriam reconhecido o rapper e mais dois suspeitos, no entanto, a família dele afirma que as vítimas contaram que os homens estavam encapuzados, então, não teria como reconhecê-los.
"Meu filho não é ladrão! Ele nem estava aqui nessas datas. Eu moro em Búzios e a última vez que ele esteve na Região dos Lagos foi no Ano Novo, comigo. Ele estava com amigos nesse dia no Salgueiro, onde ele mora. Os amigos comprovam que o viram e serão levados como testemunhas no dia do processo. A vítima reconheceu ele por foto, infelizmente, ele já teve passagens e, por isso, a foto dele devia estar no sistema, mas se estavam encapuzados, como ele foi reconhecido? Além disso, falaram que o suspeito tem uma tatuagem de bússola no punho, mas, ele não tem. Ele tem apenas uma no braço com dizeres bíblicos", indagou ela.
Jorge está preso em Benfica, na Zona Norte do Rio e, desde então, não conseguiu ver a mãe. Ele já foi preso anteriormente por violência doméstica e por estar com 40 gramas de maconha para uso próprio, o que foi dado como tráfico.
No entanto, ele já pagou por esses crimes. "Mas, ele já pagou por tudo que fez quando era adolescente. Sobre a violência, a queixa foi retirada porque foi um problema entre ele e a ex-dele", confirmou a técnica de enfermagem.
Na cadeia, MC Foca está preocupado com sua mãe. "Eu ainda não o vi, mas ele me pediu bastante calma. Disse que vai provar a inocência dele. Está doendo muito passar por isso, meu filho não roubou nada. Eu acredito que seja preconceito, por ele ser de comunidade, negro, é diferente, morador de favela é visto de forma diferente", contou ela.
Jorge tem dois filhos, um de 10 e outro de 4 anos, e quer crescer com as crianças. A família pretende fazer um ato na frente do presídio onde ele está, nesta semana, pedindo por justiça.
Defesa
A defesa de Jorge Douglas afirma que ele estava em São Gonçalo no dia e momento do crime. Testemunhas fizeram um abaixo-assinado informando que ele foi visto por elas no dia do crime. Algumas delas serão apresentadas ainda no julgamento para prestar depoimentos.
Há vídeos, também, do MC no Salgueiro no dia e um registro de uma transferência feita por ele para uma mulher em um bar na mesma região no dia do crime. Além disso, há vídeos dele fazendo apostas no momento do crime em Rio das Ostras.
"Tem o Pix da dona do bar, o jogo eletrônico, um vídeo que ele postou nos stories marcando o Salgueiro como localização, testemunhas que estavam com ele. Vou levar as testemunhas na delegacia, para prestar depoimento, e vou entrar com pedido de revogação de prisão temporárias com essas provas", informou o advogado Marcelo Bianchi, que está com o caso. Ainda não há data, no entanto, para audiências do caso.
Procurado, o Tribunal de Justiça do Rio informou que "por enquanto, houve apenas a audiência de custódia no dia 16, que manteve a prisão. A audiência de custódia serve para o preso ter a oportunidade de dizer se houve violência na prisão, o que ele afirmou que não ocorreu. Agora, é preciso que a defesa recorra da prisão, se for o caso, e o processo vai continuar correndo. O TJ fala apenas sobre os casos concretos e sobre as decisões e sentenças."
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