Polícia
Horas de abandono em praça pública de São Gonçalo
Horas de espera e um jogo de empurra que durou pelo menos seis horas. Enquanto as autoridades duelavam pela responsabilidade na remoção, o corpo de Franklin da Silva Conceição aguardava abandonado por horas até a retirada, nesta segunda-feira (7), no bairro Zé Garoto, em São Gonçalo. Ele recebeu alta médica na última sexta-feira (4) do Pronto Socorro Central de São Gonçalo (PSCSG) após apresentar quadro de anemia profunda, mas faleceu três dias depois, pelo que seria um mal súbito próximo a unidade de saúde.
Segundo a Prefeitura de São Gonçalo, responsável pela administração do PSCSG, o paciente deu entrada na unidade no último dia 3 apresentando quadro de prostração - quando uma pessoa sente um conjunto de sensações desagradáveis, como o cansaço excessivo e exaustão. Entretanto, segundo o Executivo, após a equipe médica realizar exames, foi detectado que o paciente apresentava anemia profunda. Foi feita transfusão de sangue com duas bolsas e no dia 4 de junho e ao ter o quadro de saúde estabilizado, o paciente recebeu alta.
Entretanto, na tarde desta segunda-feira(7), Franklin teria sofrido um mal súbito próximo ao local da internação e faleceu, dando inicio ao jogo de empurra entre as autoridades, por quase seis horas. Toda a situação começou por volta das 15h quando o homem, que era morador da localidade conhecida como Itaoca no Complexo do Salgueiro, morreu na praça do bairro Zé Garoto. A vítima não possui familiares na região.
Quem passava pelas proximidades ficava sem entender o que estava acontecendo e por que o corpo permanecia no local. Segundo a Prefeitura de São Gonçalo, às 15h04, funcionários do Corpo de Bombeiros foram até o local, informaram o óbito e encaminharam a ocorrência para a Polícia Militar, que por sua vez teria acionado agentes da Delegacia do Mutuá (72ªDP) para a realização da perícia.
Acontece que o corpo não foi removido e a Defesa Civil esclareceu que para a remoção do corpo é necessário que seja feito acionamento do serviço de remoção de cadáveres, que precisa ser feita exclusivamente pela delegacia da área, que emite um documento chamado Guia de Recolhimento de Cadáver (GRC).
Segundo o Corpo de Bombeiros, o Serviço de Recolhimento de Cadáver da Defesa Civil foi acionado pela Polícia Civil às 20h37 do dia 7, mas o corpo foi recolhido às 21h20 e encaminhado ao Posto Regional de Polícia Técnico Cientifica de Tribobó.
Questionada a respeito da demora na liberação do corpo para a remoção, a Polícia Civil se absteve da culpa e direcionou o problema à Prefeitura de São Gonçalo, já que, segundo a corporação, não houve crime no fato.
'Em casos em que não há crime, de acordo com a legislação vigente, a remoção deve ser realizada pelas prefeituras, via Samu ou outro serviço de saúde'
Já a prefeitura informou que 'o corpo só pode ser retirado do local após perícia. Assim que o procedimento foi realizado, o corpo foi removido'.
O caso chamou a atenção de autoridades, o vereador da cidade, Romário Régis (PCdoB), esteve no local e considerou como 'falta de respeito dos órgãos' na remoção do corpo da vítima.
"Um jogo de 'empurra-empurra' que não tem fim. Não temos paz na vida, no trabalho, na saúde pública, na educação e também não temos paz na hora da morte. São cenas como essas que fazem a imagem da polícia ficar ainda mais prejudicada"
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