Luto
Jovem baleado em Niterói se comunicou com a família antes de morrer
Ele será sepultado no Cemitério do Maruí nesta quinta-feira (8)
O jovem Ronald dos Santos, de 22 anos, que morreu nesta quarta-feira (7) no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), no Fonseca, em Niterói, quase um mês após ser baleado nas costas durante uma ação policial na comunidade do Boa Vista, chegou a acordar, enquanto estava no hospital, e conseguiu se comunicar com familiares mexendo as mãos, conforme a família ia fazendo perguntas.
Ele morreu por uma infecção hospitalar, segundo familiares, e chegou a ter três paradas cardíacas enquanto estava internado. Ronald foi baleado no dia 11 de maio e ficou internado até a data de sua morte.
A família contou que o hospital atendeu bem ao jovem e a infecção que causou seu falecimento não foi provocada por descuidos da unidade.
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Os familiares dele deram relatos emocionados sobre o rapaz ao irem até o Instituto Médico Legal (IML) do Barreto, em Niterói, nesta quinta-feira (8).
"Se ele tivesse sobrevivido, provavelmente ele não estaria andando, ficaria numa cadeira de rodas. Esse tempo todo internado, foi de muita dor, sofrimento e agora mais ainda com o óbito dele. Tá duro, difícil, queremos justiça! Ele era um garoto evangélico, aconteceu o que aconteceu com ele e não tivemos mais nenhum retorno até hoje do que houve com quem atirou nele. É uma dor enorme! Estamos, desde o dia que ele foi baleado, com a cabeça embaralhada", disse a tia Aldaci da Conceição dos Santos.
A avó dele, Ângela Maria da Silva, contou um pouco sobre como ele era, um rapaz que curtia esportes e com perfil carismático.
"Ele gostava de jogar futebol, falava que queria ser jogador de basquete, ele tinha costume de ir jogar basquete em torneios pela cidade. Ele era brincalhão, ia muito na igreja, participava da live na igreja, mexia no som. No dia do ocorrido, os policiais não queriam deixar ninguém socorrê-lo. Os médicos disseram que, se tivessem socorrido ele a tempo, ele poderia estar salvo", afirmou.
Ao todo, o jovem teve três paradas cardíacas, segundo a família.
"Ele teve três paradas cardíacas, uma ele reagiu e as outras ele não aguentou. Ontem, meio-dia, ele teve a última. Ele morreu com uma bactéria no sangue, tentaram combater, mas não deu. Estamos sem destino, com pé e mão atados, sem poder fazer nada e a justiça não dá retorno nenhum. Não sei mais o que fazer. No hospital, ele sabia o que tinha ocorrido com ele, o Ronald chegou a acordar, mexia a mão segundo as nossas perguntas, se comunicava, mas foi sedado de novo logo depois", disse a avó Ângela Maria da Silva.
O velório de Ronald está agendado para iniciar às 14h30, no Cemitério do Maruí, no Barreto. Ele será sepultado às 16h30. Um ônibus com amigos e vizinhos do rapaz foi alugado para levá-los ao enterro.
O caso
Ronald tentou salvar duas crianças durante os tiros e acabou ferido nas costas. Ele estava indo jogar bola com seu irmão quando foi baleado. Ao ouvir os disparos, ele tentou se esconder em um bar.
Três disparos de tiros foram ouvidos, o terceiro atingiu as costas do jovem, que foi socorrido por moradores. O projétil que o atingiu perfurou o estômago, o instestino e acertou a coluna dele.
De acordo com a mãe do jovem, Juliana dos Santos, de 40 anos, que estava em casa no momento dos disparos. "O irmão dele desceu junto para jogar bola com os amigos da igreja. Na hora dos tiros, o irmão dele correu para casa do colega, já Ronald foi para baixo para salvar as crianças e levar para dentro do bar. Nisso, foram ouvidos três tiros, um pegou nas costas dele. Tinha crianças na rua jogando bola. Isso aconteceu em um horário que crianças estavam saindo da creche. Mesmo baleado, ele disse para o policial que por mais que ele atirou ele perdoava ele", disse a mãe.
Ramon da Silva Santos, de 22 anos, irmão gêmeo de Ronald, contou que foi impedido pelos policiais de prestar o socorro. Ele e outras pessoas, incluindo o dono do bar, tiveram que implorar para levar o jovem para o hospital.
"O policial não deixou a gente salvar, depois que conseguimos colocamos ele no carro e vimos que ele estava muito fraco. Pedi por várias vezes para ele não dormir. Ele apertou a minha mão e pediu para orar por ele", contou.
Procurada, a Polícia Militar informou que o processo apuratório está em andamento.
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