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    Caso Matheus

    Grupo protesta em Niterói dias após morte de dançarino

    Ato ocorrido nesta sexta-feira (23) pedia por justiça

    Publicado 23/12/2022 às 13:54 | Atualizado em 23/12/2022 às 14:46 | Autor: Ana Carolina Moraes
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    Durante o ato, os gritos eram de que Matheus sempre foi um menino justo e trabalhador. Outras pessoas gritavam por justiça
    Durante o ato, os gritos eram de que Matheus sempre foi um menino justo e trabalhador. Outras pessoas gritavam por justiça |  Foto: Karina Cruz

    Um grupo formado por 50 motoboys se reuniu em frente a Delegacia de Homicídios de Niterói, nesta sexta-feira (23), para protestar pela morte de Matheus Bruno dos Santos Cardoso, de 23 anos.

    Ele foi morto durante uma ação da Polícia Militar na tarde de segunda-feira (19) na comunidade da Otto, no bairro Engenhoca, na Zona Norte de Niterói.

    Familiares da vítima também estavam no local pedindo pelo avanço das investigações. Eles clamavam para que o policial que deu o tiro no jovem, que era dançarino e ator, seja afastado das ruas. 

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    A avó de Matheus, dona Maria Teresa da Conceição, de 59 anos, morava com o neto e hoje se sente vazia sem ele. Na mesma casa, morava o esposo dela e avô do rapaz.

    “Todo dia eu choro de manhã, todo mundo conhecia ele. Meu neto nunca fez nada de errado. Ele tinha trabalhado de manhã e estava voltando para casa depois de ter tentando ir ao Cras para conseguir um auxílio do governo”, lamentou ela.  

    • Grupo protesta em Niterói dias após morte de dançarino
      | Foto: Karina Cruz
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      | Foto: Karina Cruz
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      | Foto: Karina Cruz
      

    Websérie

    A namorada do jovem, Adrielle Alexandre, de 23 anos, também esteve no ato. Na frente da delegacia, ela pedia por justiça e por uma perícia de imagem de fotos que estão sendo divulgadas na internet de Matheus armado.

    As armas de airsoft, segundo ela, são da websérie "Sem Ocupação", na qual Matheus atuava. A série foi gravada há mais de um ano e está em exibição atualmente. Os armamentos são de airsoft.

    Adrielle, inclusive, quer a exumação do corpo do namorado para entender o ocorrido. 

    “Esses dias têm sido péssimos, estou sem comer, tudo que eu como, coloco para fora. Eu sou uma pessoa com anemia falciforme e eu não consigo comer porque tiraram o Matheus de mim. O Matheus que estão falando que é bandido e não é. Eu quero justiça e não vou parar! Eu quero um perito de imagem para analisar as armas da websérie que estão falando que é arma de verdade, sem ser”, afirmou a maquiadora e design de sobrancelha.

    O fundador da websérie que Matheus atuava, Carlos Marques, ressaltou que as fotos que estão sendo divulgadas da vítima com armamento são do filme e, por isso, não são armas de verdade. 

    “Hoje, deixei o meu trabalho para estar ajudando os jovens e levando cultura até as favelas. As armas que estão nas fotos são todas falsas, de airsoft, algumas pintadas com as pontas laranja e pretas para apresentar realidade, mas todas são falsas. Isso o que fizeram com ele é maldade, crueldade. Colocar armas falsas para livrar eles dos crimes que eles cometeram. As fotos foram postadas na rede social da websérie e do Matheus, são todas da websérie”, afirmou o jovem de 27 anos. 

    A websérie foi filmada em algumas comunidades de Niterói e São Gonçalo. A trama mostra dois lados: de policiais corruptos e de jovens envolvidos com o crime, mas tudo utilizado é puramente cenográfico. 

    O padrasto da vítima, Dayfison Luíz, de 32 anos, afirmou que a família não terá um Natal feliz.

    “O que me deixa mais triste é indignado é como o estado mata um inocente com três tiros de frente e vão para suas casas como se nada tivesse acontecido e eles vão ter ceia de Natal. Acabaram com a vida de todo mundo. Os policiais que mataram o Matheus não podem ficar impunes. Ele era ator, trabalhava cuidando de cachorro, era dançarino e não era bandido”, afirmou o entregador de farmácia. 

    Durante o ato, os gritos eram de que Matheus sempre foi um menino justo e trabalhador. Outras pessoas gritavam por justiça. A família tentou falar com o delegado da Delegacia de Homicídios após o ato. Ainda não há informações se eles foram atendidos.

    “Queremos justiça e a investigação da DH. Os policiais não têm o direito de tirar a vida de uma pessoa inocente. Eu estou cobrando agora um reparo do Estado para essa família dilacerada. O Estado tem que parar com isso. Se o Brasil tivesse pena de morte, quantos negros seriam condenados e quantos brancos ficariam vivos? Somos honestos, sou servidora, minha filha é maquiadora, não tem bandido. A família do Matheus não tinha bandidos”, afirmou a servidora Cláudia Alexandre, de 52 anos, sogra de Matheus. 

    O que diz a PM

    Segundo a Polícia Militar, no dia da morte de Matheus policiais do Grupamento de Ações Táticas (GAT) do 12º BPM (Niterói) receberam a informação de que criminosos estavam descendo a comunidade para realizar roubos na avenida Professor João Brasil.

    Conforme a ocorrência, os policiais foram até o local e se depararam com cinco criminosos armados na travessa Otto. Houve troca de tiros. Ainda segundo a PM, após o confronto, os policiais encontraram Matheus baleado. Uma pistola e um radiotransmissor foram apreendidos.

    A polícia confirmou que o jovem não tinha anotações criminais, mas não esclareceu se o material apreendido foi encontrado com ele. A Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG) abriu inquérito para investigar o caso. A distrital também informou que testemunhas ainda serão ouvidas.

    Em nota, a Polícia Civil informou que "a investigação continua na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG). Os agentes realizam diligências para identificar a origem do disparo que atingiu a vítima e esclarecer os fatos."

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