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    Polícia

    ‘Lugar errado': famílias choram as perdas em Itaboraí

    Publicado 13/12/2021 às 13:49 | Atualizado em 14/12/2021 às 9:21 | Autor: Alan Emiliano
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    Imagem ilustrativa da imagem ‘Lugar errado': famílias choram as perdas em Itaboraí
    Ao menos cinco pessoas morreram e três ficaram feridas após ataque criminoso em padaria neste domingo (12). Foto: Marcelo Tavares

    “Ele saiu de casa para comprar frango e terminou morto. Estava na hora errada e no lugar errado”. O relato é de uma familiar do contador Júlio César do Nascimento, de 70 anos, uma das vítimas fatais de uma ação de criminosos que terminou com cinco mortos e três feridos, na tarde deste domingo (12), no bairro São Joaquim, em Itaboraí. Ele havia acabado de chegar na padaria - alvo dos criminosos - quando os bandidos efetuaram os disparos.

    Segundo a familiar, que preferiu não se identificar, ele trabalhava como contador e saiu de casa, por volta das 13h, para comprar um frango para o almoço na padaria, localizada na Rua José Leandro, no bairro São Joaquim. Poucos minutos após o contador chegar no estabelecimento comercial, um grupo de criminosos desembarcou de um veículo e efetuou dezenas de tiros que ceifaram a vida de cinco pessoas e deixaram três feridos durante uma ação brutal de demonstração de poder.

    “O que era pra ser um domingo tranquilo, rotineiro, acabou dessa forma tão triste. Não dá pra entender, não consigo aceitar a forma com que tiraram a vida de um cidadão de bem. Agora o que resta é saudade. Nada vai trazer o Júlio César de volta, infelizmente. Foram minutos de muito pavor e medo. Ninguém sabia o que podia acontecer”, disse a familiar.

    Outra família que esteve na sede do Instituto Médico Legal (IML) em Tribobó, São Gonçalo, para realizar os procedimentos de liberação do corpo foi a do porteiro Joelson Ferreira da Conceição, de 48 anos, uma das vítimas que morreu ainda no local da ação criminosa. Eles revelaram que o morador de Itaboraí estava no local confraternizando com os amigos quando os criminosos chegaram e atiraram na direção do grupo, que havia acabado de sair de um campo de futebol.

    “Era trabalhador e não tinha nada a ver com essa briga pelo poder. É mais uma vítima dessa guerra armada que não tem vencedores e acaba com a morte de pessoas inocentes que não possuem nenhuma ligação com coisas erradas. Até quando viveremos esse caos? Nossa família está com medo. Não sabemos quem foram os responsáveis. Estamos com medo”

    O corpo do policial civil e ex-vereador de Itaboraí Wellington Emerick foi o único a ser liberado, até o início da tarde desta segunda-feira (13). O sepultamento do agente civil, que era lotado na Delegacia de Duque de Caxias (61ªDP), será realizado, a partir das 15h, no Cemitério Parque da Paz, em Itaboraí. As outras famílias preferiram não falar com a imprensa e aguardavam a liberação dos corpos até o início da tarde desta segunda-feira.

    Investigação

    Segundo uma investigação dos policiais civis da Divisão de Homicídios de Niterói, Itaboraí e São Gonçalo (DHNISG), responsável pelo caso, existe uma guerra entre criminosos do Comando Vermelho (CV) e integrantes de grupos paramilitares que duelam pelo controle do bairro São Joaquim, que fica às margens da BR-101. Os agentes da distrital investigam a informação de que os responsáveis pelos disparos que mataram cinco pessoas e deixaram três feridos sejam integrantes da principal facção criminosa do Estado do Rio, oriundos de comunidades de Itaboraí, que buscavam retirar a ameaça de instalação de milícia naquela região.

    O próximo passo do inquérito é buscar, através das imagens de câmeras de segurança, a identificação dos criminosos envolvidos no atentado. Uma das linhas de investigação é de que o grupo seja oriundo de duas comunidades controladas pelo tráfico de drogas em Itaboraí.

    Confusão e medo: as marcas de uma guerra sem vencedores. Foto: Marcelo Tavares

    Segundo fontes da especializada, o policial civil - morto na ação - já teria sido citado em nove inquéritos sobre um grupo de extermínio atuante na região de São Joaquim e adjacências, que executava rivais com sinais de crueldade como forma de expansão do grupo paramilitar.

    “Ontem isso aqui ferveu. Ficamos muito tensos com todo o ocorrido e a pior sensação foi o medo depois dos tiros. Ninguém sabia o que poderia acontecer, se eles iriam voltar.. Quem morreu estava se divertindo na padaria, bebendo uma cerveja.. Alguns deles estavam numa partida de futebol ali no campo e depois aconteceu tudo isso. Aqui nunca foi dessa forma, ficamos com muito medo. O Wellington era uma pessoa muito querida aqui no bairro e que gostava da justiça. Era o nosso defensor aqui, agora vamos ficar na mão de quem não conhecemos”, disse uma moradora do bairro há 30 anos, que preferiu não se identificar.

    Câmeras

    Imagens de câmeras de segurança do interior do estabelecimento comercial e de outros comércios localizados na Rua José Leandro, no bairro São Joaquim, mostram criminosos armados com fuzis e pistolas chegando ao local e realizando diversos disparos na direção dos frequentadores da padaria. Após o início do ataque, algumas pessoas se desesperam e correm para tentar fugir da ação dos criminosos.

    Uma das câmeras localizadas em frente ao comércio mostra o desespero dos frequentadores da padaria após perceberem a ação dos criminosos, que realizam diversos disparos na direção das vítimas. Nas imagens, é possível perceber que uma das vítimas, um homem, vestindo uma camisa cinza e short azul, tenta fugir da ação dos criminosos, mas acaba sendo atingido e cai no meio da rua.

    Busca por envolvidos acaba com duas mortes em Visconde

    Dois homens foram mortos, na manhã desta segunda-feira (13), durante troca de tiros com policiais militares do Batalhão de Itaboraí (35°BPM) no bairro Visconde, em Itaboraí.

    De acordo com a Polícia Militar, uma equipe do Batalhão de Itaboraí (35°BPM) foi até o bairro Visconde para verificar uma denúncia de que envolvidos na chacina ocorrida no bairro Santo Antônio, na tarde deste domingo (12), estariam escondidos em uma área de mata no bairro Visconde, em Itaboraí. Durante patrulhamento, os militares foram informados que os criminosos estavam em uma localidade conhecida como Ilha.

    Ainda segundo a polícia, durante buscas na região, os militares foram atacados a tiros, dando início a um intenso confronto armado. Na ação, dois suspeitos, oriundos da Bahia e do Pará, foram baleados e não resistiram aos ferimentos. Com eles, foram apreendidos um fuzil, uma pistola, um revólver, dois rádios transmissores e drogas.

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